*Editoria de Arte e Literatura da Plataforma Nacionalo do Facetubes
Seja nos versos de Patativa, na prosa de Suassuna ou no boneco recheado de pólvora, o recado é um só: todo ano o Nordeste bota fogo no traidor — real ou simbólico — e renova, entre riso e labareda, a certeza de que justiça também pode ser festa.
A tradição da "Malhação de Judas", chegou nos navios portugueses, mas criou raiz no Nordeste, virou festa de rua, protesto político. A festa não seria completa se não existissem livros sobre o assunto. A editoria do Facetubes escolheu 1alguns dos principais livros sobre essa tradição brasileira e mostra quais os ecolhidos, entre uma infinidade deles:
O Judas em Sábado de Aleluia (1844), Martins Pena — O Judas em sábado de aleluia, de Martins Pena, é uma comédia de costumes, escrita no final do século 19, contendo apenas um ato e doze cenas. Martins Pena é um dos maiores dramaturgos brasileiros, criador do Teatro Nacional. Na peça, ele zomba dos costumes sociais de um Rio de Janeiro de 1844, com ingredientes clássicos, como a pequena burguesia, funcionalismo público, militares e a juventude casamenteira.
Antologia do Folclore Brasileiro, Luís da Câmara Cascudo — Esta antologia, em dois volumes, se parece com os primeiros passos dentro da floresta das lendas, mitos, superstições, cantigas brasileiras. No volume 1 estão reunidos conceitos e tendências ainda presentes no cotidiano do brasileiro, como as apresentações da Festa do Divino.
Auto da Compadecida, Ariano Suassuna — na Paraíba de Chicó e João Grilo, o julgamento das almas ecoa a malhação popular.
O Evangelho Segundo Jesus Cristo, José Saramago — É a obra mais polémica de José Saramago e aquela que, indirectamente, o levou a sair de Portugal e a refugiar-se na ilha espanhola de Lanzarote. Ficou para a história o desentendimento com o então subsecretário de estado da Cultura Sousa Lara, que considerou o livro ofensivo para a tradição católica portuguesa e o retirou da lista do Prémio Europeu de Literatura. Com um José destroçado por ter fugido e deixado as crianças de Belém nas mãos dos assassinos de Herodes; com uma Maria dobrada e descrita, logo no início do livro, em pleno acto de conhecer homem; com um Jesus temeroso, um Judas generoso, uma Madalena voluptuosa, um Deus vingativo e um Diabo simpático, não era de esperar outra reacção das almas mais sensíveis e mais devotas do catolicismo português. E verdadeiramente viperinas são as várias páginas onde o escritor português se entretém a descrever minuciosamente os nomes e a forma como morreram os mártires dos primeiros séculos do cristianismo. Assim se escreveram os heréticos Evangelhos segundo Saramago, para irritação de muitos e prazer de alguns. Como convém.
A Última Tentação de Cristo, Nikos Kazantzakis — faz de Judas um amigo que carrega nos ombros a missão de entregar o Messias.
Jornal de Poesia. Vale, aqui, um adendo: aclamada como uma obra-prima pelos críticos em todo o mundo, "A última tentação de Cristo" é uma reinterpretação monumental dos evangelhos que brilhantemente desenvolve a Paixão de Cristo. Esta tradução literária da vida de Jesus Cristo suscitou controvérsia desde a sua publicação, representando um Cristo muito mais humano do que o visto na Bíblia. Ele é uma figura que é gloriosamente divina, mas terrena e humana, um homem como qualquer outro — sujeito ao medo, dúvida e dor. Na prosa elegante e pensativa, Níkos Kazantzákis, um dos grandes nomes da literatura moderna, segue este Jesus enquanto ele luta para viver a vontade de Deus para ele, sugerindo poderosamente que foi o triunfo final de Cristo sobre a sua humanidade defeituosa, quando desistiu da tentação de fugir da cruz e voluntariamente entregou sua vida pela humanidade, que verdadeiramente fez dele o venerável redentor dos homens.
Jesus, the Son of Man, Kahlil Gibran — A estrutura da obra é de fato clara e simples: setenta e oito pessoas que conheceram Jesus – algumas reais, outras imaginárias; algumas simpáticas, outras hostis – falam sobre ele a partir de sua própria perspectiva pessoal. Foi o livro mais ricamente produzido de Gibran, com algumas das ilustrações em cores. As resenhas foram forte e uniformemente favoráveis, e o livro continua sendo a obra mais popular, depois de O Profeta.
O Evangelho de Judas (manuscrito gnóstico, publicado em 2006) — É um evangelho apócrifo, atribuído a autores gnósticos nos meados do século II, composto de 26 páginas de papiro escrito em copta dialectal. Conta a versão de Judas Iscariotes sobre a crucificação de Jesus. Pelo livro, Judas supostamente traiu Jesus apenas para cumprir um mandamento do próprio Salvador. Desaparecido por quase 1700 anos, a única cópia conhecida do documento foi publicada em 6 de abril de 2006 pela revista National Geographic. O manuscrito, autentificado como datando do século III ou IV (220 a 340 D.C.), é uma cópia de uma versão mais antiga redigida em grego. Contrariamente à versão dos quatro Evangelhos oficiais, este texto clama que Judas Iscariotes era o discípulo mais fiel a Jesus, e aquele que mais compreendia os seus ensinamentos. O seu conteúdo consiste basicamente em ensinamentos de Jesus para Judas, apresentando informações sobre uma estrutura hierárquica de seres angelicais e uma outra versão para a criação do universo.
Então, boa leitura!
Vídeo-Bônus
Trailer de "A Última Tentação de Cristo"
Para assistir tem que clicar no link direto do youtube: -> http://youtube.com/watch?v=WUDWpxn0u24