Com uma lírica estilística de vigor verbal criador,
Um me atira de corpo e alma em versos para o alto.
O Outro de uma mestria poética de grandeza abissal,
Me ensina: Baudelaire, Musset, Gaston e François.
Um com a visceral idade do dentro das coisas
E a internalidade fraccionada dos seres,
Me atira nas águas profundas do verbo ser carne.
O Outro num versejado sóbrio e dorido de Quasimodo,
Me ensina a pungente angustia do "Sou um homem só,
Um só inferno" – nas terras entranhas do Ser cavo.
Amo Nauro. Amo Lago.
Transcendência Poética
*Mhario Lincoln
O poema de Manoel Serrão, (+2020) com sua "lírica estilística de vigor verbal criador", evoca uma força expressiva que eleva o eu-lírico a uma dimensão transcendental, destacando a alma criativa de poetas como Nauro Machado e João Batista do Lago. Essa projeção poética em busca da transcendência, semelhante à explorada por Rainer Maria Rilke em "As Elegias de Duíno", uma obra que trata da angústia existencial e da relação entre vida e morte.
Serrão também faz referências a grandes mestres literários como Baudelaire e Musset, evidenciando a aprendizagem poética profunda que se conecta à tradição literária, semelhante à visceralidade presente nos trabalhos de Sylvia Plath, especialmente em "Ariel", onde a imersão nas profundezas do ser é explorada de maneira intensa.
A declaração de amor a Nauro Machado e JB do Lago revela uma ligação emocional e intelectual entre esses poetas, demonstrando uma conexão profunda com suas influências contemporâneas, semelhante à admiração de Walt Whitman por outros escritores e, portanto, reflete uma linha sócio-filosófica que busca compreender a condição humana através da tensão entre os próprios eus-líricos.
Por fim, revela uma saudade profunda e uma homenagem sentida pelo poeta Nauro Machado, cuja presença e impacto continuam a ressoar. A tristeza por sua perda é acompanhada por um reconhecimento de sua contribuição à literatura, descrita com carinho e respeito, como evidenciado pela citação do cordelista Pedro Sampaio, que disse: "o perdemos, para o Céu ganhar."
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