
Dino de Alcântara é convidado da Academia Poética Brasileira.
Foi na tarde do dia 27 de outubro de 1919, no Café Caravela, no Largo do Carmo, que o jornalista Zé Catraio, do jornal A Voz do Povo, ficou sabendo da chegada de Aluísio Azevedo ao Maranhão.
Segundo seu informante, que não era dos melhores da cidade, uma comissão composta por intelectuais da Academia Maranhense de Letras, entre eles, José Ribeiro do Amaral, Alfredo de Assis, Fran Paxeco, Godofredo Viana, Raimundo Lopes, iria ao cais da Praia Grande receber o ilustre romancista maranhense.
O que o ilustre jornalista não sabia (nem o informante, ao que parece) é que Aluísio Azevedo havia morrido em Buenos Aires, em 1913. E o que vinha a bordo do vapor Bahia era na verdade o esquife, isto é, os restos mortais do autor de O Mulato. Depois de uma longa e difícil luta, finalmente as autoridades brasileiras haviam conseguido trazer os restos mortais do grande romancista brasileiro para repousar no Cemitério do Gavião. No Rio de Janeiro, recebido por membros da ABL, entre eles, Coelho Neto, havia seguido em cortejo até a sede da Casa de Machado de Assis. Agora vinha definitivamente para a cidade Natal do escritor.
Da Praia Grande, centenas de pessoas acompanharam o esquife até a igreja da Sé, onde seria realizada uma missa pelo Bispo D. Helvécio.
Na noite do dia 26, o imortal Domingos Barbosa, membro fundador da cadeira nº 2 da AML, patroneada pelo autor de O Cortiço, fizera um bonito discurso em saudação ao ilustre naturalista na Assembleia Legislativa do Estado, com a presença inclusive do governador do Estado, Urbano Santos.
Voltando ao nosso ilustre jornalista d’A Voz do Povo, que está no café Caravela, Largo do Carmo, na tarde do dia 27... Ele deve ter ouvido essa informação toda e imaginou que era o próprio Aluísio que estava chegando, sendo recebido por todas as autoridades com muita pompa.
Assim, justamente no meio da missa na Igreja da Sé, com a urna funerária perto do altar, e o D. Helvécio falando sobre o ilustre maranhense, Zé Catraio, que já tinha corrido da Biblioteca Pública do Estado, na Rua da Paz, até o Palácio do Governo, atrás do naturalista, sobe as escadarias da catedral, munido de papel e lápis, indagando, aqui e ali, aos presentes onde estava o ilustre escritor Aluísio Azevedo, para lhe conceder uma entrevista para A Voz do Povo.
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