Por Mhario Lincoln, jornalista, poeta e Presidente da Academia Poética Brasileira
"Nos poucos instantes da Anunciação, a Virgem Maria soube rejeitar o medo, embora tenha previsto que o seu “sim” lhe teria causado provações muito duras. Se na oração compreendermos que cada dia concedido por Deus é uma chamada, então dilataremos o coração e acolheremos tudo. Aprende-se a dizer: “O que quiseres, Senhor. Promete-me apenas que estarás presente em cada passo do meu caminho”. Isto é importante: pedir ao Senhor a sua presença em cada passo do nosso caminho: que não nos deixe sozinhos, que não nos deixe cair em tentação, que não nos abandone nos momentos difíceis. Conclui-se assim o Pai-Nosso é assim: a graça que o próprio Jesus nos ensinou a pedir ao Senhor". (
O poema-oração da jornalista e poeta Aldrei Judite Barbosa, esposa do empresário Clélio Silveira (Jornal Agora-Santa Inês) me deixou deveras emocionado. A cada verso, eu senti uma sensação imaculada de amor, carinho e Fé. Muita Fé, além de uma demonstração inalcançável – para alguns – do amor materno incondicional.
A autora, jornalista e mãe de duas filhas, expressa a força do laço que une a família, mesmo quando se depara com dificuldades tão profundas como a depressão e a busca da própria identidade. Por isso, esperava uma oportunidade para refazer a ideia básica da reflexão do ensaísta e poeta Khalil Gibran, que diz: “Vossos filhos não são seus filhos; são filhos e filhas da ânsia da vida por si mesma”.
Ora, se por um lado, Gibran destaca que os filhos “pertencem” ao mundo, tendo seu próprio destino e vontade, Aldrei Judite Barbosa, por outro – e aqui, pendo à favor - reforça, em cada estrofe de sua poesia, a certeza de que existe um vínculo sagrado entre mãe e filha – um amor que nunca se rompe, pois é sustentado por algo maior: a fé em Deus e a intercessão de Maria Santíssima.
À proporção que ia lendo esse poema-oração, entendo que Yasmim (a filha) vai sendo acolhida pela mãe com ternura, consolo e, sobretudo, esperança. Ao narrar a luta diária de Yasmim contra a depressão e os traumas vívidos, Aldrei apresenta o outro lado de Gibran: ainda que os filhos tenham autonomia e sejam livres para viver seus próprios caminhos, existe sim, e isso é fato, é realidade, um laço espiritual tão forte que deixa a família fortalecida pelo milagre da oração.
No momento em que prosseguia a leitura, minha emoção pululava e por algumas vezes, deixei que meus olhos virassem mar. Vi a importância da intercessão divina e da presença de Maria Santíssima – a quem a Renovação Carismática Católica (RCC) e muitas outras expressões da Igreja, consagram devoção.
Impossível não sentir essa abertura dos oceanos, como Moisés. Porque por meio dessa fé inquebrável, na força da oração, que a mãe acredita na recuperação e na transformação da filha. A esperança de que “Mimi volte a ser Yasmim” está diretamente relacionada à confiança absoluta de que Deus atua nos corações e realiza milagres.
Isso traz para a mesma mesa, por exemplo, Santa Teresa de Ávila, doutora da Igreja, que afirmava que "a oração é uma porta para as grandes graças que Deus quer nos". São Padre Pio, o santo frade capuchinho italiano, famoso pelos estigmas e pelas curas atribuídas à sua intercessão, defende que “a oração é a melhor arma que temos; é a chave que abre o coração de Deus”. Seu testemunho inspira até hoje milhões de fiéis a recorrerem à oração como fonte de milagres.
Assim como Santa Teresa e São Padre Pio, Aldrei Judite Barbosa e sua família depositaram sua confiança no poder da intercessão divina. Nas entrelinhas do poema, percebemos que, mesmo em meio à dor, a mãe e o pai de Yasmim jamais abandonaram a fé; pelo contrário, fortaleceram-na com orações fervorosas.
Mais uma prova indelével que existem milagres através da força da Intercessão de Maria Santíssima. A Igreja Católica, ao longo dos séculos, tem inúmeros milagres reconhecidos pela fé e pela oração. Entre eles, destacam-se casos de crianças desenganadas por médicos que sobreviveram de forma inexplicável para a ciência, mas perfeitamente explicados no âmbito da fé.
No Brasil, outro caso, além de Yasmim, foi o do menino Lucas, que em 2013 sofreu uma queda de cerca de seis metros de altura e teve graves traumatismos. Os médicos não depositaram grandes esperanças em sua recuperação. Contudo, após um grupo de orações, pediram intercessão dos beatos Jacinta e Francisco Marto (os Pastorinhos de Fátima). Então, a cura de Lucas ocorreu de modo surpreendente.
Em 2017, a Igreja conheceu oficialmente esse milagre, possibilitando a canonização dos Pastorinhos de Fátima .
No exterior, temos o milagre que levou à beatificação (posteriormente canonização) do Papa Paulo VI . A história envolve uma gestante na Califórnia (EUA), em risco de vida e aconselhada pelos médicos a interrupção da gravidez. Em vez disso, recorreu à intercessão à Paulo VI, famoso pela sua encíclica Humanae Vitae, que exalta a sacralidade da vida. Milagrosamente, a mãe teve a gravidez bem-sucedida e a criança nasceu saudável, fato reconhecido pela Igreja.
No contexto do poema “Minha doce Yasmim e sua guerra interna...”, cada verso clama pelo amparo de Deus e de Maria Santíssima, para que a filha retorne à serenidade e reencontre sua verdadeira identidade. É um amor irrestrito que, longe de aprisionar, nutre e fortalece Yasmim.
Por isso, tenho que render minhas homenagens a Aldrei que nunca abandonou a Igreja e vem se dedicando fervorosamente ao trabalho de evangelização, atuando na Renovação Carismática Católica do Maranhão (RCC) e coordenando diversas missões de intercessão. Isso mostra que o testemunho de Fé não fica apenas no discurso, mas transborda em seu poema.
Ela própria se faz intercessora de sua filha, demonstrando em cada verso que o amor materno pode ser comparado a uma chama ardente que jamais se apagou, pois é sustentada pela fé naquela época que tudo pode. Não há dúvidas de que, para além de poeta e jornalista, Aldrei é abençoada por Deus. Sua oração-poema transcende o plano literário e torna-se um testemunho vivo do poder da intercessão divina e da força inquebrantável do amor entre mãe e filha. Esse poema-prosa que ora analiso, é uma prece repleta de emoção, esperança e devoção. É a prova de que a Fé é capaz de reverter diagnósticos e o desespero humano, de que o amor familiar é inquebrável e de que, quando se coloca a dor e a vida nas mãos de Deus, Maria e dos Santos, milagres acontecem: (...) “em Deus, sigo confiante que o amor vencerá toda dor”. (Aldrei Judite Barbosa, em “Minha doce Yasmim e sua guerra interna...”).
Mhario Lincoln
Jornalista, poeta e Presidente da Academia Poética Brasileira
O POEMA/PROSA
Minha doce Yasmim e sua guerra interna, por vezes externada
Aldrei Judite Barbosa
I
Yasmim nasceu menina
Yasmim cresceu doce
Yasmim na sua doçura de menina
buscou silenciar a dor de não se sentir
pertencente ao seu corpo.
Yasmim, com seu corpo frágil,
palavras firmes e coração gigante,
sai de casa em busca da arte na moda.
II
Yasmim que luta dia após dia
contra sua essência doce, meiga e cativante,
explode após dois abusos e passa por uma transformação
Yasmim, a doce e meiga, traz no olhar uma inquietação
Yasmim, já não se reconhece como Yasmim,
mas como Mimi, e segue em busca do seu eu.
III
Yasmim, está com a mente doente
Yasmim, não vê nada de bom
Yasmim já não vê sentido em viver
Yasmim, grita, chora, agride a ela e aos que ama
Yasmim, não tem mais fé, nem mesmo nela
Yasmim, só vê dor e tristeza!
Yasmim recebe o diagnóstico de depressão
e transtorno, mas Mimi só tem 20 anos.
IV
Yasmim pede ajuda, me abraça como na infância
Yasmim pede socorro!
Yasmim começa o tratamento,
terapia e volta para faculdade
Yasmim, segue em tratamento dia após dia
Mimi não estando em crise volta a ser
a doce, meiga e sorridente Yasmim de Maria.
V
Mas, Mimi tem o amor dos pais e força
para ser e fazer o melhor, e reage!
Yasmim hoje, já sinaliza a busca da sanidade
e da identidade mental e emocional.
Yasmim de Maria, mesmo sendo Mimi
só vejo em você minha doce e meiga Yasmim.
Em Deus, sigo confiante que o amor vencerá toda dor
Minha doce Yasmim de Maria,
Mimi, confiança e perseverança te conduzirão
ao seu eu, e a essência que Deus te deu.
*Aldrei Judite Barbosa tem 50 anos, é casada, mãe de duas filhas, é colunista de Jornal, Jornalista com DRT e tudo, paranaense de Maria Helena, mas residente no Maranhão e faz com frequência a ponte aérea entre o MA e SP onde as filhas residem, ex-apresentadora de programas de TV, e com forte atuação na RCC do Maranhão, onde já coordenou e coordena missões na área de Intercessão".