A ROSA, O BEIJA-FLOR E AS TATUAGENS
Há poucos dias, terminei de ler o livro “O Código Darwin, de M.A. Rothman”. Trata sobre um médico estudioso e pesquisador, que buscava encontrar cura para o câncer de um cliente, testando um medicamento novo, o que conseguiu quando o cliente quis colaborar, oferecendo-se como cobaia, tão atormentado vivia com a doença. Os resultados foram positivos.
Lembrei-me, então, de um jovem que, desde a sua infância, tinha pendores para ser um pesquisador. No campo universitário dedicou-se, na sua área, à pesquisa. Vivendo, atualmente, na época das tatuagens, resolveu fazer um estudo sobre elas através da História. Descobriu que antigamente as mulheres casadas, no Egito, tinham no lábio superior, ou na testa, uma tatuagem que indicava seu status de casada. Na Polinésia, as tatuagens indicavam também posição social ou status de casada; na Índia, tatuagem no pulso ou na testa, era comum entre as mulheres casadas. Na África, se deparou com uma informação, de que as tatuagens indicavam serem as mulheres casadas ou não.
Um belo dia, retornando do seu trabalho, viu uma moça sentada em um banco de praça. Deu-lhe boa tarde, se apresentou como pesquisador à jovem, e pediu-lhe a oportunidade de fazer uma entrevista com ela, quando observou pequena tatuagem que ostentava. Quis saber porque aquela tatuagem era tão pequena, constante apenas de uma rosa e um beija-flor. Ela permitiu, identificando-se como uma universitária de Filosofia. Tinha a beleza da juventude e os cabelos longos da cor do trigo amadurecido no trigal.
Filósofa e Pesquisador começaram, então, a entrevista, ficando o jovem espantado com o que dizia a jovem. Começou ela a lembrar que “os melhores perfumes são guardados em pequenas frascos”. Ela não gostava de nada exagerado. Aquelas tatuagens da rosa e do beija-flor chamavam mais atenção do que o corpo todo tatuado sem se saber o significado. Ela mostrava seu conhecimento do tema “tatuagens”.
O pesquisador ficou impressionado com o estudo filosófico da jovem, e começou a pensar quão bom seria se fosse ela sua “Rosa de Saron”, flor das mais belas, perfeita e perfumada da região de Saron, citada na Bíblia Sagrada. E ela pensava consigo que gostaria de que fosse ele o “Beija-flor”, que vinha buscar nela o néctar para sua alimentação. Ao fim da entrevista, ele agradeceu e ambos forneceram seu telefone, para futuros contatos.
Os jovens passaram a noite pensando um no outro, e, ao amanhecer, logo se comunicaram. E aí vieram as desculpas por um ter ligado ao outro tão cedo. O jovem perguntou-lhe se aceitaria complementar a entrevista o que ela concordou muito satisfeita. Partiram para novo encontro, o que ela preferiu que fosse em sua casa, pois sua mãe era professora universitária e poderia apresentar boas opiniões sobre o tema “tatuagens”.
Ao chegar o jovem em sua casa, ela apresentou-o à sua mãe, que educadamente o recebeu e o admirou pela sua fineza de tratamento e elegância no vestir. Nesse encontro, enquanto a mãe afastava-se para receber uma amiga que chegara, o casal falou mais de suas vidas e menos da pesquisa.
Haviam se identificado como solteiros e sem qualquer compromisso sentimental com alguém. Sentiram-se atraídos mutuamente. A partir desse encontro, outros se sucederam sem perceberem que Cupido já havia tatuado no coração de ambos a palavra AMOR. Realmente, foi amor à primeira vista, que os uniu.
Enquanto o casal conversava, contou ela ao rapaz, que um vizinho falou em voz de repreensão a uma filha que se mostrava insatisfeito com as tatuagens que ela exibia. Ela lhe pediu que lhe satisfizesse um desejo, pagando uma tatuagem que queria fazer. O pai concordou; contudo, ela fez várias, e ele não gostou, principalmente de uma grande, representando um dragão.
Eram tatuagens nos braços, pernas, pescoço e ouvia-se o pai a dizer-lhe que se soubesse que o valor que ela lhe pedira, era para fazer todas aquelas não teria dado. A filha por seu turno demonstrando uma enorme satisfação; dizia-lhe que não gostava de tatuagens pequenas como a da jovem vizinha, e que quase não se via, comparada com a exuberância das que ela ostentava. Elas revelavam a que família pertencia, e que o dragão tatuado, era, no Japão, considerado como identificador das mulheres de classe alta. Ela queria que soubessem de quem era filha, pois considerava seu pai de elevada classe social. Nada acalmou o pai, que lhe dizia parecer uma febre epidêmica essa onda de tatuagens.
O nosso casal, serenamente, sem qualquer vaidade fazia um ao outro, poeticamente, as declarações que fazem aqueles que se amam.
Despediram-se e ele confessou-lhe o desejo de vê-la com mais assiduidade; com isso dito marcaram o início de um namoro. Ela então dirigiu-se a sua mãe e fez-lhe a confissão de estar iniciando um namoro com o rapaz. A mãe concordou, dizendo-lhe da boa impressão que o rapaz deixara, pois ele lhe parecera de fina educação.
Na noite seguinte, eles agora mais à vontade, ele lhe confessou o que desde o primeiro encontro havia pensado: que gostaria muito que ela fosse a sua preciosa “Rosa de Saron” que o encantava com sua beleza e inebriava com seu perfume. Ela, por sua vez, confessou-lhe o que sobre ele também pensara: - desejava que ele fosse o “Beija-flor” que viria se alimentar diariamente do seu néctar.
Ao se despedirem, foram de mãos dadas até a porta onde ela o conduziu. E pareciam muito felizes. E nesse primeiro momento, um beijo de amor foi trocado entre eles, seguindo-se juras de um amor para todo o sempre.