*Mhario Lincoln
Monica Puccinelli, poetisa de Curitiba, Paraná, mas nascida em Camaiore província di Lucca, Toscana/Itália, membro emérita da Academia Poética Brasileira, tem se destacado pela simplicidade e profundidade emocional em suas composições. É assim que eu vejo essa singela poeta e sua poesia. Por vezes leio e releio seus trabalhos e a cada vez, sinto que sua obra reflete uma conexão intrínseca com as emoções passadas e com os laços familiares, construindo narrativas lúdicas que revivem momentos significativos de sua vida.
Tenho-lhe um imenso carinho. Basta conviver com ela e conhecer sua alma. Monica Puccinelli tem algo que raríssimas pessoas têm: ela dignifica a simplicidade, mostrando que a profundidade emocional não depende de complexidades linguísticas ou estilísticas. E mais: sua poética é um convite à contemplação das pequenas coisas que compõem a essência da vida. É nessa parte que convido para a mesma mesa o filósofo alemão Martin Heidegger: "(...) a poesia tem o poder de revelar a verdade do ser através da linguagem simples e cotidiana".
Sinto-me imensamente feliz porque ler Monica Puccinelli é celebrar as etapas da vida e das emoções que as acompanham e acaba por confidenciar reflexões que faz sobre sua própria jornada, acompanhando a beleza nas transições e encontrando no amor, a constante que nutre e conforta, através de uma poesia lúdica e sincera, fatos que a tornam interessantes e atemporais.
Neste caso, o poema "Movimento" exemplifica essa essência, explorando as transições das estações como metáforas para as fases da existência humana. Porque ela é sábia ao utilizar a natureza (sempre utiliza) e transformações sazonais, para ilustrar o ciclo da vida. A infância é retratada pela primavera, com "crianças brincando" e "flores brotando", simbolizando o início e a inocência. À medida que o poema avança, as emoções intensas da juventude emergem no verão, onde "paixões explodindo" refletem a energia e o fervor dessa fase.
O outono traz um tom de reflexão e serenidade: "Percebemos serenamente o esplendor da natureza, caminhamos lentamente, sem pressa". Aqui, a poetisa sugere um amadurecimento, uma apreciação mais profunda das escolhas feitas e dos caminhos trilhados. Finalmente, o inverno representa introspecção e preparação para “grandes viagens”, possivelmente aludindo à fase final da vida e à contemplação da eternidade do espírito.
A simplicidade da linguagem de Puccinelli não diminui a profundidade de seus sentimentos. Pelo contrário, como disse Drummond de Andrade: "A poesia é a fala essencial que se dirige à essência do ser". Desta forma, a poeta nascida italiana, alcança essa essência ao abordar temas universais como amor, tempo e existência de forma direta e emotiva.
Além disso, é exatamente essa presença do tema - amor - inesgotável que "sacia e conforto nossa vida". Isso me trouxe à mesa Albert Camus, que explorou o absurdo da vida e a busca por significado. Camus afirmou: "No meio do inverno, descubro dentro de mim um verão invencível". Puccinelli anda a passos largos nesse rumo ao encontrar conforto e fé mesmo nas fases mais frias e desafiadoras da vida.
Destarte, querida Puccinelli, a estrutura da sua obra, sem rimas rígidas, permite que as imagens e emoções fluam naturalmente, convidando a mim e ao leitor a uma jornada introspectiva.
Mhario Lincoln, Presidente da Academia Poética Brasileira.
Movimento
Monica Puccinelli
Crianças brincando, pássaros cantando
a nosso redor flores brotando a grama
verde acariciando nossos pés.
O sol iluminando, dias primaveris.
juventude amando, paixões explodindo
no turbilhão das emoções muitos se
perdendo,todos querendo parar ou
vencer o tempo entrando de cabeça
nas várias ilusões.
É verão, o mar, a montanha transmitem
e acolhem um turbilhão de emoções.
Começa o outono, o frescor do clima,
nos da paz e as folhas das árvores
frondosas com cores maravilhosas
enriquecem nosso ângulo de visão.
Percebemos serenamente o esplendor
da natureza, caminhamos lentamente,
sem pressa, apreciando os caminhos
por nós escolhidos nos levam ao nosso
interior.
Recolhidos pelo frio do inverno,
aquecemos nossas recordações,
estamos preparados para grandes
viagens, todas terão ida e volta,
conscientes da eternidade de nosso
espírito, nada mais nós assusta.
A fé é nossa companheira constante,
os entes queridos que nos seguem
regidos pelos arroubos emocionais,
não compreendem, que nossa
serenidade é real.
O Movimento das estações da vida,
as mudanças constantes do nosso viver,
ensina a todos a cultivar dentro de nós
a semente que sacia e conforta nossa
vida é uma semente inesgotável,
chamada Amor
Monica Puccinelli
13-11-10-Curitiba
Paraná Brasil
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