Nova música de Mhario Lincoln, emociona
*Orquídea Santos
"Não há vazio onde Deus soprou o fim" (MHL).
Em meio à dor profunda da perda, há uma luz que se acende na alma e nos lembra que a morte, por mais definitivo que aparece, é apenas uma transformação.
Santo Agostinho certa vez escreveu que "a morte é o portal que nos conduz à eternidade", ensinando que o que realmente amamos nunca se perde, pois o amor de Deus transcende a finitude do nosso existir. Assim, quando um ente querido se vai, não há vazio, mas sim a certeza de que sua essência permanece viva na memória e no coração daqueles que ficam. Mas essa visão dependente muito da Fé que a pessoa tem.
Já o Apóstolo Paulo, em suas cartas, nos convida a ver a morte não como o fim, mas como um novo começo, afirmando que "para nós que vivemos, a morte é uma passagem; para os que dormem, é o despertar de uma nova vida em Cristo". Essa mensagem traz conforto e esperança, pois revela que o adeus terreno é apenas uma curva no infinito do divino, onde cada fim se transforma em uma promessa de reencontro.
Foi com base nessas ideias que nova música do poeta e jornalista Mhario Lincoln, torna-se uma poesia delicada. E acaba nos embalando (com Fé) nesse sentimento de reconciliação com a perda. (Acredito eu que às vezes é muito difícil, sim, essa reconciliação).
Há ainda, no belo soneto de Mhario, musicalizado, citações sobre a sabedoria de São João, que viu a luz "onde o jardim ardia", e de Pedro, que compreendeu que a perda é apenas um destino traçado por uma vontade maior.
Ouvir essa melodia, lá no fundo, é reconciliar-se com Deus, em todas as suas concepções religiosas. Mas um Deus que existe e ora por todos nós.
Não há vazio onde Deus soprou o fim
(Por Mhario Lincoln)
[Intrd:]
Eia, êia.
Amor, amor é paz
Amar é paz
Convite pra santa cêia.
...........
Quando partiste, o tempo se inclinou,
curvou-se ao peso do silêncio santo.
Mas tua alma pousou onde ficou o amor,
na seiva oculta do meu pranto.
Não há vazio onde Deus soprou o fim,
pois fim é curva no que é divino.
São João viu luz onde ardia o jardim,
e Pedro descobriu: perda é só destino.
José guardou a vida em seu trabalho,
sabendo que a morte é apenas porta.
Quem ama em Deus não perde, soma Fé.
Sua ausência é presença que conforta.
Caminhas em mim, respiro tua cor,
pois Deus, na partida, é quem transporta.
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*Orquídea Santos é jornalista profissional, Chefe da ASCOM, da Academia Poética Brasileira e Editora da Plataforma Nacional do Facetubes.