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QUANDO OS CHATOS, VIRAM MARCHINHA DE CARNAVAL: SORTE DELES

Matéria elaborada em cima da letra da música “ O CHATO”, marchinha de carnaval de Wellington Reis.

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Orquídea Santos/Wellington Reis
02/02/2025 às 20h49 Atualizada em 02/02/2025 às 21h16
QUANDO OS CHATOS, VIRAM MARCHINHA DE CARNAVAL: SORTE DELES
Capa.

 

*Orquídea Santos, editora do Facetubes.

 

Todos conhecem (ou já leram em algum momento) a famosíssima Lista dos Chatos do “Jornal Pequeno” de São Luís do Maranhão. Essa é uma tradição local de há muito. Houve época em que se fazia filas para aguardar a chegada da edição, em várias bancas de jornais espalhadas pela Praça “João Lisboa”, a principal da cidade.

A lista comentava “astúcias e comportamentos anormais”, de pessoas que eram consideradas “chatas” na cidade, durante aquele período.  E sempre de maneira irônica ou satírica.

Vale dizer, no entanto, que em meio à hiperconectividade que caracteriza nossa época, não há mais necessidade de se esperar o final do ano para conhecer os novos chatos da cidade.  Isso porque, com as redes sociais, a figura do indivíduo “chato” ganha novas dimensões e repercussões no cotidiano. Comportamentos que variam desde a intromissão exagerada na vida alheia até a imposição de opiniões de forma desencontrada, despertam a atenção de estudiosos e escritores, e revelam aspectos profundos da convivência social.

E se a gente for aprofundar no campo da psicologia social, é fácil encontrar nesses indivíduos certos traços – como baixa amabilidade e elevado neuroticismo – contribuintes para atitudes popularmente definidas como chatas. Tais comportamentos decorrem frequentemente de inseguranças pessoais, que se manifestam através de uma necessidade excessiva de se importar e de controlar as interações. Em ambientes digitais, onde as fronteiras do espaço pessoal se diluem, essas características se intensificam, provocando desgaste e conflitos em comunidades virtuais e reais.

Na minha opinião, a internet tem ampliado a visibilidade de posturas invasivas e opiniões inflexíveis, criando um cenário onde a “chateza” não apenas incomoda, mas pode deteriorar a harmonia dos grupos sociais e virtuais. O comportamento insistente e a incapacidade de controle dos limites interpessoais, transforma o clima amistoso geralmente em tensão, onde a individualidade se sobrepõe à colaboração e ao respeito mútuo.

Machado de Assis, em obras como Quincas Borba, construiu personagens que, ao se deixarem levar pela obstinação e teimosia, demonstram o lado corrosivo da inflexibilidade. Embora não sejam explicitamente rotulados como “chatos”, essas figuras revelam o impacto negativo que as atitudes rígidas podem ter nas relações interpessoais. Da mesma forma, nosso conterrâneo Josué Montello explora, com ironia e sutileza, personagens que impõem suas visões sem espaço para o diálogo, criticando a incapacidade de se adaptar e a insistência em controlar o ambiente social.

 No popular: a todo momento surge uma pessoa chata em nosso caminho, como “a pedra”, de Drummond. Porque a insistência em dominar as interações, o excesso de opiniões e a falta de empatia não são apenas traços individuais, mas reflexos de uma sociedade que, por vezes, valoriza a expressão extrema em detrimento da convivência harmoniosa.

Desta forma, com a inteligência e experiência que tem (foi durante muito tempo Coordenador de Ação e Difusão Cultural do Maranhão, numa das administrações mais aplaudidas pelos artistas do Estado, naquela época), o compositor Wellington Reis aproveita o gancho da época carnavalesca e relança um dos seus sucessos antigos, uma marchinha irônica e provocativa que ganhou muitas atenções positivas na época do lançamento original.

Nesta nova versão, cuja produção audiovisual foi feita por nosso editor-sênior, jornalista Mhario Lincoln, “O Chato”, ganhou performance do próprio compositor, cuja interpretação ganhou um “up” descontraído, simples e de boa expressão artística. Por essas e outras que Wellington Reis juntamente com Luiz Henrique Bulcão e José Pereira Godão fazem parte de um dos grupos mais sensíveis da cultura do Maranhão, à partir do Planeta Madre Deus, como é chamado o bairro da Madre Deus, em São Luís do Maranhão, por ser um útero que já pariu dezenas de bons artistas maranhenses.

 

Em tempo: para ler matéria interessante sobre a Madre Deus, siga o link: https://encurtador.com.br/lbY49

 

VÍDEO-BÔNUS

O CHATO, de Wellington Reis releitura para o Carnaval de 2025

 

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JaimeHá 2 semanas BSB/DFSHOW DE PUBLICAÇÃO PRESIDENTE!!! PARABÉNS A todos os envolvidos. Gabaritou em alto nível!!!
Joizacawpy Há 2 semanas São luís Muito boa matéria, trazer a público essa questão da falta de limites no convívio social, onde alguns são sempre donos da verdade e da razão.
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