5 de maio é Dia Internacional da Língua Portuguesa. Foi criada em Cabo Verde no ano 2009. Todos os países (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Portugal, Moçambique, São Tomé e Príncipe, e Timor-Leste) cuja língua materna é o Português (os chamados lusófonos) celebram esta data. Em 1996, foi criada a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) composta por estes nove Estados-Membros Trata-se de uma organização internacional que reúne países lusófonos com o objetivo de promover o aprofundamento da amizade mútua e a cooperação entre seus membros. Já, no Brasil, o Dia Nacional da Língua Portuguesa é comemorado em 5 de novembro. A data foi instituída pela Lei n.º 11.310, de 12 de junho de 2006. Foi escolhida em virtude do nascimento de Rui Barbosa, escritor e político brasileiro que se dedicou profundamente ao estudo da língua. Ele nasceu em 5 de novembro de 1849.
Em Portugal, os portugueses reservam 10 de junho, Dia de Portugal e feriado nacional, para celebrar a Língua Portuguesa. Foi neste dia que faleceu Luís de Camões, em 1580. Viva Camões!!!
No Brasil, há uma discussão se falamos Brasileiro ou Língua Portuguesa variante Português Brasileiro. De acordo com o linguista português Fernando Venâncio, autor do livro 'Assim Nasceu uma Língua': “não há maneira de retroceder, não há maneira de travar esse processo de afastamento entre o português e o brasileiro”. Enquanto linguista, defendemos que, na nossa pátria, há esta variante (devido à influência das culturas e dos costumes africanos, indígenas e europeus), pois, apesar das diferenças em vocabulário, pronúncia, gramática e até em algumas expressões, conseguimos nos comunicar com os falantes dos outros países. Concluiremos este nosso posicionamento com um fragmento de um artigo do linguista e professor universitário brasileiro Aldo Bizzocchi (disponível em Diário de uma Linguista): “reconhece que a afirmação de que no Brasil se fala ou se falará em breve um idioma distinto do português, uma nova língua românica, talvez uma língua crioula descendente do português, é tão absurda quanto afirmar que português e espanhol são a mesma língua. Um último ponto: toda a argumentação de Bagno, Venâncio e dos comentaristas do meu vídeo se dão na mesma língua em que estou escrevendo agora. E que, salvo melhor juízo, é o português.'” (disponível em https://diariodeumlinguista.wordpress.com/).
No que se refere às influências, podemos destacar algumas palavras oriundas do BANTU e do Iorubá:
• Samba: dança e ritmo musical de origem africana, derivado de "semba" na língua quimbundo (Angola).
• Candomblé: religião afro-brasileira, que tem suas raízes nas tradições religiosas dos povos de origem banto e iorubá.
• Fubá: farinha de milho, muito utilizada na culinária brasileira. Vem do quimbundo "fuba".
• Cafuné: ação de acariciar a cabeça de alguém, geralmente com os dedos. Também vem do quimbundo, onde "cafuné" significa "coçar a cabeça de alguém".
Apesar de serem variantes da mesma língua, o Português Brasileiro e o Português de Portugal têm diferenças significativas. Por exemplo:
- Vocabulário: algumas palavras que são comuns em Portugal podem não ser usadas no Brasil (e vice-versa). Por exemplo, "telemóvel" (telefone celular) em Portugal é "celular" no Brasil.
- Pronúncia: a forma como algumas palavras são pronunciadas pode ser diferente entre os dois países. Por exemplo, a pronúncia do "r" e do "s" pode variar.
- Gramática: algumas estruturas gramaticais também podem ser diferentes, como a colocação dos pronomes em algumas frases.
Hoje, quanto ao ensino de Língua Portuguesa, o maior desafio é o desenvolvimento da habilidade de escrita, uma vez que seguimos a gramática dos lusitanos. Por exemplo, no que diz respeito a colocação pronominal. No Brasil, se começa frase com pronome oblíquo. Há alguns modismos como: “por conta de” no lugar de ‘por causa de” e a conjunção conclusiva entre sujeito e predicado (ex. Observou-se, portanto, que..... no lugar de “portanto, observou-se que..”), dentre outros. E vale destacar também o acordo ortográfico, muitos não o dominam. É preciso propor atividades de escrita aos alunos.
Cabe ao professor da Educação Básica de Língua Portuguesa elaborar atividades contemplando os diversos modos e gêneros textuais. É preciso capacitar os alunos com textos multimodais. Explorar os diversos recursos expressivos (como figuras de linguagem e intertextualidade) para o seu enriquecimento. Professor, leia textos diversos e destaque-os com os alunos. Mostre como podemos fazer o diferencial. Para isso, sempre, a leitura deve estar presente no nosso quotidiano.
Em tempos de celular, redes sociais e IA, na contemporaneidade, é um desafio enorme ser professor de Língua Portuguesa. Até devido às diferenças pontuadas (cada vez mais com o advento do internetês...) anteriormente. Dica é utilizar textos nas diversas normas para exemplificar situações comunicativas e sua adequação. Afinal, segundo Evanildo Bechara: "O falante deve ser poliglota em sua própria língua". Esta frase destaca a importância de dominar a língua nativa em diferentes níveis (desde a norma culta até o uso coloquial) e de saber adaptar a linguagem à situação.
Quanto à leitura, fica a dica para lerem e comentarem meus textos sobre o Rio Capital Mundial do Livro (disponível em https://www.facetubes.com.br/noticia/6438/o-rio-continua-li-e-ndo-lend-t-o-epa-a-qual-rio-estao-se-referindo). E também a de assistir a um debate sobre esta temática no canal BarcellArtes (disponível em https://www.youtube.com/live/yTnFL93iyT8?feature=shared). Para finalizarmos, parafraseando Fernando Pessoa: “Ler para escrever é preciso!”. E teóricos da área do ensino de Língua Portuguesa: “O ensino de Língua Portuguesa não se resume a regras gramaticais, mas à capacidade de ler, escrever e se comunicar de forma eficaz, crítica e criativa, em diferentes contextos sociais".