
Edomir Martins de Oliveira é Vice-Presidente Executivo Nacional da Academia POética Brasileira e Membro-Fundador
(Crônica baseada em fatos reais e inspirada em conversa com o Editor do Facetubes, jornalista e poeta Mhario Lincoln, a quem dedico)
A jovem senhora fazia os acompanhamentos da gestação em períodos recomendados pelo seu médico.
Um belo dia, fazendo um passeio próximo ao hospital onde normalmente era assistida, mesmo não sendo a data recomendada pelo seu médico, para não ter que voltar em outro dia, resolveu fazer um exame preventivo. Já estava no nono mês da gestação, e isso a animou ao exame.
A enfermeira chefe, que a examinou, perguntou-lhe se estava sentindo os sinais do parto e ela informou que não, o que a espantou, pois ela estava com uma dilatação no colo do útero bem avançada e, conquanto fosse primípara, a hora do parto estava próxima. Não convinha nem ir mais para casa, pois precisava ficar na maternidade. Embora ela não estivesse nos chamados pródromos de parto, não tendo contrações intensas ainda, ia chamar o médico que a assistia, com urgência. Chamado o médico, ele logo compareceu ante a situação que exigia sua presença imediata.
A família foi comunicada e rápido se deslocou para a Maternidade. O marido ansioso, caminhava de um lado para outro, beijava a esposa e acrescentava que tudo correria bem. Mas nada do parto acontecer! Novo exame médico, e este informou que a criança começava a dar sinais de que poderia entrar em sofrimento, o que exigiu uma cesariana. Imediatamente, providenciado o procedimento cirúrgico, uma bela criança veio à luz.
A pediatra neonatal parabenizou aos pais e a toda família. Tratava-se de uma menina de peso e comprimento normais, tudo indicando que seria uma bela moça no momento próprio. Seu vagido bem forte era de criança recém-nascida saudável. Após 48 horas teve alta. Os próprios pés que a levaram ao hospital, conduziram-na para casa, tudo em clima de muita normalidade, alegria e felicidade.
Depois de 2 anos, novamente, a jovem senhora estava em nova gestação. Para não ser pegada desprevenida marcou com seu ginecologista e obstetra a melhor data para fazer uma nova cesariana, o que foi providenciado como desejava a gestante. Novamente veio a luz outra linda menina, com todos os indicativos de criança saudável, trazendo muita alegria a família e ao lar.
O tempo passou! Agora aquelas crianças já eram profissionais de expressivo valor na sociedade. A primeira era médica de valor reconhecido e a segunda dedicou-se às atividades de engenharia, área de trabalho que realizava com amor e dedicação.
Anos depois, uma febre intermitente dominava a mãe. Desta vez precisava era de um clínico. Felizmente, sua filha médica que era ginecologista, viu que sua mãe precisava de atendimento médico com um clinico geral e levou-a incontinente ao hospital.
Feitos os exames preliminares, o clínico usando seu estetoscópio como de praxe, detectou tratar-se de uma forte gripe que a ameaçava. Recomendou, depois da medicação adequada, contudo, que era necessário o exame de um especialista de nódulos mamários, um mastologista, pois dois caroços no seio direito eram sempre um sinal de alerta. Se era bem verdade que poderiam ser nódulos benignos, não era de se desprezar um exame com o profissional especializado na área.
Feitos os necessários exames, ficou constatado tratar-se de nódulo maligno. Ela era portadora de um câncer muito agressivo. Logo foi iniciado o tratamento que não trouxe os resultados esperados.
Um ano depois ela veio a óbito. Aqueles pés que conduziram aquela senhora ao hospital, não mais a conduziriam. Apesar do tratamento quimioterápico e radioterápico intenso, o primeiro com medicamentos, e o segundo utilizando radiação para destruir células cancerígenas, tudo foi em vão.
Lágrimas e muito choro, daí em diante, acompanharam a família. Ela era uma líder dentro de casa. O marido muito entristecido chorava muito, sendo acalentado pelas filhas. A ausência física da esposa trouxe-lhe e a todos os familiares muitas tristezas.
Aqueles pés que a conduziam-na, não mais o fariam. Seu corpo foi conduzido pelo esposo, filhas, familiares e amigos, em procissão ao caminho da morada eterna.
Após os momentos sacros onde foram feitas as despedidas do corpo e cânticos espirituais, o corpo foi levado para o crematório, pois ela expressara, ainda em vida, o desejo que seu corpo fosse cremado e entregue suas cinzas ao seu marido e às suas filhas que haveriam de levá-las e soltá-las ao vento, em uma determinada praça de sua cidade, onde ela e o marido sempre namoravam quando ainda estudantes. E assim foi feito.
Hoje, restam apenas as lembranças de uma grande mulher, que deixou para todos o exemplo de uma verdadeira cristã, esposa, mãe e amiga. O marido e as filhas, principalmente, choram lembrando dos momentos encantadores de sua vida e dos bons exemplos que lhes deixara.
Um sobrinho que muito a amava, e por ela era amado, dizia-lhes, a título de consolo, que não se esquecessem que a sua tia era muito religiosa, de fé inabalável. - “Sei que ela está na Pátria Celestial, junto do nosso Deus, pois o Salmo 116:15 ensina: “É preciosa aos olhos do Senhor a morte dos seus santos”.
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