Sábado Poético
CANTO CARNAVAL
Edmilson Sanches
Manhã cedinho bate o bumbo mau.
Eu me alevanto e arregaço a manga:
Chegou o Carnaval
e vou dar meu grito do Ipiranga.
Dom Pedro, Dom Pedro Primeiro,
livrou o Brasil em setembro
mas eu me solto é em fevereiro.
Na tarde suada canta o povo
e o povo todo pede por mim,
e lá vou eu batucando de novo
e com o povo cantando assim:
Dom Pedro, Dom Pedro Primeiro,
livrou o Brasil em setembro
mas eu me solto é em fevereiro.
A noite de samba e zé-pereira
faz-me vibrar com a morena.
Mas chegando cedo a quarta-feira,
um sorriso de adeus ela me acena.
Dom Pedro, Dom Pedro Primeiro.
É o Brasil livre em setembro,
é o homem preso em fevereiro.
POEMA DE UMA QUARTA-FEIRA DE CINZAS
Manuel Bandeira, do seu livro Carnaval (1916)
Entre a turba grosseira e fútil
Um Pierrot doloroso passa.
Veste-o uma túnica inconsútil
Feita de sonho e desgraça...
O seu delírio manso agrupa
Atrás dele os maus e os basbaques.
Este o indigita, este outro o apupa...
Indiferente a tais ataques,
Nublada a vista em pranto inútil,
Dolorosamente ele passa.
Veste-o uma túnica inconsútil,
Feita de sonho e desgraça...
Amores de Carnaval
Maria José da Silva
Amores de Carnaval
Não é amor verdadeiro
São amores que vão e vêm
E junto levam seu coração.
Amores de Carnaval
São amores de Ilusão
Que ficam te curtindo
Mas nunca te faz feliz.
Amores de Carnaval
Só causa decepção.
Só querem te iludir
Nunca te fazem feliz.
Meus amores de Carnaval
Só me fizeram sofrer.
São uns amores perdidos
Que temos que esquecer.
Não quero mais saber
Desses amores perdidos.
Amores de Carnaval
São passados esquecidos.
JOÃO BATISTA DO LAGO
FANTASIA
Vem, minha menina. Vem.
Vem que te quero linda!
Vem dançar comigo a
Marchinha de criança.
Hoje o carnaval é nosso
Vem porque hoje eu posso
Dizer ao meu coração:
Sou teu espírito;
E tu, minha alma…
Minha ilusão.
Neste carnaval alegórico
Quero pular em teus lábios
E no meio da multidão
Ser o teu único folião.
Vem, minha menina. Vem
Que te quero alma no meu espírito
Neste carnaval sou teu amor contrito.
POESIA
Kalil Guimarães
Minha poesia
é meu inconsciente
vagueia pelo etéreo
no mundo ocupa
todos os espaços
segue sem rumo
dias e noites
a se confundir.
Os versos
compõem-se frenéticos
na sinceridade das emoções
entre as mãos e o coração
são de vários matizes
como as flores
são filhos de todos os atos
é o milagre
do pensar e sentir
é música discreta do tempo
pousa nas palavras
para ter forma.
A poesia está no além
surge
do medo
da glória
do vento
da nuvem
da natureza
da imperfeição humana.
A poesia
freme intermitente
é impregnadas de luz
encandece os sentidos
voa como os pássaros
com asas leves e libertas
como a aranha
tece a vida.
A poesia
é mal que não mata
é verdade pura
é sentimento do coração
é musa deixa sagradas lembranças.
A poesia é imortal
não se mede com régua e compasso
é uma das sete artes
retrata a imaginação do poeta
na dor
no amor
na angústia
na bondade
nas inquietações
é íntima do tempo e do espaço.
A poesia brinca bem com
a vida
a morte
o desconhecido
é o possível de todas as coisa.
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