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Editorial do Mhario Lincoln

“A Vida não é aleatória”. (Exclusivo do Facetubes). Analisando as palavras da professora Lucia Helena Galvão: “Por que que eu sei? Porque li a vida...”

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Mhario LIncoln
18/01/2025 às 13h32 Atualizada em 18/01/2025 às 20h12
Editorial do Mhario Lincoln
Arte sônica (GINAi)

*Mhario Lincoln (Leia mais no www.facetubes.com.br)

A professora Lucia Helena Galvão afirma, nesse recorte do Instagram (abaixo) que "a vida não é aleatória… Ela tem uma lógica, uma inteligência que nos orienta a cada passo. Por exemplo: se você é impaciente, provavelmente atrairá situações e pessoas que ajudarão a lapidar essa impaciência, promovendo seu crescimento". E complementa, ao final com uma frase que me instigou a escrever esse texto.

Ela disse:

"Por que que eu sei? Porque li a vida..."


Fui pesquisar sobre “... porque li a vida” e entendi o quão importante é essa frase. Mesmo porque, há algo de profundamente arquetípico que evoca a pesquisa simbólica da psique, tão cara a Carl Gustav Jung. 


Quando Jung se propôs a compreender o ser humano em sua totalidade – incluindo seus sonhos, mitos e símbolos universais –, trouxe à tona a ideia de que o conhecimento genuíno está entranhado numa experiência direta com a realidade e com o inconsciente coletivo. Nesse sentido, “ler a vida” é como se lançar às profundidades interiores (abissais) e emergir em meio às revelações que, sem querer, acabamos compartilhando no dia a dia, nas redes sociais, nos encontros, nos bares.


Na minha pesquisa fui ao encontro dos maravilhosos gregos antigos. Eles ensinaram um princípio muito conhecido. Do “conhece-te a ti mesmo”, inscrito no oráculo de Delfos e reafirmado por Sócrates. Esse convite ao autoconhecimento ilustra a mesma busca anunciada por Jung para que a consciência das camadas mais profundas da psique individual, seja explicitado. 


Reaprendi (cm certeza), lendo e pesquisando sobre o tema, que historicamente, no século XX, a ideia de “ler a vida” ganhou novos contornos com pensadores existencialistas, como Jean-Paul Sartre e Martin Heidegger. (Impossível não lê-los).  Para eles, o ato de existir é, em si mesmo, uma leitura contínua do mundo, onde o homem não apenas observa, mas vive e transforma a si próprio.

Sob essa perspectiva, a frase “Por que eu sei? Porque li a vida...” ganha adendos ainda mais profundos quando é entendido que o saber não pode ser meramente teórico ou abstrato. É preciso atuar na existência, interpretar seu enredo e, por conseguinte, participar de sua elaboração enquanto personagem e autor simultaneamente. Daí, volto a tocar na mesma tecla: por que eu sei? Porque "li a vida". Ou seja, cada livro, cada poema, cada aventura que se lê, (sejam até mesmo depoimentos em divãs), abrem os portões da criatividade, misturada ao dom de cada um. Essa é a regra! Se não assim, vira figuração.


Por outro lado, pensar nessa frase como crítica de filosofia e arte desperta reflexões sobre o papel do artista e do pensador. A criação artística, como uma “leitura” sensível da vida, traduz pulsões profundas em formas estéticas, enquanto a filosofia, por sua vez, tenta verbalizar esse mistério em conceitos, categorias e proposições lógicas. Contudo, há uma intersecção sutil: na essência, ambos estão comprometidos com a urgência de compreender o que é viver, na plenitude do nosso espírito e da nossa condição humana. 

Assim, a mensagem de Lúcia Helena Galvão – “Por que eu sei? Porque li a vida...”, que me tocou profundamente quando a ouvi, transpõe a própria história do pensamento ocidental, quando me sento na mesma mesa com Sócrates, Platão, Aristóteles, Jung e Sartre. Ela nos lembra que o conhecimento profundo não floresce de meras abstrações, mas brota da seiva da experiência vívida, do contato reverente e curioso com o mundo e com a própria alma.

Destarte, esse saber, embora pessoal e intransferível, acaba se convertendo em uma ponte entre os indivíduos, pois ao compartilhar leituras da vida, se reforça, queira o autossuficiente ou não queira, a compreensão mútua e a renovação do humano. Sempre vou por esse caminho.

VÍDEO-BÔNUS

 

Mhario Lincoln. Presidente da Academia Poética Brasileira
Jornalista e poeta.

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JaimeHá 4 semanas Brasília/DFParabéns por trazer a baila esse assunto. Mas um show de publicação. Aplausos de pé!!!
Keila MartaHá 4 semanas São LuísMagnífico texto. Todo esse acarbouço filosófico diz muito sobre o que no fim das contas habitamos esse planeta, no nosso íntimo temos sede de aprender, nutrir de conhecimentos e aprimoramentos seja na arte, nos conhecimentos científicos nas suas variadas formas e outros tantos ligados a religião, e a vida no cotidiano, nas convivências e hábitos. A vida sem dúvidas não é aleatória, mesmo daqueles que parecem viver sem rumo, mas a inteligência criadora tem um propósito evolutivo. Íncrível artigo
Marcelo ThazHá 4 semanas Cidade de São PauloMeu caro Mario. Impossível não aplaudir esse teu texto. Muito significativo.
ELISA LAGOHá 4 semanas São LuísQue sensacional essa análise Mhario Lincoln! Ler a vida é compreender e aprender a cada experiência vivida e saber que estamos aqui munidos de gestos e ações com a missão de resgatar o mais humano que há em nós; amor e empatia, por exemplo.
MARIA Alice Prazeres, escritoraHá 4 semanas RIO DE JANEIROA cada dia me surpreendo com sua capacidade de entendimento e análise querido Mhario.
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