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O Sábado Poético de todos nós

A arte poética

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Francisco Baia e Joema Carvalho
03/05/2025 às 09h23 Atualizada em 03/05/2025 às 10h22
O Sábado Poético de todos nós
Francisco Baia

REFLEXÃO

Francisco Baia 

 

Debrucei-me sobre o parapeito das minhas ansiedades, que confusas
se entrelaçavam com meus pensamentos perdidos em tua saudade, foi preciso sair do teu alcance pra sentir tua ausência, as
vezes, estar próximo não significa estar presente.

Profetizei minha peregrinação de poeta
andarilho, sabia da minha estrada, do meu caminhar sozinho, como todo pródigo filho, mas, eu tinha que ir pra saber se coragem terias
de acompanhar um menestrel das noites frias, porém, percebi num curto espaço de tempo, que não
terias tempo pra me seguir, era então a chegada da hora  tão sonhada separação, por ti.

O silêncio tomou conta dos bastidores da minha mente, eu era unicamente o dono
da minha decepção, pois não quis ouvir a voz da razão, preferi voar nas asas do meu apaixonado coração, o poeta é um ser que respira paixão,saudade,
dor, amores, fazem  parte da sua solidão.

O entardecer da minh‘alma acalma a angústia da vontade de te querer,
e me faz poesia, renascendo assim
todos os sonhos de prosseguir sem
sofrer.
- É sempre tempo de refletir!

Francisco Baia

 

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Joema Carvalho. Foto Ian Boçon.

 

 

 

 

PERUAÇU

Joema Carvalho

 

A montanha de rochas pré-históricas seguia em paralelo pela rodovia. Dinossauros ocupavam o nosso entorno. Eram indiferentes a nossa presença. O tempo caminhava através do balanço da calda daqueles gigantes e nos empurra para frente.

Paramos. Descemos do carro e percorremos pela trilha. Estávamos tocando aquelas rochas. A Montanha se mantinha em paralelo. Ainda éramos insignificantes aos dinossauros que estavam todos pertos de nós. Filhotes de coral pela trilha, brindavam o momento como algo inesperado. Um contraste laranja, no meio do solo e das rochas escuros e o verde da vegetação densa. Recém-nascidos, já vinham com autonomia para continuar sua história sem a proteção materna, ao contrário de nós.

As frutas dali nos brindavam junto da paisagem antiga. Um sabor deslumbrante de ter mais uma oportunidade a mais de vida. A trilha exigia concentração. Longa, estreita, nos levou primeiro para o cânion daquela mesma montanha. Onde dinos sauros alados faziam rasantes, como os condores nos andes. O formato pontiagudo daquelas rochas, tinham algo de gótico. O sagrado não precisava de templo. Estava ali, em puro Gênese. Aquele vazio preenchia meus poros de abundância.

A trilha exigia o nosso centro. Se fossemos para o passado ou futuro, o risco marcaria a história, deixando para trás a oportunidade. Peçonhentos, ferroadas, muitas lascas de rochas soltas e desnível entre uma rocha e outra. O medo poderia ser perdido ali, uma grande oportunidade.

O tempo presente e a sua relatividade e incerteza tinha que ser mantido. O tempo presente se alinha com o centro do corpo e linka com a intuição. Ingredientes para se caminhar na harmonia junto ao desconhecido.

O tempo varia com o momento. As vezes passa rápido ou demora e cada qual sabe do seu tempo. Quando mais se faz, mais eles nos propicia o seu recurso.

Dentro daquelas rochas, a marcação do tempo se fazia quando as mudanças climáticas faziam parte. Hoje, elas questionam o conceito de posse a matéria. A perda do controle daquilo que julgávamos certo. Eras secas marcadas em camadas mais 24 escuras, seguidas por camadas de tons mais claros, época chuvosa, períodos quentes, eras glaciais. Quanto maior a concentração de carbono, menor a biodiversidade, assim se fez no início da formação da crosta e assim, tende o nosso retorno, trilobita. No meio de lixo, nossa carcaça sedimentada por compressão e pressão de nossa essência.

As águas verdes cristalinas que vinham de dentro daquelas cavernas refletiam nossa sombra e dali, entre rochas testemunhas, não tínhamos como escapar de nossas ações. Tudo retornava em igual proporção. No emaranhado do plantio e colheita certa.

Voltamos ainda mais no tempo. Dentro de uma das cavernas, minha proporção era 100 vezes inferior. Na outra, mais desgastada pela ação do tempo, 200 vezes. Me senti tão pequena foi tão impressionante aquela imensidão. O tempo dizia onde estávamos. O vento conduzia nosso caminho. De passagem chegamos e retornamos. No buraco negro da história, pós galácticos buscando poesia.

*****

(Texto do meu livro Crônicas de Uma Jornada Florestal,  editado pela Caravana Grupo Editorial em 2024).

Contato:

https://www.instagram.com/joemacarvalho_literatura

https://www.facebook.com/joema.literatura

 

Livro da autora 

Luas & Hormônios

https://www.amazon.com.br/Luas-Horm%C3%B4nios-Joema-Carvalho-ebook/dp/B08P1Z987P

 

Crônicas de Uma Jornada Florestal (em português e em espanhol)

https://caravanagrupoeditorial.com.br/produto/cronicas-de-uma-jornada-florestal/

https://caravanagrupoeditorial.com.br/produto/cronicas-de-una-jornada-florestal/

 

 

 

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Magali SilveiraHá 1 semana São LuisParabéns poetas.
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