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Ananias Martins: a interessante história dos carnavais de São Luís do Maranhão (Parte I).

Esta obra NÃO tem fins lucrativos, NEM promocionais. (Todos os créditos concedidos).

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Ananias Martins
04/02/2025 às 09h40 Atualizada em 04/02/2025 às 10h50
Ananias Martins: a interessante história dos carnavais de São Luís do Maranhão (Parte I).
Capa: Livro de Ananias Martins

NOTA DA REDAÇÃO: Um trabalho chancelado pela Secretaria de Cultura do Maranhão em 2000, publicou "Carnaval de São Luís - diversidade e tradição", sem dúvida uma das melhores pesquisas sobre o carnaval ludovicense dos últimos tempos. O autor, o exímio Ananias Martins.  Vale, portanto, reproduzir algumas páginas dessa obra-prima (31 a 38) como parte dessa saga a ser relembrada 23 anos depois. Ananias Martins também escreveu "Barricadas no Palácio dos Leões - o golpe de 1922 no Maranhão" e "São Luís - Fundamentos do Patrimônio Cultural", obras conhecidas (até o ano 2000), data da publicação de "Carnaval de São Luís - diversidade e tradição". Todas, de grande valor de pesquisa histórica. 

"Sem dúvida, uma das obras mais completas sobre o Carnaval Maranhense, escrita por Ananias Martins. Reproduzimos à titulo de DIVULGAÇÃO porque essa obra é um marco na história brasileira. Parabéns". Mhario Lincoln, editor-sênior da Plataforma Nacional do Facetubes.

Obs: esta obra NÃO tem fins lucrativos, NEM promocionais. (Todos os créditos concedidos).

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Quarta Página do livro.

(Parte do livro "Carnaval de São Luís - diversidade e tradição", de Ananias Neto).

A exceção do entrudo, onde todas as classes e categorias sociais participavam, o carnaval de São Luís manifestou sua pujança inicial nas brincadeiras dos escravos e pobres urbanos, que naturalmente congregavam-se nas ruas e praças em momentos de liberação do trabalho. 

Esta primeira fase foi desmontada pelas elites, quando descobriram o convívio com os espaços coletivos da cidade, influenciadas pelas modas que vinham da capital do império ou diretamente da Europa, na Segunda metade do século XIX. 

As proibições de "ajuntamento" de massas tornam-se mais frequentes, na mesma medida em que multiplicam-se os bailes de polka, valsa, mazurca e quadrilhas francesas. 

Rapidamente, as adequações sociais do fim do império, aliadas ao surgimento de uma sociedade operária, democratizarão o modelo anterior, implantando o "carnaval dos cordões". 

Este carnaval eclético e "democrático" dará lugar a uma manifestação predominante, que será o samba em seus formatos de blocos e turmas, consolidando uma nova hegemonia carnavalesca, gestada entre os anos 30 e 50 do século XX, madura na segunda metade dos anos 60, até os anos 80, quando passa a padecer de declínio. 

Os anos 90 fazem renascer o "carnaval dos cordões", agora como uma nova modalidade da cultura dos tempos atuais. 

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DAS PÁGINAS 31 a 38 

Parte do livro "Carnaval de São Luís - diversidade e tradição", de Ananias Neto. 

 

"(...) Em épocas diferentes, falou-se da morte da tradição, angústia que os carnavalescos de São Luís também passaram a enfrentar nos fins dos anos 70 do século XX, porém imaginando que havia um legítimo "carnaval original", de uma tradição nunca maculada até aquele momento. Entretanto, os estudos históricos mostram que o modelo carnavalesco foi construído, desconstruído e reconstruído de tempos em tempos, conforme mudanças na organização e estrutura social com as tendências de época". 

 

A crítica às mudanças é antiga 

Esses carnavais passados, à medida que se transformavam, e cediam lugar a novas maneiras de brincar e eram percebidos, pelas gerações em transição como decadência, no que não deixaram de ter razão em alguns casos. Astolfo Marques*, em 1915, afirmava sobre o carnaval de São Luís que: 

"De todas essas brincadeiras que se revestiam de cunho verdadeiramente popular, era a Chegança, nos seus cantos dolentes e mimosos, a maior imponência (...) outras diversões, de aparato igualmente faustoso... eram: o Fandango, a Caninha Verde, o Congo e os Cocos (...) toda essa exteriorização de contentamento popular, vivo apanágio das gerações passadas, se nos sugere agora descolorida, desgraciosa, num desenxabido indizível". 

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MARQUES Astolfo O carnaval das ruas. O jornal, 17 de fev. de 1915. 

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Para ler a Parte II, clica no link: (https://www.facetubes.com.br/noticia/3510/ananias-martins-a-incrivel-historia-cronologica-dos-carnavais-de-s-luis-e-suas-modificacoes-parte-ii)

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ANTONIO GUIMARÃES DE OLIVEIRA Há 2 semanas São LuísAnanias, foi meu colega de Universidade. Conhecedor profundo da História do Maranhão. Escreveu várias vezes sobre festejos e carnavais.
JAIMEHá 2 anos BSB/DFUm artigo bastante informativo e publicado com sabedoria em época propícia!!! Aplausos ao presidente APB/Facetubes e a fonte onde foi pesquisado, para essa produção excepcional!!!
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