*Mhario Lincoln, editor-sênior da Plataforma Nacional do Facetubes.
Não me surpreendi com as observações do músico maranhense Chiquinho França, meu parceiro musical, no vídeo "Chiquinho França contra o egoísmo". Nele, o músico maranhense apresenta uma visão crítica à ideia amplamente difundida de que é necessário, antes de tudo, amar (somente) a si mesmo.
Em sua fala, ele revela não concordar com esse conceito de amor-próprio em primeiro plano, classificando-o como uma postura egoísta. Para ele, o foco deve estar no amor ao próximo e na prática cotidiana do cuidado com os outros. "Amar é verbo. Eu amo, tu amas, ele ama", afirma Chiquinho, enfatizando que o amor se expressa por meio de ações, e não de um fechamento individualista.
Segundo sua perspectiva, quanto mais se faz pelos outros, mais se constrói uma rede de amizade, confiança e apoio mútuo. É nesse caminho, segundo ele, que se pode alcançar a paz universal entre os seres humanos.
Essa reflexão ressoa com pensamentos de grandes figuras da filosofia e espiritualidade, como Martin Buber, que defendia que o ser humano se realiza na relação com o outro, e não na introspecção isolada. Também se aproxima da ética do cuidado de Carol Gilligan, que valoriza as conexões humanas e a empatia como fundamentos da moral.
Em seu testemunho, Chiquinho sugere que o altruísmo gera reciprocidade: ao agir com generosidade, cria-se naturalmente um "exército de amigos", pessoas dispostas a retribuir o bem recebido. É uma crítica direta a uma sociedade cada vez mais orientada por discursos individualistas, mesmo nas esferas do autoconhecimento e da psicologia.
Este olhar alternativo sobre o amor e a convivência social ressalta a importância de vozes como a de Chiquinho França para reequilibrar o debate sobre valores humanos em tempos de hiperindividualismo. A fala do músico nos convida a refletir sobre nossas prioridades afetivas e sociais, promovendo uma ética baseada na solidariedade e no compromisso com o outro.
ABAIXO, O VÍDEO: