LINDA BARROS.
Vivemos em uma sociedade em que ainda nos veem apenas como um objeto sexual, isso não é mimimi, é a realidade nua e crua, literalmente (me perdoem o trocadilho). Isso é uma realidade avassaladora, como se não tivéssemos um cérebro pensante, capaz de reter e carregar informações, ou se não pudéssemos entrar em discussões com bons argumentos, escrever para revistas e jornais, dirigir um caminhão ou um ônibus, conduzir um táxi, ser uma moto (agora temos também moto Uber), correr de salto alto, sambar de tênis, sair de um show com as sandálias nas mãos (alguém se identifica?). SIM eu sou MULHERÃO DA PORRA, porque posso fazer tudo e isso e muito mais.
MULHERÃO DA PORRA, “para que esse palavrão”? Devem estar pensando. Segundo dicionário virtual, “Palavrão é uma palavra obscena, grosseira ou pornográfica que pode ser ofensiva”. No entanto dependendo da cultura e do contexto, essa palavra toma forma e corpo completamente diferentes e inofensivos, pois dependendo da situação traz uma carga de sentimentos, emoções, surpresa e elogio. É disso que trata o texto, ovacionar as mulheres com toda sua força e fragilidade ao mesmo, sem nos sentirmos “agredidas”.
É infinito o número de mulheres que acordam às 05h da manhã para só retornar às suas casas às 11h ou meia noite, todo esse sacrifício para manter sua casa de pé e seus filhos alimentados. Quantas delas mal têm o que comer? Quantas delas deixam de comer para alimentar suas crias? Com toda certeza, poucas mulheres fazem tamanho sacrifício, porque não precisam passar por tudo isso, pois não importa a cor, a estatura, magra, gorda, feia, bonita, jovem ou velha, com certeza ainda assim são “vítimas” dos olhares maliciosos da sociedade. Sim, somos muitas “MULHERÃO DA PORRA”. Essa expressão não é um termo pejorativo, ou um xingamento, mas sim, uma frase que denota toda a força e caráter da mulher de ontem, de hoje e de amanhã. Temos muito que nos orgulhar e ainda temos muito o que conquistar, talvez algumas mais que outras, porque muitas não precisam madrugar para organizar tudo para poder sair de casa, pois nesse caso, contratam alguém (um Mulherão da Porra também) que faz por ela.
Mulher de Fases – L.B
Mulher de fases
Somos todas nós
que saímos de casa
cedinho, antes do sol
nos dá “bom dia”.
Mulher de fases,
mas que não desce do salto,
que não se intimida
com cara feia no trânsito.
Mulher de fases?
Que nada!
Mulher de fases é a vida que nos rodeia,
que levanta nossa saia ao vento
no Tempo e no descompasso da
Mulher de fases.
Sim também podemos ser “mulher de fases”, por que nada é para sempre, nem as palavras que proferimos, as atitudes que tomamos, uma briga que separamos para defender outra pessoa (seja mulher ou homem), o que importa é que temos coragem para tomar atitude, levantar a voz se for preciso. Somos nós mulheres que nos transformamos no mais feroz dos animais para defender nossas crias ou a nossa própria família.
Por que será que nos chamam de “sexo frágil”? Se somos como rochas. Este texto além de ser uma exaltação à mulher, tem objetivo de fazer o mundo entender do que somos capazes de fazer como ser humano, como gente, enfatizando que assim como somos protetoras, também queremos ser protegidas, respeitadas, mimadas e principalmente ouvidas, além de sermos conselheiras, também queremos conselhos, assim como enxugamos as lágrimas de alguém, queremos que enxuguem as nossas também.
Abaixo quero deixar uma lista de mulheres que considero MULHERÃO DA PORRA no mais alto grau de significação:
LAURA NERES
ÁUREA MARQUES
MARENICE MARQUES
IDALICE ALVES
ESTER RATIS
NILZENIR RIBEIRO
NILDA CRUZ
VANI BARROS
KAROL LINHARES
MARIA RITA
TÂNIA ARRUDA
GEUSI PINTO
VILMA ALVES
SORAYA ROCHA
TELMA RAMOS
CHIRLENE PÉROLA
RILNETE MELO
HELENA MENDES
JOCILENE DA CRUZ
ESMERALDA COSTA
FABIANA SANTOS
LUCINETE SOEIRO
E por fim, dizer: sim somos frágeis, mas somos fortes, somos altas, somos baixas, somos magras, somos gordas, somos jovens, somos senhoras, somos idosas, somos brancas, somos pardas, somos pretas, somos indígenas e somos pés rachados de tanto pisar no chão com força e o peso de nosso corpo e de seguir com mãos calejadas e trêmulas, cansadas pelo tempo que nos ignora o tempo todo.
SIM... SOMOS MULHERES!