A consultora de Astrologia da Plataforma Nacional do Facetubes, dra. Sarah Sheran, envia um novo texto (traduzido pela Editoria de Cultura) falando sobre interpretações de alguns sentimentos pessoais de textos poéticos. O interessante desse texto é que a dra. Sheran enfoca seus conselhos não só na leitura dos astros, mas também em uma concepção e perspectiva estoica. Muito interessante. Vale ler.
Por: Editoria do Facetubes. (Tradução livre de Mhario Lincoln, jornalista).
“A dor é inevitável; o sofrimento é opcional”, advertiu Carlos Drummond de Andrade
É na travessia do silêncio que enxergamos quem parte. “Para o amor florir em si, é preciso deixá-lo livre”, já pressentia Rainer Maria Rilke, poeta das solidões e das noites insone. E há tanto de vazio no ato de permitir que o outro siga seu caminho, tanto de anúncio de nós mesmos quando percebemos que quem busca outras veredas não mais enxerga a nossa essência.
Abandona quem quiser partir, pois a liberdade de fechar os olhos ao que somos é escolha pessoal. “A dor é inevitável; o sofrimento é opcional”, advertiu Carlos Drummond de Andrade, reforçando que insistir em segurar aquele que se vai é alimentar as brasas de um fogo já extinto.
Se alguém se afasta mesmo tendo recebido o nosso afeto mais puro, deixemos que o tempo faça o seu ofício. Tal como ensinou Freud, a dor do desapego revela-se na tensão de nossas pulsões: a força de Eros contra a força do fim. No instante em que alguém, outrora amado, se transforma em ausência, sentimos o contorno do vazio, a melancolia que brota das brechas do querer. Lacan, por sua vez, lembra que sempre estamos em falta de algo. Segurar quem não deseja ficar intensifica a lacuna que nos habita, pois amar é, também, aceitar que o desejo do outro possa não ser mais o nosso.
Se alguém não sente nossa falta, não suplica por nossa voz, não se importa com nossas lágrimas ou nosso riso, deixemos que a distância complete o ciclo. Perseguir quem não mais respira ao nosso lado não enaltece o amor, mas o fere. E cada desrespeito mudo é prova de um laço que já se partiu sem rumor de despedida.
Amor exige reciprocidade, e não se pode conduzir, sozinho, o barco de uma relação. Agarrar-se a quem não quer ser amparo é como mergulhar na areia movediça de memórias estéreis. É ludibriar o coração com uma lembrança que não nos serve mais. Afinal, diz o vento dos dias: o que se vai pode não voltar, e se voltar, talvez não seja o mesmo.
Nas nossas batalhas cotidianas, sempre houve a solidão como testemunha — nascemos sós, confrontamos nossos demônios sem plateia, e um dia, conforme o destino inevitável, também partiremos sós. Carregar na alma a ilusão de que somos menos por isso é ignorar o quanto há de grandioso em nossa jornada interior.
Não se pode prender aquilo que já se dispersou no tempo. O passado é cinza e ensino: cada recordação é apenas um rastro, e o apego às sombras nos impede de ver a luz de novos horizontes. Deixa, portanto, que o riso do outro soe longe. A tua vida, ainda que breve, é vastidão, e teu caminhar solitário será sempre um poema em contínua reescrita.
O que resta é seguir sem olhar para trás, pois o melhor de ti nunca se encontra no que te deixou, mas no que ainda virá.