Fernanda Montenegro ocupa um lugar inquestionável no panorama da dramaturgia brasileira, sendo amplamente reverenciada como a maior atriz do país. Sua presença cênica e contribuição para as artes continuarem a impactar gerações de atores e atrizes, e sua trajetória é exemplo de excelência. No dia 16 de outubro, Montenegro celebrou seus 95 anos, e suas novidades artísticas refletem uma carreira que transcende modismos e impõe-se como marco cultural.
Em agosto, uma ocasião no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, reuniu mais de 15 mil pessoas, que se deslocaram para acompanhar a atriz em uma leitura baseada na obra "A Cerimônia do Adeus”, da filósofa francesa Simone de Beauvoir. Ao final da performance, um momento de grande simbolismo tomou conta do ambiente: com a abertura das portas do fundo do palco, Fernanda voltou-se para o público e, emocionada, declarou: "Esta é minha grande festa de aniversário."
O significado desse momento, repleto de emoção, é intensificado pela escolha da obra de Beauvoir, que a atriz revisita 15 anos após tê-la interpretada sob a direção de Felipe Hirsch. As últimas palavras do monólogo, "Não sou escrava do meu passado. O que sempre quis foi comunicar da maneira mais direta o sabor da minha vida", ecoam como uma espécie de descrição da própria trajetória de Fernanda.
Sua importância no cenário artístico é extremamente reconhecida por seus colegas. A atriz Christiane Torloni já afirmou: “Fernanda estimula, aconselha, ela inspira as novas gerações” (Fonte: O Globo, 2023). Vinícius de Oliveira, que trabalhou com Montenegro na Central do Brasil, sem dúvida um personagem icônico, destacou: “Seu legado é vasto e essencial, funcional como fonte inesgotável de estudos e de formação acadêmica” (Fonte: Veja, 2022).
O alcance da obra de Fernanda Montenegro não se restringe às fronteiras brasileiras. Sua atuação na Central do Brasil, um marco do cinema nacional, foi amplamente aclamada internacionalmente. Em 1998, no Festival de Berlim, o ator britânico Jeremy Irons elogiou sua interpretação, dizendo: “Fernanda Montenegro oferece uma performance que encapsula a essência da atuação magistral” (Fonte: The Guardian, 1998).
A indicação ao Oscar de Melhor Atriz em 1999, pela mesma produção, representou um feito inédito na história do cinema brasileiro, sendo Montenegro a primeira atriz do país a alcançar tal honraria.
Ao longo de mais de sete décadas de trabalho ininterrupto, Fernanda Montenegro construiu um legado inigualável tanto no cinema quanto no teatro. Entre suas performances mais notáveis no palco, destacam-se "A Falecida" (1965), de Nelson Rodrigues, pela qual recebeu o prestigiado Prêmio Molière, e "As Lágrimas Amargas de Petra von Kant" (1982), que lhe rendeu o Prêmio Mambembe. Seu papel em “Doce de Mãe” (2013) também rendeu a ela o International Emmy Award, evidenciando seu impacto global (Fonte: International Academy of Television Arts & Sciences ).