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“Violência contra professor: “nova moda”?, Pergunta a professora Renata Barcellos

Renata Barcelos é convidada da Plataforma Nacional do Facetubes.

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Renata Barcelos
07/06/2025 às 14h59
“Violência contra professor: “nova moda”?, Pergunta a professora Renata Barcellos
Arte: MHL/Ginai


Renata da Silva de Barcellos (BarcellArtes)


Sou docente desde 1992. Fiz Formação de professores em 1992, no Colégio Estadual Heitor Lira, na Penha, Rio de Janeiro. Depois, conclui Letras, em 1996, na Universidade Federal Fluminense. Para quem atua desde a década de 90 como eu, vem vivenciando uma mudança drástica na relação professor x aluno, além das demandas burocráticas. O que está acontecendo com a Educação brasileira (a de casa e a institucional)? Colapso? Respeite o professor!!!          

 

Infelizmente, a estatística de ataques violentos a professores no Brasil tem aumentado assustadoramente. Houve 69 mortes e mais de 186 feridos em ataques em instituições de ensino de 1994 a 2025. Mais de 8 mil professores da rede escolar pública do Brasil sofreram tentativa de assassinato dentro de sala de aula no ano de 2018. Os dados são do Anuário  Brasileiro de Segurança Pública que analisou o comportamento da violência dentro das escolas ao longo do ano por meio de questionário aplicado a professores e diretores de instituições. Em 2023, uma pesquisa revelou que 7 em cada 10 educadores notaram um aumento da violência e agressividade entre os alunos. Quais os motivos? Falta de limites não seria um deles?                 

                                                                          

Conforme uma pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mais de 100 mil professores e diretores de escola do segundo ciclo do Ensino Fundamental e do Médio (alunos de 11 a 16 anos) disseram ser vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos pelo menos uma vez por semana. O Brasil está no topo do ranking de violência em escolas. Trata-se do índice mais alto entre os 34 países pesquisados - a média entre eles é de 3,4%. Depois do Brasil com 12,5%, vem a Estônia, com 11%,  e a Austrália com 9,7%. Já, o contrário, na Coreia do Sul, na Malásia e na Romênia, o índice é zero. Quais serão as medidas adotadas nestes três países? Urge investigarmos e adaptarmos a nossa realidade.                                                                                        

 

Ainda segundo a OCDE, o Brasil está entre os dez últimos da lista quanto à percepção que o professor tem da valorização de sua profissão. O primeiro país é a Malásia com quase 84%; Cingapura, com 67,6%; e a Coréia do Sul, com 66,5%. Ao contrário, está a Eslováquia, com 3,9%. Em seguida, a França e a Suécia, 4,9%. Apesar dos problemas, a grande maioria dos professores no mundo ainda se diz satisfeita com o trabalho. Entretanto, "não se sentem apoiados e reconhecidos pela instituição escolar e se veem desconsiderados pela sociedade em geral", de acordo com esta organização internacional intergovernamental.                                  

 

Segundo psicólogos e especialistas, o aumento da violência nas escolas é um problema complexo com diversas causas interconectadas, incluindo fatores socioeconômicos, psicológicos e culturais. A falta de investimento na educação, a desigualdade social, a ausência de valores éticos e morais, a influência da mídia e o Bullying são alguns dos fatores que contribuem para este cenário. Além disso, a violência doméstica e a desvalorização dos professores também são apontados como causas. 


Fatores Sociais e Econômicos:

-falta de investimento na educação: falta de recursos, infraestrutura e profissionais qualificados pode gerar um ambiente escolar desfavorável, com mais oportunidades para a violência.
 -desigualdade social: disparidade de oportunidades e a pobreza podem levar a conflitos e violência, pois a falta de perspectivas e de acesso a bens e serviços básicos pode gerar frustração e agressividade. 
-violência doméstica: violência dentro de casa pode ser um fator de risco para a violência nas escolas, pois a exposição a ambientes violentos pode influenciar o comportamento dos jovens. -desvalorização dos professores: falta de reconhecimento e valorização dos professores pode gerar desmotivação e desinteresse por parte dos alunos, contribuindo para a falta de respeito e a ocorrência de conflitos. 

Fatores Psicossociais:

-falta de valores éticos e morais: ausência de uma educação que promova o respeito, a empatia e a convivência pacífica pode levar a um aumento de comportamentos agressivos. 

-influência da mídia: exposição constante a imagens violentas e a conteúdos que glorificam a agressão pode influenciar o comportamento dos jovens e normalizar a violência. 

- Bullying: envolve assédio e violência entre alunos, é um problema grave que pode gerar traumas e levar a atos de violência em resposta. 

Outros Fatores:

-uso de drogas: pode alterar o comportamento e a percepção da realidade, tornando os indivíduos mais agressivos e impulsivos. 

-acesso a armas: mesmo em um ambiente escolar, pode aumentar o risco de violência, pois a presença de armas pode gerar um clima de medo e insegurança. 

-incapacidade de lidar com conflitos: falta de habilidades para resolver conflitos de forma pacífica e construtiva pode levar a conflitos mais graves. 

-Cyberbullying: violência online, que envolve ameaças, assédio e humilhações através das redes sociais, é um problema crescente que pode gerar traumas e levar a atos de violência na vida real.

 

Soluções???

-investimento em educação: urge investir em escolas com infraestrutura adequada, recursos humanos qualificados e um ambiente escolar seguro e acolhedor. 

-redução da desigualdade social: promoção da igualdade de oportunidades e o combate à pobreza são importantes para reduzir os conflitos sociais e a violência. 

-educação para a paz: promoção de valores éticos e morais, o respeito à diversidade e a educação para a resolução pacífica de conflitos são fundamentais para construir uma cultura de paz nas escolas. 

-combate ao Bullying: prevenção e o combate ao Bullying devem ser priorizados, com a criação de protocolos e a oferta de apoio aos alunos que são vítimas e aos que cometem atos de violência. 

-fortalecimento da família: promoção de ambientes familiares seguros e saudáveis, com                       a presença e o apoio dos pais, é importante para o desenvolvimento emocional e social dos jovens. 

-apoio aos professores: fortalecimento da carreira docente e a valorização do papel dos professores são importantes para garantir um ambiente escolar mais seguro e acolhedor. 
A violência nas escolas é um problema multifacetado que exige uma abordagem integrada e colaborativa, envolvendo a comunidade escolar, a família, a sociedade e o governo.


Impacto da violência:
- violência escolar afeta o estado físico, emocional e econômico dos professores. 
- violência e a negligência em casa impactam o ambiente escolar. 
- falta de segurança na escola e a ausência de punições mais severas para os alunos violentos contribuem para a violência. 

A partir do exposto acima, constatamos que a violência contra o professor já é uma “moda”. Diante do caos, já estou solicitando aposentadoria. A sala de aula virou “campo minado”? Hoje, se entra rezando para sair vivo? Os nervos estão à flor da pele. Até a escolha do material a ser utilizado é passível de retaliação. Pior quando por parte dos próprios colegas professores. Além disso, cobranças por resultados, preenchimentos de fichas dos alunos com alguma deficiência, elaboração de atividades adaptadas.... E, quando diante da turma, sofre ou presencia algum ato de violência física e ou verbal. Como não adoecer ou mesmo falecer?             Caros responsáveis, piedade de nós, anos de estudo, salário baixo... A satisfação pelo exercício da função há. Isso nos move. E orgulho de vê-los realizados anos depois. Entretanto, desrespeito e violência (seja qual for) são inadmissíveis!!!! Urge repensar como as crianças 

 

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Janaina Há 7 horas Rio de Janeiro O problema no Brasil é a ausência de punição. O crime compensa demais, neste país. Quem pratica a violência é tratado como "vítima": o bandido é vítima da sociedade, o aluno é oprimido pelo professor... O Estado tem q sustentar vários filhos de quem não tem condições nem de se manter sozinho. E a escola está refém dessas políticas, pois, os responsáveis só sabem dizer "eu tenho direitos", "tenho benefícios". Mas, ngm cobra seus DEVERES E OBRIGAÇÕES. Se cobrarmos q eduquem seus filhos, apanhamos
AUREA LUCIA PIMENTEL GOMES DOS SANTOSHá 4 dias RIO DE JANEIROEm dias difíceis como os nossos, o seu trabalho professora Renata, faz toda diferença, precisamos de mais conhecimentos e pesquisas para a partir daí cobrar do poder publico, mais e melhores salários para os professores, livros sobre como lidar com a situação aqui no Rio e no Brasil! Muito obrigada por suas contribuições para nós! Aurea Lucia Pimentel - Rio de Janeiro!
RodrigoHá 7 dias Rio de Janeiro Desde o início da década de 90 do século passado já ocorria este tipo de caso, presenciei diversas vezes como aluno e passei por isso como professor. A novidade agora é a velocidade da informação via Internet. Parabéns pelo texto e de como foi tão bem abordado ao contexto atual. Prof. Rodrigo
Moisés Kudimwena Há 1 semana Luanda, Angola Professor é um dos intervenientes na educação que assegura a sobrevivência por isso, merece o melhor tratamento e de modo especial
érica natacha batista cabralHá 1 semana São José de RibamarÉ uma triste realidade!
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