Renata Barcellos, convidada APB.
O título concedido pela UNESCO ao Rio de Janeiro como a Capital Mundial do Livro, em 2025, foi devido ao reconhecimento da cidade (não do ESTADO e ou do PAÍS) por suas ações de promoção do livro e da leitura. É a primeira de Língua Portuguesa a receber esta condecoração. Isso ocorre a partir de 23 de abril, data comemorativa do Dia Mundial do Livro.
Como professora carioca de Língua Portuguesa e de Literaturas e membro de diversos sodalícios (ABLAP, AHBLA, AJEB RJ, ALACAF, ALSPA, APALA, AMT, AOL, SCLMA, AMT, Pen Clube do Brasil..., membro correspondente do Instituto Geográfico de Maranhão, da AML e da AVL, membro fundadora da AOL… Apresentadora do programa Pauta Nossa, da Mundial News RJ. Fundadora do BarcellArtes. Colunista do site Facetubes, da revista Voo livre, Catarsis e LiterArte SP e do Jornal Terra da Gente), sinto-me radiante. São diversas instituições voltadas para as literaturas.
Entretanto, com a pandemia, muitos membros faleceram, academias não retornaram, membros não comparecem mais. Urge a presença e participação efetiva de todos! São espaços de reflexão do fazer poético. Não se pode deixar morrer o hábito de leitura. As literaturas não só nos fazem viajar como também refletir sobre as diversas questões pessoais, sociais…. Que isso seja um sopro de renovação nas instituições culturais! Afinal, conforme Antonio Candido, a leitura é uma ferramenta de transformação social, pois estimula a reflexão e o debate sobre a realidade.
Quanto à área educacional, cada vez mais, é preciso estimular a leitura. Em tempos de redes sociais, de internetês, são péssimos os resultados dos alunos da Educação Básica referente à compreensão e à interpretação de textos de gêneros diversos. Segundo pesquisas, no Brasil, o índice de leitura e interpretação de texto é baixo. O país fica abaixo da média de países desenvolvidos. De 2019 a 2024, o percentual de leitores caiu 5% entre as mulheres e 6% entre os homens. Mais da metade dos brasileiros não lê livros. Nosso país tem o menor índice de estudantes que leem mais de 100 páginas entre os países da América do Sul.
No Pisa, metade dos estudantes brasileiros não atinge o nível básico de leitura. Que esta iniciativa se reverbere não só pelas outras cidades como também pelos estados desta pátria. Urge o título de país de leitores!
Por esta extensão territorial, há inúmeros escritores, poetas nas mais diversas vertentes literárias. Cabe (re) conhecermos nossos literatos. Propormos saraus nas escolas, em bibliotecas, asilos, orfanatos… As associações e academias de escritores precisam ir a esses espaços e abrirem as portas para o seu entorno. Muitas vezes, as pessoas do local nunca entraram por não se sentirem pertencentes. O escritor e ou poeta é um de nós. Seu diferencial é ser alguém que sabe lidar com as palavras. E sobre este brincar com as linguagens, vale lembrar que Paulo Leminski (1944-1989) é o autor homenageado da 23ª edição da Flip – Festa Literária Internacional de Paraty. E, anotem na agenda, este ano, o evento volta a ser realizado no seu período habitual, entre 30 de julho a 3 de agosto. Vamos prestigiar!!!
Pelo Brasil, existem belas iniciativas de incentivo à leitura. São trabalhos sociais realizados gratuitamente. Alguns exemplos a seguir: Santa Leitura cuja idealizadora é Estella Cruzmel. Segundo ela, o Santa Leitura é “um projeto de inclusão social através do livro, voluntário sem fins lucrativos, e independente, custeado pela idealizadora, e sua filha Lília A. Cruz. Criado em junho de 2010, à rua Conde de Monte Cristo, no bairro Ipiranga, BH. São vários os motivos para a criação desse projeto. Com toda certeza foi um chamado para ser uma missionária da leitura, à Estella Cruzmel, cresceu em uma fazenda longe de livros onde nem vizinhos tinha para troca de conhecimentos.
Outro motivo que levou a criação do Santa Leitura, foi a ausência da filha quando saiu de casa para o intercâmbio, deixando um vazio a ser preenchido. Estella também foi incentivada por uma pessoa que ela chama de anjo, que mostrou a ela que o caminho da liberdade é do conhecimento está nos livros. O projeto Santa Leitura tem a missão de promover o acesso a leitura a arte, e a educação, principalmente nas comunidades carentes, o objetivo é despertar na criança e no adolescente o hábito e o prazer de ler de uma maneira lúdica, levando, entretenimento com contadores de histórias, poetas, escritores, e um grande e variado acervo de livros de literatura infantis, em inglês e Português, para crianças e adolescentes. Em 10 de junho de 2025, o projeto Santa Leitura estará completando 15 anos”.
O Projeto Rodas de Leitura Manauara é coordenado pela professora, contadora de histórias e escritora Lucila Bonina Simões, professora-formadora da Semed-Manaus, mestre em Letras e Artes pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) - IG: @rodasmanauaras.
Para a professora Lucila Bonina Simões, é um “projeto cultural que tem por objetivo estimular e formar leitores, por meio da leitura coletiva mediada e dialogada. As ações do Projeto se concentram na formação de mediadores de leitura e na realização de rodas de leitura em diferentes espaços públicos na cidade de Manaus: parques, praças, bibliotecas públicas e comunidades ribeirinhas, entre outros.
Em 2023 o projeto foi contemplado com o Edital Manaus Faz Cultura do Conselho Municipal de Cultura e realizou suas ações com o apoio da UFAM, por meio do Museu Amazônico. Acreditamos que formar leitores passa, indispensavelmente, pela formação de agentes da leitura, como os Mediadores de Leitura: pessoas capazes de formar grupos, compartilhar uma experiência de leitura com outras pessoas, formar outros leitores enquanto se forma. Hoje o Projeto conta com 18 mediadores formados que atuam voluntariamente numa ação continuada, em parceria com a Biblioteca Pública do Estado, chamada Estação Biblioteca, e na formação de um Grupo de Estudos Colaborativo sobre leitura e mediação aberto à comunidade”.
E Coletivo de Escritores Maranhenses (CEM) cuja presidente é Ray Brandão (escritora, poeta, professora de Língua Portuguesa, servidora pública de São Luís, graduada em Letras pelo UNICEUMA e pós-graduada em Língua Portuguesa e Literatura, pela FAMA. É coautora em várias antologias da editora Antologias Brasil). De acordo com Ray Brandão, o CEM “nasceu de um incômodo compartilhado. Em um cenário cultural onde a literatura parecia sempre à margem, um grupo de escritores se reuniu para mudar essa realidade.
Não era falta de talento, tampouco de vontade. O que faltava eram espaços para ler, para ouvir, para compartilhar. Aconteciam eventos de arte, mas raramente os escritores eram convidados a fazer parte, sempre ficavam fora das programações culturais mais prestigiadas. Então, esse pequeno grupo de escritores e poetas, sem patrocínios, sem estrutura formal, mas com uma paixão comum, começou a se organizar. Os primeiros encontros aconteceram em praças, sob a sombra das árvores e ao som do cotidiano urbano. Tomaram os coretos, transformaram cafés em pequenos palcos improvisados, levaram suas palavras para bibliotecas comunitárias, shoppings e qualquer lugar disposto a acolhê-los. Não havia palco fixo, mas havia vontade e criatividade que foi contagiando outros.
E assim o CEM cresceu, valorizando e reconhecendo seus confrades e confreiras. Desenvolveu também projetos culturais e educativos necessários à comunidade. É o caso do Brincaletrando, um projeto que dá visibilidade aos escritores e escritoras de livros infantis. Sempre no mês de outubro, o projeto é levado às escolas públicas levando leituras dos livros, contação de histórias, dinâmicas e brincadeiras voltadas para o tema, doação de obras para as bibliotecas escolares e interação dos escritores com as crianças. É um projeto que valoriza tanto a literatura quanto a educação”. Que surjam muitos outros projetos como esses!!!