Augusto Pellegrini é membro da Academia Poética Brasileira.
Chubby Checker introduziu na hit-parade o novo ritmo chamado “twist”, que foi baseado, como já vimos, na música “The Twist”, na qual o dançarino se contorcia para fazer jus ao nome.
Embora distante das acrobacias do lindy hop, o twist (e também o hully-gully e outros derivados) ia de encontro aos anseios dos dançarinos de salão.
E ao contrário dos esguios e elegantes lindyhoppers marcados historicamente pelas cultuadas imagens de Frankie Manning e Norma Miller, o rechonchudo Chubby Checker costumava usar terno escuro ou um conjunto calça e paletó nada fashion, decorado por uma gravata fora de propósito, tudo definitivamente antiestético.
A música de Chubby Checker e de seus seguidores fez história, atravessando a América e se espalhando pelo mundo, embora alvo das críticas e da ira dos conservadores. Já com mais de 80 anos, Checker aposentou o terno brega, mas continua se apresentando regularmente, e a música “The Twist” recebeu o prêmio como o maior sucesso da Billboard entre os anos de 1958 e 2008.
Repetindo o que havia acontecido quarenta anos antes com o swing, e mais tarde com os requebrados eróticos de Elvis “The Pelvis” Presley, o twist foi acidamente condenado por líderes religiosos e outros moralistas, que consideravam a música “uma demonstração de promiscuidade racial”.
Na opinião destes paladinos, que culpavam os negros pela existência do twist, “aquilo era uma música cuja dança estimulava precocemente o apelo sexual dos adolescentes, por causa dos seus movimentos corporais obscenos”.
Assim, enquanto a tendência do rock era cada vez mais a de se tornar uma música de radicais contestadores, o twist e os seus primos pop caminhavam no sentido oposto, com uma preocupação meramente lúdica.
O twist acabou ficando pelo caminho, até por não possuir uma qualidade musical mais consistente, mas deixou patente aos olhos de todos a necessidade da dança e da expressão corporal, que foi atendida através das pequenas dance houses da década de 1970 e dos dance halls que vieram a seguir substituindo a música ao vivo pelo som dos DJs. Este fenômeno se espalhou por todo o mundo, dura até os dias de hoje e não tem data para acabar.
A música norte-americana tomava, na época, diversos caminhos. O blues se mantinha inatingível, embora com o poder de alcance limitado aos puristas e roqueiros mais sofisticados, mas abriu caminho para a chamada “black music” que viria a ser artística e comercialmente explorada pela gravadora Motown. Com o passar dos anos, houve a popularização de diferentes novidades vocais com tendências jazzísticas como The Singers Unlimited, The Manhattan Transfer, e Lambert, Hendricks & The Ross Ensemble, de cantores como Bobby McFerrin, Linda Rondstad e Joe Jackson, e dos cantores-pianistas Harry Connick Jr. e Michael Feinstein, só para citar uns poucos.
O movimento punk explodiu e ganhou status, mas a tônica da época eram as discotecas e o surgimento de grupos como Bee Gees, Village People, ABBA, The Manhattans, Simon & Garfunkel, The Carpenters, Creedence Clearwater Revival, Queen e cantores como Michael Jackson, Gloria Gaynor, Marvin Gaye, Carole King, Aretha Franklin, Roberta Flack, Billy Joel e Elton John.
Aquele momento, porém, também indicava uma forte tendência de modernização dos estilos musicais mais antigos, e alguns críticos começaram a chamar o movimento de “a indústria americana da nostalgia”, como se tudo não passasse de uma volta ao passado.
Foi neste clima, em pleno apogeu das casas de techno e hip-hop, que a década de 1990 apresentou outra novidade: os swingsters.
Os “swingsters” era uma geração de jovens cheios de animação que buscavam retomar o prazer de dançar os hits de Benny Goodman ou Louis Jordan dentro da ótica do lindy hop, adicionando à melodia original efeitos eletrônicos. O som, além de manter a pulsação do velho swing, recheava a música com novos efeitos e com um beat moderno, rápido e contundente, ao qual eles denominaram “jump-jiving”.
Com os swingsters nasceu um estilo musical alegre e extrovertido que era ao mesmo tempo futurista e retrô, chamado de “neo-swing”, congregando músicos com os instrumentos acústicos de uma big band, mas também produzindo sons mecânicos e eletrônicos. No caso das apresentações ao vivo, a música era um convite para que o público revivesse a febre dos antigos salões.
Ao lado do “neo-swing” surgiu o “swing revival”, que procurava na medida do possível manter as características do swing original.
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