Com toda certeza, 15 de Novembro no Brasil, Dia da Proclamação da República, vai muito além dos efeitos políticos. Inclui, igualmente um outro processo bastante significativo e social de forma profunda. Trata-se de como esse ato político influenciou a arte e a cultura da época.
Por isso, vale destacar os cinco maiores intelectuais, poetas e pensadores brasileiros que participaram ativamente desse movimento republicano de forma artística, contribuindo para a transformação política que resultou na Proclamação da República em 15 de novembro de 1889.
Elencamos os nomes abaixo, não no grau de importância, pois todos têm importância siginificativa nessa mudada de direção. Assim, trazemos à baila o grande Raul Pompéia (1863–1895), escritor e jornalista cujas obras refletiam críticas sociais e políticas da época. Seu romance mais famoso, "O Ateneu" (1888), é uma narrativa semi-autobiográfica que expõe as falhas do sistema educacional elitista durante o período monárquico. Através de uma análise profunda das relações humanas e da estrutura social, Pompéia criticou indiretamente o regime monárquico e promoveu ideais republicanos.
Impossível não relacionar Olavo Bilac (1865–1918), um dos principais poetas do parnasianismo brasileiro que usou sua poesia para fomentar o nacionalismo e o sentimento cívico. Em coletâneas como "Poesias" (1888), Bilac exaltou a pátria e incentivou a construção de uma identidade nacional desvinculada da monarquia. Sua atuação foi além da literatura, participando de campanhas que promoviam a educação e o serviço militar obrigatório, alinhadas com os ideais republicanos.
Impossível, também, não vincular José do Patrocínio (1853–1905), a esse momento. Jornalista, escritor e orador, desempenhou papel crucial nos movimentos abolicionista e republicano. Através de seus escritos em jornais como "Gazeta de Notícias" e "A Cidade do Rio", ele defendeu fervorosamente o fim da escravidão e a instauração da república. Seu talento literário e oratório mobilizou a opinião pública e o consolidou como uma das vozes mais influentes de sua época.
Tobias Barreto (1839–1889) é outro grande nome da época. Filósofo, poeta e jurista, Tobias Barreto foi fundamental na introdução de novas correntes de pensamento no Brasil. Em obras como "Dias e Noites" (1876), ele combinou poesia com crítica social e política, desafiando conceitos tradicionais e promovendo ideias republicanas. Sua filosofia incentivou a reflexão sobre a necessidade de mudanças estruturais na sociedade brasileira.
Sílvio Romero (1851–1914) foi outro autor que influenciou a mudança de rumos no Brasil. Crítico literário, poeta e ensaísta, contribuiu significativamente para a formação da identidade literária brasileira. Em "História da Literatura Brasileira" (1888), ele defendeu uma literatura nacional que refletisse a cultura e a realidade do país, desvinculando-se das influências coloniais e monárquicas. Suas ideias promoveram o nacionalismo e apoiaram os princípios republicanos.
Esses intelectuais utilizaram suas habilidades artísticas para questionar o status quo e inspirar mudanças, desempenhando papéis importantes na preparação do terreno para a Proclamação da República. Suas obras não apenas enriqueceram a cultura brasileira, mas também serviram como ferramentas de transformação social e política.
Porém, não foi só no Brasil que a literatura influiu diretamente nas mudanças político-socias de um pais.
Sándor Petőfi (1823–1849), poeta e revolucionário húngaro, considerado um dos maiores poetas líricos da Hungria, também exerceu sua parte no movimento nacionalista que buscava a independência da Hungria do Império Austríaco.
Em 15 de março de 1848, Petőfi recitou seu poema "Nemzeti dal" (abaixo, um trechinho), nas ruas de Budapeste para uma multidão crescente. Este ato é amplamente reconhecido como o catalisador que desencadeou a Revolução Húngara de 1848. O poema convocava o povo húngaro à ação, incitando sentimentos nacionalistas e exigindo liberdade e independência.
Trecho de "Nemzeti dal":
Levanta-te, húngaro, a pátria te chama!
Chegou o momento, agora ou nunca.
Seremos escravos ou livres?
Esta é a questão, escolha!
Enquanto recitava o poema, amigos do poeta distribuiam um um documento conhecido como "As 12 Pontos", que listava as demandas dos revolucionários, incluindo liberdade de imprensa, um governo nacional e igualdade perante a lei.
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Fonte: Pompéia, R. (1888). O Ateneu.
Fonte: Bilac, O. (1888). Poesias.
Fonte: Munanga, K. (Org.). (2012). Superando o Racismo na Escola. Brasília: Ministério da Educação.
Fonte: Barreto, T. (1876). Dias e Noites.
Fonte: Romero, S. (1888). História da Literatura Brasileira. Petőfi, S. (1848). Nemzeti dal. Disponível em húngaro no Projeto Gutenberg: Nemzeti dal Kontler, László. (2009). A History of Hungary. Palgrave Macmillan.
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