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De Leonardo de Magalhaens, resenha de “Crônica do Pássaro de Corda”, (1994/Haruki Murakami)

Convidado do Facetubes (www.facetubes.com.br).

01/10/2024 às 09h57 Atualizada em 01/10/2024 às 11h59
Por: Mhario Lincoln Fonte: Leonardo de Magalhaens
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Leonardo de Magalhaens (vídeo-foto/mhl).
Leonardo de Magalhaens (vídeo-foto/mhl).

 

Redação do Facetubes

 

A obra Crônica do Pássaro de Corda (1994), de Haruki Murakami, é um romance envolto em misticismo, camadas psicológicas complexas e uma narrativa surrealista, características marcantes na literatura contemporânea japonesa. Murakami entrelaça a realidade com o fantástico, explorando a mente humana e suas dimensões ocultas. A jornada do protagonista, Toru Okada , serve como um mergulho metafísico e emocional que expõe a fragilidade e o mistério da existência humana.

 

A narrativa é construída em torno de acontecimentos aparentemente banais que lentamente desvelam uma complexidade metafísica. Toru Okada, inicialmente uma figura passiva e despretensiosa, torna-se o centro de uma série de acontecimentos bizarros que evocam o onírico. O "pássaro de corda" do título simboliza o repetitivo e mecânico, algo que se desdobra constantemente na vida de Toru, um eco das rotinas humanas e do destino concluído. Murakami se vale dessa simbologia para explorar as forças invisíveis que moldam a vida.

 

Além disso, a obra transita entre tempos históricos — o Japão da pós-guerra e seus traumas, e a contemporaneidade de Toru — e dimensões paralelas. Esses aspectos reforçam uma atmosfera surrealista, enquanto Murakami utiliza elementos da cultura japonesa, como a solidão, a introspecção e o respeito pelo mistério, criando uma experiência literária única.

 

Murakami explora temas como o vazio existencial, a alienação e a busca de significado. O protagonista se vê em uma crise de identidade, marcada pelo desaparecimento de sua esposa, Kumiko, e pela imersão em uma realidade cheia de símbolos ocultos e visões perturbadoras. Essa jornada para dentro de si mesmo reflete o conceito de "mundo interior" na literatura japonesa, onde o ser humano se depara com suas próprias sombras e traumas. É uma espécie de descida ao inconsciente, lembrando o conceito junguiano de "individuação", onde o protagonista busca a totalidade ao enfrentar os mistérios e os conflitos internos.

 

Murakami também explora a ideia do mal banal e do destino decidido. Ao longo da história, Toru é confrontado com personagens que carregam traumas e violências do passado, especialmente relacionados ao militarismo japonês e à Segunda Guerra Mundial. Essas histórias dentro da história revelam uma crítica sutil à forma como o Japão lidou com seu passado, mostrando que as feridas do passado ainda ressoam no presente.

 

A linguagem de Murakami é ao mesmo tempo simples e poética, envolvente e meditativa. Ele utiliza diálogos internos e monólogos para construir a psique do protagonista, enquanto a investigação dos cenários, muitas vezes urbanas ou oníricas, estabelece uma atmosfera de desconforto e surrealismo. Há um ritmo hipnótico na narrativa, como se o leitor caminhasse ao lado de Toru pelos corredores da mente humana, imersa em mistérios, sombras e momentos de transcendência.

 

Murakami também utiliza recursos como a intertextualidade, dialogando com outras obras da literatura e da cultura japonesa, o que enriquece o texto. A presença de personagens enigmáticos, como Malta Kano e o Tenente Mamiya, contribui para a complexidade do enredo, ao mesmo tempo que introduz elementos históricos e míticos que transcendem o cotidiano.

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Vídeos com resenha exclusiva de Leonardo de Magalhaens

 

 

 

 

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