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O físico Mario Schenberg (1914–1990), um dos maiores pensadores brasileiros da ciência, via na intuição o elo essencial entre a arte e o conhecimento científico. Conforme explica a pesquisadora Alecsandra Matias de Oliveira, autora do livro Schenberg – Crítica e Criação (Edusp, 2011), Schenberg valorizava tanto a racionalidade quanto os elementos não-racionais da criação, como fantasia, imaginação e mito, que historicamente foram marginalizados pela tradição iluminista. “Não sabemos de onde as ideias vêm; dizemos que grandes gênios têm intuições”, dizia o físico.
A visão de Schenberg continua a inspirar projetos interdisciplinares na USP. Os professores Adriana e Alberto Tufaile, da EACH, exploram fenômenos ópticos e sistemas dinâmicos com base na teoria do caos, transformando essas complexidades em imagens de alta carga estética – como fractais e halos luminosos – que comunicam ciência de forma visual e acessível.
Também unindo arte e ciência, a coreógrafa Júlia Abs investiga relações entre dança e astronomia, como o movimento de buracos negros e órbitas planetárias, vendo neles fontes coreográficas contemporâneas. Já a pesquisadora Maria Luiza Dias Marques analisa a fusão entre cinema e física, tratando das tensões entre objetividade científica e subjetividade artística.
A presidente da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), Maria Amélia Bulhões, reforça o valor da arte no campo das ciências: “A arte conduz a rupturas, abre novos horizontes e qualifica o humano”.
O pensamento de Schenberg encontra eco em nomes como Albert Einstein, que declarou:
“A imaginação é mais importante que o conhecimento. O conhecimento é limitado. A imaginação envolve o mundo.”
(*Albert Einstein, citado em The Saturday Evening Post, 1929)
Essa visão também está alinhada a estudos contemporâneos em neurociência e criatividade, como os de Arthur I. Miller, autor de Colliding Worlds: How Cutting-Edge Science Is Redefining Contemporary Art (2014), onde ele afirma:
“A criatividade é o ponto em que ciência e arte se encontram.”