Edmilson Sanches
O escritor, poeta e compositor Salgado Maranhão, maranhense de Caxias, recebeu na tarde desta segunda-feira, 18 de dezembro, o Troféu Rio 2023, outorgado pela Uninão Brasileira de Escritores (UBE), seção do Rio de Janeiro. A cerimônia foi realizada no auditório do edifício-sede da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), na Avenia General Justo, no centro da capital fluminense.
À solenidade compareceram diretores da UBE, escritores, jornalistas, artistas plásticos e teatrais, entre outros convidados. Antes da premiação, foi apresentada a exposição da artista plástica Lina Ponzi. Após, o grupo teatral No Palco da Vida apresentou o espetáculo “Vozes Negras”, que incluía textos poéticos de Salgado Maranhão e encerrou com nova e aplaudidíssima apresentação da música “Carcará”, do cantor e compositor maranhense João do Vale.
A entrega do troféu para Salgado Maranhão, no palco do auditório e na presença de diretores da UBE, foi precedida de pronunciamento da artista plástica espanhola, radicada no Brasil, Ascensión Chanqués, também escritora, poeta e professora de pintura e desenho. Ascensión Chanqués é artista premiada, com muitas exposições no Brasil e exterior e estúdios no Rio de Janeiro e Valência (Espanha). Ela é a artista plástica a quem a UBE confiou a tarefa de criação do Troféu Rio 2023 concedido a Salgado Maranhão.
Salgado Maranhão foi alvo de homenagens em pronunciamentos antes e depois da entrega do Troféu. Diretores da UBE-RJ revezaram-se em falas de reconhecimento e elogios à obra do grande poeta brasileiro. Em seguida, o próprio poeta falou e disse de sua arte poética, entremeando a fala com seus próprios textos poéticos, merecendo demorados aplausos. Salgado Maranhão citou seu conterrâneo caxiense e escritor Edmilson Sanches, presente no evento, lembrando que a Sociedade Nacional de Agricultura, onde se realizava a solenidade de outorga do Troféu Rio 2023, tem como presidente de honra outro caxiense, o empresário, agrônomo e ex-deputado federal João Christino Cruz (1857-1914), considerado por muitos como o responsável pela criação do Ministério da Agricultura.
A direção do evento abriu a palavra para a plateia, com diversos escritores tendo utilizado a palavra, com destaque à pessoa e à produção literária de Salgado Maranhão. O jornalista e escritor Edmilson Sanches também pronuniou-se em discurso onde mostrou que o talento de Sagado Maranhão, que se diferencia na poesia pela excelência e compromisso, continua uma saga de talentosos maranhenses, a partir do século 19, com o poeta caxiense Gonçalves Dias e diversos outros nomes que Sanches pormenorizou para uma plateia vivamente interessada em informações e detalhes ainda de pouco acesso aos demais brasileiros e mesmo a maranhenses.
A concorrida solenidade da UBE-RJ foi encerrada com variados comes e bebes e pedidos de fotos com o homenageado da tarde, Salgado Maranhão.
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A NOSSA PALAVRA
No evento promovido pela União Brasileira de Escritores, seção Rio de Janeiro (UBE-RJ), no dia 18/12/2023, no auditório do edifício-sede da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), o maior presente para o homenageado do ano, o poeta e compositor Salgado Maranhão, foi tanto o “Troféu Rio 2023” quanto a presença de quantos ali se alegravam com a distinção anual outorgada, desta feita, a um colega, conhecido, amigo, conterrâneo.
Ousei usar a palavra, quando esta foi aberta a todos pela direção da UBE-RJ. Ousei dizer de um Salgado e de um Maranhão cheio de méritos, valores, talentos.
Ousei dizer de nomes e de conquistas de maranhenses dos quais o Brasil pouco sabe e que o Maranhão ou desconhece ou não reconhece.
Ousei dizer de um Brasil para o qual é injusta a classificação terceiro-mundista, pois, se na terra há potenciais e, nas pessoas, talento, experiência e vontade, só o desapego ao País e o apego ao Poder -- ao poder do dinheiro e ao dinheiro do Poder -- “justificaria” tanto atraso.
E se o Brasil estivesse localizado nos 377 mil quilômetros quadrados do Japão, com descontinuidade territorial espacejada por quase sete mil ilhas, com 80% do território imprestável para plantar e construir e, de quebra, com maremoto, terremoto e erupções vulcânicas regulares? -- e nem se fale nas duas bombas atômicas que trucidaram pessoas e empestearam o solo nos meados dos aos 1940.
E como o Japão, com tudo para dar errado, torna-se o terceiro país mais rico do mundo? E como, do outro lado, uma terra 22 vezes maior, sem nenhum dos problemas geotectônicos que (co)movem os asiáticos, uma terra com a maior e melhor quantidade de água do planeta, um solo em que se produzem mais de uma, mais de duas safras anuais, como é que este País ainda está no Terceiro Mundo porque não há Quarto na classificação?
Eu disse isso “y otras cositas más”. Ousei falar, cerzindo o que falava à Cultura, à Arte, à Literatura, à Poesia maiúscula -- inda que com letras minúsculas -- do Maranhão e do Salgado Maranhão. Pelo inusitado da fala e do que com ela se pespontou no tecido humano inteligentíssimo que lustrava e ilustrava a tarde carioca da UBE, fui cumprimentado por muitos e com diversos destes pude conversar e alguns pude rever e/ou reouvir em cumprimentos e conversas.
Na poliédrica, multifacetada coletividade de iguais em sensibilidade artístico-cultural, uma meia dúzia de rostos achegou-se mais a mim antes, durante e, sobretudo, depois da solenidade. São rostos de um País que ainda não soube mostrar a cara. De um País que ainda não se desenturmou da comunidade de nações onde atraso leva nome de “em desenvolvimento”. São rostos que, com vontade e prazer, no mundo artístico-cultural fazem o possível para que o melhor de cada um, em seu entorno, torne cada um melhor -- e com estes, por sua vez, assim como os polifônicos galos cabralinos, teçam-se manhãs e amanhãs melhores (...).
Obs: Em nossa coluna do dia 30, falaremos sobre grandes nomes presentes a essa solenidade.
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