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A força da África como base para a liderança no contexto da Literatura Mundial

Começa com o tema de redação do ENEM deste 2024.

04/11/2024 às 20h35
Por: Mhario Lincoln Fonte: *Redação do Facetubes c/departamento de pesquisa
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Foto: Um defeito de cor – Ana Maria Gonçalves: Livro que inspirou o samba enredo da Portela, no carnaval de 2024. A fascinante história de uma africana em busca do filho perdido que se tornou um clássico da literatura contemporânea.

 

*Redação do Facetubes c/departamento de pesquisa

 

Caiu como uma bomba para os mais de 4 milhões de candidatos inscritos no Enem desse ano, o tema da redação: ‘Desafios para a valorização da herança africana no Brasil’. E sabem por quê? Porque chegou a hora dedar a real importância para a literatura africana diante da literatura moderna mundial. E isso, não só o Enem enxergou, mas muitos chegaram à conclusão que é inegável essa valorização.

 

Na verdade, a literatura africana em língua portuguesa tem raízes profundas, remontando ao século XVI com a narrativa manuscrita "Tratado breve dos reinos (ou rios) da Guiné", do cabo-verdiano André Álvares de Almada, escrito em 1594. Contudo, foi apenas em 1849 que se imprimiu a primeira obra africana em português: "Espontaneidades da minha alma", do autor angolano José da Silva Maia Ferreira.

Vale saber que no período pré-independência, com o crescimento dos movimentos anticoloniais nas décadas de 1940 e 1950, a literatura começou a refletir intensamente sobre as lutas pela liberdade. Escritores como Noémia de Sousa e Pepetela surgiram nesse contexto, abordando questões sociais e políticas que refletiram a busca pela independência e pela afirmação identitária.

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Após as independências conquistadas nas décadas de 1970 e 1980, a literatura africana passou a celebrar a cultura local e a explorar questões identitárias, sociais e políticas. Autores como Mia Couto (Terra sonâmbula um romance que explora a guerra civil em Moçambique através de uma narrativa poética) e Paulina Chiziane tornaram-se vozes poderosas nesse período, oferecendo narrativas que dialogam com a tradição e a modernidade.

Mas vale perguntar para nossos umbigos: a conexão entre a literatura africana e a brasileira é significativa? Basta relembrar que a escravização trouxe quase 5 milhões de africanos para o país. E essa herança cultural é visível na literatura afro-brasileira contemporânea, que busca resgatar e valorizar as experiências e identidades africanas.

Veja: a partir de 2003, com a promulgação da Lei nº 10.639, que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas, houve um aumento no interesse pela literatura africana, incentivando instituições educacionais a integrarem obras africanas em seus currículos.

Embora a influência dos autores africanos na literatura brasileira tenha sido historicamente silenciada, a cultura africana está profundamente enraizada na produção literária nacional. Autoras como a maranhense Maria Firmina dos Reis—considerada a primeira romancista brasileira e pioneira na crítica antiescravista—, Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo (entre outras expoentes), abordam questões relacionadas à identidade negra, refletindo as experiências afrodescendentes no Brasil.

Desta forma - e é bom aplaudir efusivamente - a interconexão entre as literaturas africanas e brasileiras promove uma compreensão mais ampla das identidades culturais em contextos históricos semelhantes.

Como afirmou o grande escritor português José Saramago, "A literatura é a prova de que a vida não é suficiente", ou seja, pode-se dizer que a literatura africana contribui significativamente para a ampliação do horizonte literário mundial. No Brasil, os críticos literários destacam a importância da literatura africana contemporânea para a compreensão das raízes culturais e históricas do país.

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Algumas sugestões para ler livros mais interessantes da literatura africana, começando por "Homens de Verdade", de Mohamed Mbougar Sarr (Editora Malê). Este autor esteve na FLIP este ano e foi uma das sensações do evento. Outro nome: Buchi Emecheta, com obras como "As Alegrias da Maternidade" e "Cidadã de Segunda Classe". Vale ler também, por exemplo, "Niketche: Uma História de Poligamia", de Paulina Chiziane, ganhadora do "Prêmio Camões", um dos mais importantes reconhecimentos da língua portuguesa. Essa obra discute as complexidades das relações familiares na sociedade moçambicana.

E por fim, dentre algumas dezenas de obras importantes, "Nascido do Crime: Histórias da Minha Infância na África do Sul", de Trevor Noah, conta uma história impressionante, inspirada e divertida da infância e juventude de um dos maiores comediantes da atualidade, ambientada durante os anos finais do apartheid e os tumultuosos dias de liberdade que se seguiram.

Desta forma, a valorização da literatura africana é essencial para a construção de um diálogo intercultural que enriquece a compreensão global da humanidade, ampliando perspectivas e promovendo a empatia entre os povos.

 

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Carmen Regina DiasHá 4 semanas Cascavelhttps://www.youtube.com/watch?v=KRhyb2RRRb8 WE ARE THE WORLD Uma joia musical que homenageia Quincy Jones e a imensa nação Africana. Não consigo ouvir sem me debulhar em lágrimas... Quanta sensibilidade, santo Deus!!!Quanto talento!!!
Carmen Regina DiasHá 4 semanas CascavelNos torneios de tênis, que estão ocorrendo, ainda, em especial na Europa, mostram o público, raramente se vê pessoas de descendência africana entre os espectadores, mas, entre os atletas, sim, e são, não raro, os melhores jogadores, como Tiafoe, por exemplo. Eu observo... até porque sou apaixonada pela Africa e seus filhos, sua arte, suas manifestações religiosas. Viva o continente africano, Saúde, África! Gratidão, mestre, por esta matéria magnífica!
JaimeHá 4 semanas RioEntão a senhora quer dizer que a política educacional do Governo Federal é excludente? explique-se meljhor, por favor.
Renata Barcellos Há 4 semanas Rio de Janeiro Excelente abordagem Desafio maior é capacitação do professor O tema faz-se excludente uma vez que de uma forma geral os candidatos têm pouco repertório.
Luzia Fernandes, professoraHá 4 semanas Natal RNGrandiosíssimo tema, senhor editor. Parabéns. Talvez o único veículo de comunicação virtual que se deu conta disso.
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