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Aplausos a Jul Leardini: crítica da equipe do Facetubes sobre a ópera “Anjo Negro” ultrapassa 2780 acessos

A eleição se deu entre todos os espetáculos que foram apresentados no Teatro Guaíra, em Curitiba - PR, até Outubro/23.

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Mhario Lincoln
10/02/2025 às 08h57 Atualizada em 10/02/2025 às 10h03
Aplausos a Jul Leardini: crítica da equipe do Facetubes sobre a ópera “Anjo Negro” ultrapassa 2780 acessos
Ópera “Anjo Negro”
Crítica da equipe do Facetubes elege a ópera “Anjo Negro” como um dos 3 maiores espetáculos do ano de 2023
 
*Mhario Lincoln
 
Após um hiato de quase uma década sem assistir a uma ópera, tive a oportunidade de presenciar a excelente produção de “Anjo Negro”. A última vez que me senti tão emocionalmente envolvido foi quando da montagem brasileira de “O Fantasma da Ópera”.
 
Fui convidado pelo diretor Jul Leardini para uma apresentação do espetáculo no Guaíra, em Curitiba. Acompanhou-me Carlos Rocha e Cássia Valéria, casal amigo do Ceará. O espetáculo foi uma experiência transcendental, com figurinos de certa forma simples, mas altamente expressivos e um cenário digital que nos transportou para além do ambiente físico do teatro.
 
Então, o que realmente faz uma ópera de Nelson Rodrigues, em pleno período cibernético de inteligências artificiais por todas as partes, avatares e hip hop, fazer tanto sucesso? Primeiro, a impecável produção de Jewan Antunes. Depois, a combinação de vários elementos: belas vozes, orquestração majestosa, roteiro insinuante e a capacidade de provocar uma transcendência inimaginável no espectador. “Anjo Negro” conseguiu isso com maestria.
 
Jul Leardini, o diretor da ópera, desempenhou um papel crucial na harmonização dos elementos da produção. Ao seu lado, estavam o compositor e maestro João Guilherme Ripper e o Maestro Felipe Biesek. Juntos, eles criaram um espetáculo coeso e impactante.
 
ANJO NEGRO: um elenco simplesmente fantástico.
 
A história foi apresentada com um elenco superior, composto por grandes nomes da música erudita do cenário nacional, incluindo David Marcondes, cantor do Teatro Municipal de São Paulo, no papel de Ismael, e Luciana Melamed, cantora da Camerata Antiqua de Curitiba, personificando Virgínia.
 
Vale aplaudir, ainda, as performances emocionantes de Natália Pascke (Ana Maria), Sabrina Bisch e Renata Bueno (Senhora e Prima), Marcia Kaiser, Sidney Gomes, Ana Paula Machado, Renata Bueno, Juarez de Mira, Cláudio de Biaggi, Paulo Barato, Ben Hur Cionek (pianista correpetidor), Loana Terra (Assistente de Direção), Lia Comandulli (Diretora de Movimento), e todos os quase 100 personagens das áreas de atuação, músicos e técnica que fizeram de "Anjo Negro", o grande espetáculo deste 2023, no Brasil.
 
O uso de cenários virtuais modernos com projeções mapeadas adicionou um toque tecnológico que dialogava com os temas atuais e relevantes do texto. Como disse o famoso autor de ópera Robert Benchley: “A ópera é quando um cara é esfaqueado pelas costas e, em vez de sangrar, ele canta”.
 
Assim, “Anjo Negro” captura essa essência, no roteiro, levando o público em uma jornada emocional intensa através da música e do drama. Em resumo, esse espetáculo é um exemplo brilhante do poder de transportar o público para além do teatro físico e mergulhar na liberdade das cenas no palco. É uma obra-prima que combina música, teatro e canto, de maneira requintada, com um detalhe: a encenação inovou ao recriar o clássico de Nelson Rodrigues com uma estética que traz elementos do expressionismo alemão, cinema noir e teatro espartano, além de referências à obra de Karl Jung.
 
Como Sábato Magaldi (Prêmio Machado de Assis (1990) e Prêmio Juca Pato (1997), portanto, renomado crítico teatral brasileiro, afirmou "(...) a primeira preocupação do crítico teatral deve ser a de detectar a proposta do espetáculo e julgar se ela foi bem realizada", a ópera "Anjo Negro", acertou na mosca. Isso porque trouxe à tona questões atuais por meio de uma estética inovadora e um elenco talentoso e a obra, "muito bem realizada", como ensina Magaldi. Não é fácil, principalmente em tempos atuais, onde cada palavra tem que ser medida para não ferir suscetibilidades (aí a grandiosidade do texto) explicitar-se, assim, de forma impactante, questões como racismo, violência contra a mulher e crianças, bullying, estupro e incesto.
 
Confesso que fiquei literalmente grudado à minha poltrona, (na primeira fila, que honra!), com o texto, o roteiro, com os efeitos especiais virtuais, com a direção interativa e, como músico que sou, pelo brilhante sincronismo entre a orquestra sinfônica e cada movimento dos artistas, relembrando, de forma mais dinâmica e moderna, os filmes de época, em preto e branco e mudos, quando os músicos acompanhavam toda a evolução do enredo, como se fossem, eles mesmos, o rolo de celulose fluindo harmonicamente na máquina projetora, indo no rumo das narrativas que ressoavam profundamente junto com as emoções do elenco, através das notas agudas e graves; aquelas que nos fazem chorar ou refletir e que têm o potencial de se eternizar no repertório operístico.
 
MHL com Carlos Rocha, Jul Leardini e Cássia Valéria.
 
Por isso, toda a equipe, músicos e elenco de "Anjo Negro" fez toda a plateia nos 3 dias, entrar em êxtase! Claro que "Anjo Negro" poderia sim, estar entre as 100 melhores da lista brasileira que inclui "O Guarani" de Carlos Gomes e "Magdalena" de Heitor Villa-Lobos. Se tivesse que votar, a incluiria, sem a menor sombra de dúvidas, mesmo porque "Anjo Negro" passa a constar como obra genuína da cultura brasileira, conectando-se profundamente com o público nacional.
 
O que eu vi, ouvi, me emocionou e resultou em um equilíbrio delicado entre narrativa, música, atuação e produção. Quando todos esses elementos trabalham em harmonia, o resultado é mágico, tocando a alma de quem assiste e fazendo ecoar os aplausos por gerações.
 
*Mhario Lincoln é presidente da Academia Poética Brasileira.
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JaimeHá 1 mês BSB/DFParabenizo a todos os participantes, desse valioso e magnífico evento. Aplausos de pé!!!
ANTONIO GUIMARÃES DE OLIVEIRA Há 1 mês São LuísO Anjo Negro, peça teatral baseada nos escritos de Nelson Rodrigues, talvez o mais autentico escritor brasileiro, que mostra um realismo "cru" da classe média e do Brasil. Saúdo os artistas!
JULMAR RUBENS LEARDINIHá 1 ano CuritibaSalve amigos! Obrigado! (Jul Leardini)
Lenita StankiewiczHá 1 ano CuritibaExcelente espetáculo!! Figurino, músicos, cantores, cenário, tudo muito bem costurado.
Filarmônico Há 1 ano Curitiba, Paraná Só faltou pagar honestamente os músicos da filarmônica. Um grande espetáculo exige uma grande preparação e empenho que, infelizmente, não foram recompensados devidamente…
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