As poucas e muitas palavras de Geraldo Magela sobre a poeta Regina Bostulim.
Geraldo Magela, Coordenador da Feira do Poeta, Curitiba-PR.
Regina Bostulim é uma das fundadoras da Feira do Poeta junto com a gente. Faleceu com 58 anos, desses, 45 totalmente dedicados à literatura. Era datilógrafa do INSS e jornalista. Integrou inúmeras antologias. Uma delas, “Poetas na praça”, ligada à Feira, com mais 23 poetas.
Publicou vários livros. Inclusive sob o pseudônimo, (haikai). Eu fiz alguns livrinhos artesanais para ela, como a Bruxa de Antonina. Muito aplaudido esse livro.
Na verdade, Regina Bostulim era uma agitadora cultural; sempre estava em estado de espanto, fazendo com que algumas pessoas se afastassem dela. Era a nossa Hilda Furacão curitibana. Mística. Psicodélica. Era uma entidade, uma intelectual brilhante. Falava 3 idiomas. Um verdadeiro patrimônio histórico da poesia paranaense. Tinha uma poesia escatológica. Era nosso Bocage. Mas, com um coração brilhantemente grande. Defendia os moradores de rua. No fundo, era também uma entidade espiritual com seu lado bruxo muito especial. Tinha uma vida meio mundana. Escrevia sobre prostituição e sobre o Deus dela. Uma espécie de Sagrado e Profano.
Porém, quando entrava no palco deixava todo mundo atônito. Eu mesmo tremia muito. Regina era um estado de extremidades poéticas, cheia de placas tectônicas. Repentista poética, como se estivesse pichando um poema no muro. Por isso ela deixava a plateia perplexa, quando dizia palavrões.
Não sei qual era o enigma da Regina. Porque ela era uma elipse. Contudo, sempre extraordinária, com trabalhos cheios de ritmo e cadência. E esse ritmo não impedia que ela quebrasse todos os protocolos, usando roupas extravagantes e coloridas.
Era uma iluminista com toda a rebeldia. Se vestia de Freira e de Bruxa, da mesma forma que lhe dizia algo cheio de amor ou cheio de rebeldia.
Se orgulhava de ter visitado o túmulo de Edgar Allan Poe. E o detalhe é que ela, mesmo ganhando pouco, tinha força pra viajar o mundo. Conseguia fazer milagre com o que ganhava.
É certo reconhecer essa carga explosiva muito grande que desacatava policiais, autoridades. Acho que isso era o reflexo de uma vida atormentada, no intuito (possivelmente) de mostrar uma poesia ligada à geração Beat (beatnik) ou movimento Beat, que descrevia a manifestação de certos escritores e poetas, no começo da década de 1960, criadores desse fenômeno cultural. Mas, sem dúvida, ela vivia um pesadelo interior muito grande.
Eu sempre dizia que ela dava um rumo ao norte, mesmo sem norte. Por outro lado, tinha uma experiência muito amargar. Por isso falava e escrevia tão bem sobre violência urbana, insensibilidade pública, desamor, tristeza porque ela vivenciou tudo isso. Para alguns, ela cheirava armadilha. Mas acredito que tal ação era para o bem estar da poesia. Da construção poética visceral, pois tinha fecundidade criativa em carne e osso. Era encarnação de Macunaíma, um herói sem caráter.
Nossa heroína, muitas vezes: Regina Bostulim vai fazer falta, sim.
GERALDO MAGELA.
O Adeus a artista Regina Bostulim
Adeus Regina
Luciana Do Rocio Mallon
No dia quinze de março
O Sol e a Lua deram um abraço
Pois o céu ficou no breu
Regina Bostulim faleceu!
Ela era uma escritora, dançarina e jornalista
Com certeza foi uma excelente artista
Havia uma alegria em cada diferente fantasia
No sonho da sua surpreendente Poesia!
Nos saraus, seu humor era um diamante
Deixando a festa mais brilhante e cintilante!
Seus contos tinham lições cheias de ternura
Porque retiravam a tristeza e a amargura
Hoje, o céu ganhou um anjo com asas de cetim
Que sabe escrever crônicas no marfim
Porque ele recebeu Regina Bostulim.
(Luciana Do Rocio Mallon )
PARA TI POETISA Ela era uma leoa destemida Era um furacão Era uma prosa Era a poesia revolucionária Minha verdadeira inspiração! Regina, guerreira, empática Mãe Grande Regina Bostulim, era desse jeito que eu a chamava, E ela num tom tão grandi-eloquente,
ora naquele jeito de Rainha da Poesia Curitibana,
especificamente da Feira do Poeta me dizia: Moisés António, meu filho na Poesia da Minha Angola que me degola! Essa era ela, a Poetisa Mãe grande da Poesia Paranaense! Feroz, alegre, colorida, maluquinha, oh sangue bom, energia boa... tudo legal!
A ti devo a minha singela homenagem, em versos que o meu coração
não conseguiria expressar através da voz! Tu eras uma leoa Eras uma sinfonia roqueira em declamação poética, Eras incrível tão crível Que nenhuma palavra poderia descrevê-la! Adeus Regina... Você pode não estar mais aqui entre a gente fisicamente, mas estarás sempre viva em nossas memórias,
eternamente, até que não hajam mais estrelas no céu e nem lua! Por agora, és uma delas que irradia no céu,
enquanto a sua alma volta nos braços da mãe Gaia, aqui na terra, que Deus te receba! Goodbye... Moisés António (Em homenagem a grande Poetisa Regina Bostulim)
Ênio de Oliveira presta homenagem a Regina Bostulim
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