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Poeta João Batista do Lago critica a visão conservadorista dos que fazem a literatura maranhense

Em entrevista à TV Web Facetubes, o escritor maranhense alerta para o apagamento de autores contemporâneos e a repetição sistemática de outros nomes dentro das programações da educação e cultura. do Estado.

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: João Batista do Lago
31/05/2025 às 20h18 Atualizada em 31/05/2025 às 20h33
Poeta João Batista do Lago critica a visão conservadorista dos que fazem a literatura maranhense
Programa Literário da TVweb do Facetubes.

Editoria de Literatura da Plataforma Nacional do Facetubes

 

Em recente entrevista ao programa literário da TV Web Facetubes, o poeta e intelectual maranhense João Batista do Lago lançou um olhar crítico sobre a forma como a literatura maranhense é tratada pelas instituições acadêmicas e culturais. Segundo ele, há uma estagnação preocupante no cenário intelectual, marcada pela repetição dos mesmos nomes e pela exclusão de vozes contemporâneas.

 

“Todo ano você abre a caixinha da mesmice”, disse João Batista, referindo-se ao currículo tradicional que insiste em valorizar autores como Machado de Assis, Vinícius de Moraes e outros cânones, ignorando autores novos que estão produzindo literatura de qualidade.


O poeta afirma que há uma espécie de fetiche institucional por figuras consagradas, o que gera um ciclo vicioso de repetição. Para ele, o “novo” não interessa às universidades e à crítica formal, porque “a academia só reconhece o valor após a consagração póstuma ou institucional”.

 

Essa visão conservadora, segundo o autor, prejudica a evolução natural da literatura regional. Ele alerta para a necessidade de se romper com esse ciclo para permitir o surgimento de novas referências literárias no Maranhão e no Brasil.

 

Na entrevista, João Batista também chamou atenção para o esquecimento de autores como Nascimento Morais Filho, cuja postura crítica ao sistema teria contribuído para seu isolamento cultural. “As pessoas se afastavam dele porque ele era contra o sistema”, recorda o poeta.

 

Outro exemplo citado foi José Chagas, autor de Maré Memória, uma obra que, segundo João Batista, foi tão poderosa e inovadora que despertou ciúmes e resistências no meio literário maranhense. Transformado o poema em peça, ocorreu um grande sucesso também no teatro; aí, além de um marco cultural, pode ter ocorrido um "invisível gatilho" para o silenciamento de seu autor.

 

Para João Batista do Lago, a solução está na coragem de abrir espaço para o novo e de reconhecer o valor do que está sendo produzido no presente. “A fatalidade intelectual da nossa época é essa negação do vivo”, declarou.

 

A entrevista do poeta é um alerta necessário sobre os rumos da cultura maranhense. Ao romper o silêncio João Batista do Lago convida leitores e intelectuais a repensarem seu papel na construção de um ambiente literário mais plural, moderno e justo.

 

VÍDEO-BÔNUS

A verdade de João Batista do Lago

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Joana BittencourtHá 2 semanas São Luís Com relação a José Chagas, ficou bastante conhecido, depois que começou a registrar crônicas em colunas de jornais da cidade, como foi natural acontecer através dos meios de comunicação da época. E como acontece o reconhecimento após a morte de um literato dessa magnitude, assim também José Chagas foi amplamente reverenciado, inclusive com edição e reedição póstumas, de sua obra pela Academia Maranhense de Letras, que sempre lhe presta muitas homenagens.
Raimundo Fontenele Há 2 semanas Barra do Corda MAConcordo em gênero, número e grau com o poeta João Batista do Lago. Não pode ser ignorância. É desrespeito, descaso, enfim, a manutenção do passado e da mesmice.
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