Sharlene Serra*
A Academia Maranhense de Letras Infantojuvenil é um espaço onde as palavras das crianças viram sementes no hoje, para um futuro mais crítico, criativo e humano.
O futuro se faz no regar as sementes, no hoje!
Em um mundo onde as telas disputam cada minuto da atenção das novas gerações, a Academia Maranhense de Letras Infantojuvenil (AMLIJ) surge como um farol, lembrando-nos que as palavras ainda são o mais poderoso instrumento de transformação. Aqui, não se cultiva apenas literatura cultiva-se humanidade.
A AMLIJ Academia Maranhense de Letras Infantojuvenil é um espaço onde crianças e jovens descobrem que suas vozes importam, que suas palavras são ouvidas, lidas, sentidas. E que através de direcionamentos, motivações, com seus tutores em saraus literários e concursos de poesia, a Academia faz brotar histórias que antes, estavam adormecidas no imaginário infantil. Cada texto produzido é uma semente plantada de autoestima, de pensamento crítico, de sonhos.
Mas de que adianta sementes se não houver quem as regue? A AMLIJ preocupada por isso, mobiliza todos, tutores-escritores, educadores, contadores de histórias , pais, a sociedade em geral para serem esses jardineiros da palavra. Não é o ensinar a escrever, mas é a pausa do ouvir, o orientar para observar, questionar, sentir, perceber a palavra brotando, além de conversar com o cotidiano, e deixar a poesia e as histórias pousarem feito borboletras. Uma criança que aprende a narrar suas próprias experiências, torna-se um adulto que não aceita silenciamentos, o que expressamos nos transforma. E o que escrevemos se eterniza.
A AMLIJ não forma apenas pequenos escritores, forma sujeitos de sua própria história. E esse é o maior legado que a literatura pode deixar. É um ventre cultural gestando os leitores e escritores que farão o Maranhão ser um estado fértil de muitas letras e infinitas possibilidades, lembrando que a AMLIJ, não se promove apenas literatura, mas também ela tem um papel transformador, trabalhando em três pilares fundamentais:
1. Autoestima – Ao incentivar a leitura e a escrita, a AMLIJ ajuda crianças e jovens a desenvolverem confiança em suas capacidades. A literatura permite que eles se expressem, reconheçam suas vozes e se sintam valorizados.
2. Pertencimento – O pertencimento é essencial para o desenvolvimento saudável. Jovens que se sentem vistos, ouvidos e conectados têm maior autoconfiança, engajamento social e resiliência emocional. A AMLIJ, ao unir literatura e mediação humana, não só forma leitores, mas constrói cidadãos que sabem seu valor na sociedade.
3. Cidadania – A AMLIJ estimula a reflexão crítica sobre o mundo, incentivando o debate sobre direitos e responsabilidade social. Dessa forma, forma cidadãos mais conscientes e participativos.
Ou seja, a AMLIJ não só difunde a literatura, mas também transforma vidas, contribuindo para o desenvolvimento emocional, social e crítico dos jovens.
Temos inicialmente 28 membros entre 9 a 16 anos, que descobriram na escrita, a sua forma de expressão. E que tão logo terão seus nomes em antologias.
A AMLIJ não é apenas uma academia de Letras, é um movimento literário, para que possamos manter a palavra de forma contínua. Sabemos que ainda há muito a se fazer, que existem desafios, mas a AMLIJ persiste, mostrando que essa realidade é possível, com projetos, ações, saraus, antologias ou parcerias que evidenciam nossos membros, mostrando o seu amor a literatura.
E assim, na observação cálida da Academia Maranhense de Letras Infantojuvenil, um milagre cotidiano se repete: cadernos se transformam, onde brotam histórias e poesias escritas por mãos tão pequenas, mas de imaginários vastos que fazem cócegas aos papéis emocionados pelo escrito.
Dia 15 de abril de 2025 no evento:
Sementes de versos, onde apresentaremos ações da AMLIJ e cultivaremos a arte da palavra, celebraremos a beleza das letras que brotam da tradição popular que nos convida a semear ideias, para germinar através da poesia e do cordel.
Dia especial para a nova membra da academia Hemily Caroliny da Silva Nunes.
Melodia do Santuário.
Em um mar de palavras, onde a alma se perde,
Encontro-me em um santuário de sonhos e conhecimento.
Minha mente, um pintor de emoções profundas,
Descreve um mundo vibrante, com cores de amor e paixão.
A sabedoria flui, como lágrimas de alegria,
Em um templo de ideias, onde o coração se renova.
Nesse universo de sonhos e verdades escondidas,
A palavra é a chave, que abre as portas da alma.
Para expressar a complexidade da realidade humana,
E revelar a beleza, que se esconde nos olhos da alma.
Com cada palavra, um pedaço de mim se revela,
E no silêncio, encontro a verdade, que me faz viver.
(Hemily Caroliny-13 anos)
Em um mundo que muitas vezes apressa o crescimento das crianças, mas ignora sua profundidade, a Academia Maranhense de Letras Infantojuvenil (AMLIJ) surge como um chamado que diz: precisamos parar para observar esses talentos. Não basta ensinar a ler e escrever, é preciso ver o que essas mentes jovens estão criando, ouvir o que dizem e, acima de tudo, acreditar no poder transformador de suas palavras.
E vem a pergunta por que observar esses Talentos?
1. As Crianças e Jovens pensam, sentem e criam
- Muitos subestimam a capacidade crítica e imaginativa das novas gerações, como se a infância e a adolescência fossem apenas fases de preparação para a vida adulta. Mas os textos escritos pelos membros da AMLIJ provam o contrário: eles já são autores de suas próprias histórias.
- Quando uma criança escreve um poema ou um conto, ela não está apenas brincando com palavras, ela está interpretando o mundo, questionando, sonhando e, muitas vezes, curando feridas que os adultos nem percebem.
2. O Perigo da Invisibilidade
- Quantos talentos se perdem porque ninguém os enxergou? Quantas vozes são silenciadas antes mesmo de aprenderem a ecoar?
- A AMLIJ existe para evitar isso. Observar esses talentos é dar-lhes existência, é dizer: "Sua escrita tem valor, sua voz pode mudar algo."
3. A Literatura Como Espelho e Janela
- Quando um jovem escreve, ele se vê refletido em suas próprias palavras (autoestima) e, ao mesmo tempo, abre uma janela para que outros o compreendam (pertencimento) já mencionado.
Se não observarmos esses textos, perdemos a chance de entender como essa geração enxerga a sociedade, seus medos, anseios e sua esperança.
Nossa proposta:
- Saraus e Publicações: Ao levar crianças e jovens a palcos e antologias, a academia diz: *"Você merece ser lido."*
- Mediação Afetiva: Tutores não são revisores de textos, eles escutam, incentivam a autenticidade e mostram que a escrita é um diálogo.
Eventos Como "Sementes de Versos" entre outros, são momentos em que todos podem parar e prestar atenção no talento das novas gerações.
(Observar esses talentos não é só papel da AMLIJ, é responsabilidade de todos: olhe a criança a sua volta)
- Pais e Educadores: Valorizem os cadernos, os rabiscos, as histórias que as crianças trazem.
- Governo e Instituições: Apoiem projetos que levem a literatura para além dos muros das escolas.
- Escritores: Busquem incentivar autores jovens, compareçam a saraus, percebam a força dessas novas vozes. Você já foi criança (foi incentivado??)
A Academia Maranhense de Letras Infantojuvenil - AMLIJ, está provando que o Maranhão (Brasil e o mundo) precisa dessas sementes literárias, não no futuro, mas precisamos regá-las no hoje.
Finalizo dizendo:
Vamos olhar com mais atenção. Lembrando que toda grande árvore começa com alguém que um dia se inclinou para cuidar de uma pequena semente, e o semear precisa ser no presente. E digo, este presente está sendo eescrito também com letras de meninos e meninas, em cadernos com aroma de esperança.
Sharlene Serra- Escritora e presidente da Academia Maranhense de Letras Infanto Juvenil.