ANÁLISE E O CONTEXTO
*Mhario Lincoln
"Quando me param na rua, em uma praça ou no trem para me perguntar quais livros ler, eu sempre respondo: leia aquilo que te apaixona, essa será a única coisa que te ajudará a suportar a existência". (Ernesto Sábato).
A frase de Ernesto Sábato ressoa profundamente com a busca humana em um mundo muitas vezes marcado pela incerteza e pelo vazio existencial. Ao dizer "leia aquilo que te apaixona, essa será a única coisa que te ajudará a suportar a existência", Sábato enfatiza a importância de seguir as próprias paixões como meio de encontrar significado e propósito na vida. A leitura, nesse contexto, não é apenas um ato intelectual, mas uma conexão visceral com aquilo que nos move internamente.
Claro que depois dessa concepção fica impossível não chamar para a mesma mesa, por exemplo, Albert Camus, cujo argumento sobre a vida, em si, diz não ter "sentido intrínseco, cabendo ao indivíduo criar seu próprio significado diante do absurdo da existência". Basta lembrar do que ele escreveu em "O Mito de Sísifo". Não me recordo exatamente o momento, mas li, sim, alguma coisa nesse sentido, no qual o indivíduo escolhe abraçar a vida, mesmo com toda a sua complexidade.
Sábato e Camus convergem na compreensão de que é através das escolhas pessoais e do engajamento com nossas paixões que podemos "enfrentar o vazio existencial".
Além disso, a ênfase de Sábato na "leitura apaixonada" prova que a arte e a cultura são fundamentais para a compreensão de nós mesmos e do mundo ao nosso redor.
Aliás, talvez seja Sábato o autor de uma das obras mais sensacionais da América Latina: "Sobre Heróis e Tumbas", lançado em 1961 e traduzido em vinte idiomas.
Os críticos falam o seguinte sobre a obra que eu tenho em minha biblioteca, mas nem me lembrava que o possuia.
"(...) Sobre heróis e tumbas é um romance magistral em que se cruzam três fios narrativos: a paixão devastadora de Martín por Alejandra, o nascimento traumático de uma nação e a história da Seita Sagrada dos Cegos, casta maléfica de poderes esotéricos e milhões de súditos no mundo todo. Martín tem dezessete anos e pavor das mulheres, até o dia em que conhece Alejandra. Ela é apenas um ano mais velha, porém já nasceu madura, caótica, torturada e tortuosa, louca talvez - como Fernando, que persegue furiosamente a Seita dos Cegos. Um século antes, o general Juan Lavalle, herói da independência argentina, caçou com a mesma fúria o tirano Juan Manuel de Rosas e teve de bater em retirada rumo à Bolívia, para salvar a própria cabeça e os sobreviventes maltrapilhos de sua famosa Legião.Sabato decompõe o ciúme corrosivo de Martín e as pulsões incestuosas de Fernando, radiografa a demência da ilustre família Olmos e o ódio fratricida dos caudilhos na luta pela emancipação da pátria, interroga as mensagens mais obscuras do inconsciente, os sonhos e pesadelos, os mitos. O cenário é Buenos Aires, metrópole dos cafés literários e dos cortiços de imigrantes, dos bares de La Boca e dos torcedores do Boca, do peronismo ainda triunfante nos anos 50. Dessa viagem, o leitor não volta ileso. Mas terá descoberto que Ernesto Sabato é um escritor apaixonadamente humano e que o reverso de sua visão trágica do mundo é a metafísica da esperança.Nascido em 1911, Sabato doutorou-se em física e, no final da década de 40, quando se obteve a fissão do átomo de urânio, tornou-se pesquisador do Laboratório Curie, em Paris. Uma visão premonitória e apocalíptica da bomba atômica o fez abandonar a ciência e dedicar-se à literatura".
Essas pequenas coisas que surgem assim de repente nas redes sociais, aproveito-as para ampliar minha visão de vida e de mundo.
Mín. 11° Máx. 23°