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Paulo Rodrigues entrevista a professora Deys Santana, formadora de professores em Alto Alegre do Pindaré

Entrevista exclusiva para a Plataforma do Facetubes (www.facetubes.com.br)

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Paulo Rodrigues
10/05/2025 às 11h32
Paulo Rodrigues entrevista a professora Deys Santana, formadora de professores em Alto Alegre do Pindaré
Professores Deys Santana e Paulo Rodrigues


Prof. Paulo Rodrigues, da Academia Poética Brasileira.
 

Professora formada em Letras pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA, e Pedagogia pela Universidade Estadual do Maranhão - UEMA. Especialista em Psicologia da Educação pela UEMA e Especialista em Gestão da Educação pela Faculdade de Tecnologias de Alagoas -UMJ. Mestranda em Gestão da Educação pelo Instituto Europeu de Fafe – Portugal. Atua como técnica pedagógica na Coordenação de Educação Infantil – SEMED Alto Alegre do Pindaré- MA.

 

1 Paulo Rodrigues – Professora Deys Santana, tem muita experiência interessante acontecendo na educação infantil em Alto Alegre do Pindaré. Você poderia falar um pouco para os leitores?
Deys Santana – Sim, Alto Alegre do Pindaré tem se destacado por iniciativas inovadoras se transformadoras na educação infantil, bem como em toda educação básica, tornando-se uma referência estadual em qualidade e inclusão. Recentemente, várias infraestruturas das escolas de educação infantil foram inovadas para atender com qualidade as crianças da sede do município.
As experiências exitosas na Educação Infantil abrangem todas as creches e as pré-escolas do município, dentre elas, promovemos formações continuadas aos professore, oficinas, ações de inclusão em parceria com as demais Secretarias, e acompanhamento pedagógico do trabalho docente com visitas técnicas semanais, encontros de estudos e elaboração de planejamento por meio das sequências didáticas quinzenais, além da realização de diversas ações, como o projeto institucional de leitura literária na educação infantil e o projeto de leitura em rede “Pequenos leitores em ação: interagindo e brincando com os livros”. Com propostas de interações e brincadeiras que dão experiências, vivências de protagonismo aos pequenos e que mudam o foco do trabalho docente no sentido do professor  ser um mediador que  valoriza a cultura da infância das nossas crianças, pois entendemos que elas são sujeitos de direitos, fazedores de cultura, e devem ser ouvidas, acolhidas e respeitadas por isso todas as brincadeiras  realizadas na educação infantil são permeadas de intencionalidade pedagógica e contextualização para que faça sentido cada experiência vivida nessa etapa da vida escolar por todas as crianças do referido município.

2 Paulo Rodrigues – Como é trabalhar com a formação de leitores na educação infantil?
Deys Santana – É um processo muito rico, sensível e fundamental para o desenvolvimento integral das nossas crianças, sempre lembrando que nessa etapa o foco não está em “ensinar a ler” no sentido técnico da decodificação das letras, ou em processos de “mecanização” da alfabetização, mas sim em despertar o prazer pela leitura e construir uma relação afetiva, lúdica, encantadora com os livros e com as diversas linguagens.
O nosso trabalho com a formação dos nossos pequenos leitores está baseado na leitura como experiência afetiva, apresentação desde cedo da diversidade de gêneros textuais literários, com um ambiente da sala de referência da educação infantil rico em textos acessíveis, cantinhos de leitura, livros feitos pelas próprias crianças, histórias ilustradas, contos e recontos naturalizando assim a presença da linguagem escrita no cotidiano da criança, e também trabalhamos com práticas rotineiras de leitura feitas pelos professores, pelos pais, promovendo a valorização da escuta e da oralidade da criança, que antecede e sustenta a alfabetização nas etapas futuras. Acredito, Paulo, que a formação de leitores na infância é acima de tudo, um ato de esperança, dando a oportunidade, a chance de se tornarem sujeitos críticos, sensíveis e autônomos. Esse é o propósito de se trabalhar leitura na educação infantil.

 
3 Paulo Rodrigues – As professoras de Alto Alegre do Pindaré têm muito compromisso com a alfabetização das crianças. Qual é a real importância das professoras alfabetizadoras?
Deys Santana – Sem dúvidas, as professoras alfabetizadoras tem uma relevância muito grande nas etapas de educação fundamental, principalmente a partir dos 6 anos de idade, onde as crianças estarão adentrando no 1 ano, e a educação infantil tem papel essencial na construção de bases desse processo.
Agora para nós da educação infantil, a alfabetização de crianças nessa etapa, principalmente de 4 e 5 anos é um tema que exige muito cuidado e compreensão do desenvolvimento infantil, pois nosso foco não é ensinar ler e escrever no sentido formal, convencionalmente, mas sim criar experiências significativas com a linguagem oral e escrita, que preparem o terreno para a alfabetização futura, isso inclui por exemplo o desenvolvimento da consciência fonológica, abusando do uso de rimas, músicas, cantigas, brincadeiras e interações que ajudem nesse aspecto, exploração de textos reais, a escrita espontânea como rabiscos, escrever do seu jeito, ampliar o vocabulário e a oralidade, enfim a alfabetização aqui na educação infantil não deve ser forçada, e inclusive pode até partir do próprio interesse da criança, em alguns casos, mas todo o processo deve ser respeitoso, lúdico e significativo, pois entendemos que as singularidades, as especificidades das crianças. Então para educação infantil as professoras com perfil de alfabetizadoras tem que se remodelar nesse sentido e respeitar as etapas do desenvolvimento infantil e não acelerar esse processo, para que no futuro a leitura e escrita seja vivenciada pelas crianças como algo carregado de boas lembranças e não como algo maçante e enfadonho.

 
4 Paulo Rodrigues – Quais são as metas da educação infantil de Alto Alegre do Pindaré para 2025?
Deys Santana – Visando a aprendizagem integral da criança a SEMED vem desenvolvendo ações com o objetivo de promover o desenvolvimento físico, cognitivo, social e emocional das crianças, com foco em atividades lúdicas e interativas, implementando  projetos de leitura  e sequência didática em rede que possibilitam a investigação, a exploração e o desenvolvimento de forma criativa e colaborativa, garantindo o acesso à educação para todas as crianças, incluindo aquelas com necessidades especiais, promovendo a inclusão e a acessibilidade. A SEMED de Alto Alegre do Pindaré tem investido na formação continuada de professores, capacitando-os para trabalhar com as novas tecnologias e metodologias de ensino. A Coordenação de Educação Infantil tem possibilitado a criação de um ambiente de colaboração entre a escola e as famílias, promovendo a participação dos pais no processo de aprendizagem. Todas as metas da educação infantil do município de Alto Alegre do Pindaré estão em consonância com as metas do Plano Nacional da Educação, para essa etapa escolar.

 

5 Paulo Rodrigues – Os pesquisadores afirmam que o lúdico, a brincadeira deve ser um elemento condutor das aprendizagens até os 12 anos. A SEMED usa a brincadeira como forma de acesso ao mundo letrado?
Deys Santana – Sim, a SEMED compreende que as interações e brincadeiras são os instrumentos pedagógicos fundamentais para o desenvolvimento integral das crianças, especialmente na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Através de práticas lúdicas, a secretaria busca promover um ambiente de aprendizagem que respeita o tempo e o modo de ser da criança, valorizando suas experiências, interesses e expressões, garantindo que seus direitos de aprendizagens sejam vivenciados por todos.
As intenções pedagógicas da SEMED ao utilizar a brincadeira vão além do simples entretenimento. Ela é utilizada como meio de introdução ao mundo letrado, favorecendo a aquisição da linguagem oral e escrita de forma significativa e prazerosa. Por meio de jogos simbólicos, contação de histórias, brincadeiras de faz de conta, cantigas, dramatizações e outras atividades lúdicas, as crianças desenvolvem habilidades cognitivas, sociais e linguísticas, construindo sentidos sobre o mundo que as cerca
Dessa forma, a SEMED reafirma a importância do brincar como direito da criança e como base para práticas pedagógicas que respeitam sua infância, sua criatividade e sua capacidade de aprender de forma ativa e prazerosa.

 
 6 Paulo Rodrigues – Paulo Freire afirmava: “a leitura e a escrita é um direito humano”. Como você avalia essa questão?
Deys Santana – A afirmação de Paulo Freire de que "a leitura e a escrita são um direito humano" é profundamente relevante e progressista. A leitura e a escrita são ferramentas fundamentais para o acesso ao conhecimento, permitindo que as pessoas compreendam a sociedade em que vivem, questionem a realidade e busquem informações para tomar decisões assertivas. Além disso, a capacidade de ler e escrever empodera os indivíduos, permitindo que eles expressem suas ideias, opiniões e experiências, o que é crucial para a participação ativa e democrática na sociedade. A alfabetização também é um fator chave para a inclusão social, ajudando a reduzir desigualdades e promover a justiça social.
Considerar a leitura e a escrita como direitos humanos destaca a importância de garantir que todos tenham acesso a essas habilidades, independentemente de sua origem socioeconômica, etnia, localização geográfica ou outras circunstâncias. No entanto, é importante reconhecer que a implementação desse direito enfrenta desafios significativos em muitas partes do mundo, principalmente no Brasil, e no nosso estado.
Em resumo, a visão de Paulo Freire sobre a leitura e a escrita como direitos humanos é uma chamada à ação para garantir que todos tenham as oportunidades e os recursos necessários para desenvolver essas habilidades essenciais, contribuindo para sociedades mais justas e equitativas.

 7 Paulo Rodrigues – O que as escolas precisam articular para garantir a formação de leitores na educação infantil?
Deys Santana – Acreditamos que para garantir a formação de leitores na Educação Infantil, as creches e pré-escolas precisam articular uma série de ações integradas que envolvem desde o ambiente da sala e espaços escolares, as práticas pedagógicas, a formação de educadores e envolvimento da comunidade. Como por exemplo criar espaços ricos em textos e suportes variados (livros, cartazes, crachás, histórias ilustradas,  fantoches) acessíveis às crianças, despertando curiosidade e interesse pela linguagem escrita, além de oferecer uma diversidade de gêneros textuais para ampliar o repertório cultural, a presença da poesia, das cantigas, das brincadeiras de faz de conta, as releituras ao brincar ampliam a linguagem das crianças. A prática de leitura frequentes, em voz alta, com entonação, prosódia, e participação das crianças, sempre com a mediação qualificada do professor incentivando a escuta atenta, o diálogo e o encantamento com os textos, e o planejamento do professor deve ser sempre intencional respeitando o desenvolvimento infantil. E não podemos esquecer da importância da participação das famílias para estimular a leitura em casa, pois esse envolvimento dos responsáveis nas atividades de leitura fortalece o vínculo afetivo com os livros.

8 Paulo Rodrigues – O secretário de educação, Altemar Lima, tem investido muito na formação do leitor. Quais projetos do mestre Altemar poderiam ser replicados em outros municípios?
 Deys Santana – Nosso Mestre, professor Altemar Lima, tem várias ações e projetos que demonstram a força da educação de Alto Alegre do Pindaré. É um Gestor que além da gestão e promove aprendizagem real na vida das crianças. Ele sempre muito preocupado, é um entusiasta. Tem realizado diversos trabalhos que tem se destacado por iniciativas que valorizam a formação do leitor, um dos pilares para o desenvolvimento educacional e social, certamente. Eu diria que todos os projetos poderiam e deveriam serem replicados em outros municípios. Por exemplo, projetos de leitura em rede, jornada ampliada, jornada do conhecimento, banco do saber, copa Galileo Galilei, escola de campeões, escola nota 10, jovens mestres, projeto de intercambio de alunos Brasil-Portugal, e o projeto que incentiva a leitura literária de autores contemporâneos do Vale do Pindaré, chamado Vozes do Vale. Enfim são muitos projetos que têm sido realizados e que estamos colhendo bons frutos dessas iniciativas.
O Altemar é um apaixonado pela educação e pela leitura, e sobretudo pelas mudanças que a educação pode proporcionar a vida dos estudantes. Ele me faz lembrar a canção do Geraldo Vandré: “vem, vamos embora, que esperar não é saber/ quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.

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Laura Há 2 dias Santa Inês/MAExcelente
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