Editoria de Literatura da Plataforma Nacional do Facetubes
Em recente entrevista ao programa literário da TV Web Facetubes, o poeta e intelectual maranhense João Batista do Lago lançou um olhar crítico sobre a forma como a literatura maranhense é tratada pelas instituições acadêmicas e culturais. Segundo ele, há uma estagnação preocupante no cenário intelectual, marcada pela repetição dos mesmos nomes e pela exclusão de vozes contemporâneas.
“Todo ano você abre a caixinha da mesmice”, disse João Batista, referindo-se ao currículo tradicional que insiste em valorizar autores como Machado de Assis, Vinícius de Moraes e outros cânones, ignorando autores novos que estão produzindo literatura de qualidade.
O poeta afirma que há uma espécie de fetiche institucional por figuras consagradas, o que gera um ciclo vicioso de repetição. Para ele, o “novo” não interessa às universidades e à crítica formal, porque “a academia só reconhece o valor após a consagração póstuma ou institucional”.
Essa visão conservadora, segundo o autor, prejudica a evolução natural da literatura regional. Ele alerta para a necessidade de se romper com esse ciclo para permitir o surgimento de novas referências literárias no Maranhão e no Brasil.
Na entrevista, João Batista também chamou atenção para o esquecimento de autores como Nascimento Morais Filho, cuja postura crítica ao sistema teria contribuído para seu isolamento cultural. “As pessoas se afastavam dele porque ele era contra o sistema”, recorda o poeta.
Outro exemplo citado foi José Chagas, autor de Maré Memória, uma obra que, segundo João Batista, foi tão poderosa e inovadora que despertou ciúmes e resistências no meio literário maranhense. Transformado o poema em peça, ocorreu um grande sucesso também no teatro; aí, além de um marco cultural, pode ter ocorrido um "invisível gatilho" para o silenciamento de seu autor.
Para João Batista do Lago, a solução está na coragem de abrir espaço para o novo e de reconhecer o valor do que está sendo produzido no presente. “A fatalidade intelectual da nossa época é essa negação do vivo”, declarou.
A entrevista do poeta é um alerta necessário sobre os rumos da cultura maranhense. Ao romper o silêncio João Batista do Lago convida leitores e intelectuais a repensarem seu papel na construção de um ambiente literário mais plural, moderno e justo.
VÍDEO-BÔNUS
A verdade de João Batista do Lago