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Alguém já falou que você vai perder o seu lugar para uma IA? Quer saber mais? Então leia aqui!

Este texto conta algumas verdades que você deve saber.

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Mhario Lincoln
10/04/2025 às 17h10 Atualizada em 11/04/2025 às 08h37
Alguém já falou que você vai perder o seu lugar para uma IA? Quer saber mais? Então leia aqui!
Arte: mhl/Ginai

@Mhario Lincoln c/chatbot da Plataforma Nacional do Facetubes

 

Ontem (09.04) à tardinha participei, a convite de um psicólogo amigo, de uma experiência incrível em plena rua XV, no centro de Curitiba, conhecida como a rua das Flores, um lugar onde circulam todos os gêneros humanos, residentes ou não, na capital do Paraná. Ou seja, um laboratório interessante para quaisquer que sejam os estudos modernos.

 

Esse amigo (que pediu para não ser identificado) parava pessoas em frente ao monumento da "Boca Maldita", na rua XV, e fazia a seguinte pergunta:

 

- Você tem medo da Inteligência Artificial? Você acha que a máquina vai substituir o Humano?

 

Essa pesquisa virou quase a tarde inteira, até uma pessoa humilde, aparentando ser um morador de rua, nos abordar e pedir para responder as questões, após ficar observando o movimento por um bom tempo, encostado na parede de um café famoso da região.

 

Até ali, a grosso modo, claro, 75% das respostas foram "sim" para medo de IA; e sim para a possibilidade de "...substituir os humanos". 15% demonstraram não ligar para IA, porque era uma “arma de guerra” e 5% negaram, até que IA existia. Só 5% disseram ser uma das modernidades mais importantes da humanidade.

E qual foi a resposta do cidadão (aparentemente um morador de rua)? Essa, espantou tanto psicólogo, quanto a mim:

 

- “Quem não dominar a Inteligência Artificial será substituído por quem sabe usá-la". Ou seja, a IA não substituirá homem nenhum pela máquina, mas por outro humano que saiba manuseá-la com sabedoria.

 

Coincidência ou não, já tinha lido essa frase, em algum lugar. Ou visto algum vídeo no Instagram acerca desse assunto. A verdade é que esse cidadão que abordou a gente tinha conhecimento do rumo que o mercado de trabalho vai seguir, doravante.

 

Necessário a evolução do Humano, não da máquina.

Ele complementou:

- "Não é a máquina que ameaça o homem, mas outro homem. Aquele que dominar a Inteligência Artificial. Para que ter medo de IA? Tem que ter medo é de quem está se aprimorando em extrair da IA o que de melhor era pode oferecer".

 

É incrível como aquele velho ditado (não gosto muito, acho-o agnóstico) algumas vezes se torna realidade diante de um contexto: "de onde menos se espera, é de lá que sai".

 

O nome desse cidadão é Jorge - "só Jorge, disse ele" - foi professor de TI em uma escola profissionalizante em Curitiba, mas após conhecer o "crack", largou tudo e foi morar na rua.

 

Mutatis mutandi, essa história real vem mostrar como muitas pessoas, talvez por falta de conhecimento lógico, vem opinando sobre a grande revolução mundial, a "Inteligência Artificial", que, na verdade, não deveria ser entendido literalmente. Aliás, esse errôneo termo foi popularizado pelo pesquisador John McCarthy durante a conferência de Dartmouth, em 1956, para descrever máquinas capazes de executar tarefas que, em geral, demandam “inteligência humana”.

 

Mas, exatamente aí, há controvérsias. Vários outros cientistas, como Stuart Russell e Peter Norvig (autores do clássico “Artificial Intelligence: A Modern Approach”), argumentam que se trata mais de um "processamento estatístico e matemático do que de uma ‘inteligência’ genuína. As máquinas, na verdade, não ‘entendem’ o conteúdo que processam; elas reconhecem padrões e fazem previsões baseadas em algoritmos alimentados por enormes quantidades de dados”.

 

Dessa forma, ainda que utilizemos (alegoricamente) a expressão “Inteligência Artificial”, o que temos é um conjunto de técnicas computacionais que imitam processos cognitivos humanos, sem alcançar a real compreensão ou consciência.

 

Só aí, já dá para entender que nada tem a ver com essas explicações e temores apoteóticos com IA, espalhados nas redes sociais, por perturbadores da ordem, mas que de uma forma ou outra, acabam influenciando muitas pessoas, negativamente.

 

Voltemos! Após a experiência na rua XV, fui pesquisar mais a fundo (com mecanismos de IA, claro) como essas transformações estão ganhando corpo no Brasil, em empresas de tecnologia como TOTVS, CI&T e Stefanini, que adotam programas de treinamento em "Inteligência Artificial" para aprimorar a prestação de serviços e criar soluções de alto valor agregado.

 

Pasmem! Pude ler, por exemplo, que a TOTVS, por exemplo, (a maior empresa brasileira de tecnologia que desenvolve sistemas de gestão empresarial; a sexta maior do mundo no segmento), está investindo maciçamente em plataformas de análise de dados que tornam processos corporativos mais eficientes; a CI&T orienta projetos de transformação digital para grandes marcas, levando o aprendizado de máquina ao varejo e ao setor financeiro; já a Stefanini reforça que o uso estratégico da IA "(...) é um diferencial para mapear riscos e otimizar resultados (...)", diz seu CEO.

 

Ora, ao que há é "interferência dos algoritmos da IA"; e não propriamente a ‘inteligência’. Essa interferência, por sua vez, agiliza todos e quaisquer segmentos da vida humana. Quer ver? Quem dos leitores já não usou o Google para tirar suas dúvidas? SIM. O Google é uma IA (agora mais atualizada). Será que todos os escritores, poetas, técnicos, advogados, jornalistas etc que usaram o Google para complementarem seus escritos estão sendo "desonestos" com seu público?

 

Possivelmente só os que realmente não têm conhecimento da realidade da IA ou ainda aqueles que (só) 'ouviram falar, mas não sabem onde', continuam temendo a ascensão da IA como algo que vem, entre os justos, honestos; e conhecedores de direitos e deveres, aprimorar o conhecimento. Lembram da Biblioteca de Constantinopla?

 

Claro que é um exemplo aforístico: durante quase mil anos, a Biblioteca Imperial de Constantinopla foi o principal centro de preservação do conhecimento da Antiguidade. Estima-se que, em seu auge, ela tenha reunido cerca de 100 mil a 120 mil volumes, com textos originais e cópias cuidadosamente transcritas por escribas imperiais. Esse acervo era composto por obras de autores como Homero, Sófocles, Platão, Aristóteles, Arquimedes, Galeno e Hipócrates, além das Escrituras cristãs e tratados científicos, filosóficos e literários tanto gregos quanto latinos. E isso, era onde todos, com sede de saber, iam lá, beber na fonte.

 

Quer queiram ou (desconheçam querer), a IA é isso, atualmente. É onde dezenas de milhões de dados do conhecimento humano estão armazenados, não para si própria, mas para ser um arcabouço que deve e pode auxiliar os humanos e melhorarem suas memórias, e, muitas vezes, técnicas e especialidades. Então, por que não a usar em nosso próprio benefício? Por que a raça Humana não deve evoluir, dentro dos princípios legais, mesmo que um ou outro "jogue sujo"?

 

Ora, sempre haverá o bem e o mal. Nós todos já estamos acostumados desde Caim e Abel. Não é por isso que a maioria dos humanos deixem de investir nessa nova era.  Segundo pesquisas da IDC Brasil, os investimentos nesse setor cresceram cerca de 30% no último ano. E olha só onde a IA está sendo usada? Até mesmo nos segmentos de varejo, serviços financeiros e manufatura. Essa realidade reforça a fala de Andrew Ng, cientista da computação e cofundador do Coursera, de que “a IA é a nova eletricidade”, tamanha é a capacidade transformadora que esse recurso exerce em qualquer mercado.

 

O que se observa é um verdadeiro movimento de capacitação contínua dentro das organizações. Não se trata apenas de programadores ou analistas de sistemas, mas de profissionais de RH, marketing e até logística, todos empenhados em compreender como algoritmos (e não ‘inteligência artificial’) podem oferecer maior competitividade aos negócios, desenvolvimento de vacinas, busca da cura contra doenças mortais, melhor reorganização urbana, sensorial, melhoria nos meios de comunicação, transportes, alimentação e uma infinidade de aplicabilidades que não só, dar uma de ‘ghost writer’ para um autor qualquer.

 

Com isso, o mercado de trabalho também já sente a pressão por requalificações. E aí, vale repetir o que disse o Jorge, lá do começo do texto: “não é a máquina que ameaça o homem, mas outro homem. Aquele que dominar a Inteligência Artificial”.

 

Por essa razão, quem está se preparando já consegue vagas (com remuneração excepcional) em cargos que exijam conhecimento de ‘machine learning’, ‘deep learning’ e análise de dados. Esses cargos dispararam na última década, de acordo com a ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software). Esse cenário comprova o alerta de Kai-Fu Lee, autor do livro AI Superpowers: “os profissionais não serão substituídos por robôs, mas por outros profissionais que saibam utilizar os robôs”. E essa diferença de mindset impacta diretamente a empregabilidade, pois as empresas buscam quem consiga traduzir previsões estatísticas em soluções palpáveis no dia a dia.

 

Destarte, acredito eu, que o ponto nevrálgico dessa discussão é justamente o fator humano que, na verdade, só tem a se beneficiar de toda essa modernidade. Mesmo porque, nas palavras sábias do professor Edson Prestes, do Instituto de Informática da UFRGS e membro do Grupo de Especialistas em Inteligência Artificial da UNESCO, “a IA não elimina a importância das pessoas, mas prioriza aquelas que sabem direcionar a tecnologia para resolver problemas reais”. Nesse processo, o profissional que se renova e aprende como aplicar essas soluções se torna um elo indispensável para a evolução corporativa, enquanto o que se recusa a compreender o básico de IA caminha para a obsolescência.

 

Portanto, que não sejamos bárbaros a ponto de nos comparar à Quarta Cruzada, que destruiu um acervo inestimável das grandes obras da época, quando invadiu e saqueou Constantinopla, tocando fogo em tudo e queimando, intencionalmente, por ignorância, fanatismo religioso ou, simplesmente, em busca de riquezas, um dos maiores acervos da sabedoria humana, que o Mundo tinha conhecimento: a Biblioteca da Cidade.

 

*Mhario Lincoln é editor sênior da Plataforma Nacional do Facetubes

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Fontes Reais Consultadas:

– IDC Brasil

– ABES (Associação Brasileira das Empresas de Software)

– Andrew Ng (Coursera; frase sobre “IA ser a nova eletricidade”)

– Kai-Fu Lee (livro “AI Superpowers”)

– Jornal do Comércio, entrevista de Edson Prestes (Instituto de Informática/UFRGS)

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Joema Há 6 dias Curitiba Ótimo texto Mhario! Não temos como fugir: ou incluímos a IA na dinâmica da nossa vida por bem ou por mal seremos engolidos pelo sistema. Acredito que tudo na mão de uma pessoa do bem é do bem e tudo na mão de uma pessoa mal intencionada, será do mal. Está relação vale para a IA também.
Judith Bittencourt Há 1 semana São Luís Bom dia! Amigo Mhario, sim a IA participa de forma essencial nas tomadas de decisões, nos tempos atuais, para minimizar os impactos advindos de falhas em decisões que possam requerer informações subjacentes sobre o fato em análise. Por exemplo: você citou no seu exemplar texto sobre a IA, que os riscos devem ser considerados, sim, creio com avaliação dos impactos (então a IA pode auxiliar) para determinar os danos, sem excluir a dinâmica do “feeling” nas tomadas de decisão.
Monica Puccinelli Há 2 semanas Curitiba PR-BR Quem pegou três terços do seculo vinte e, acompanha as mudanças gerais, sempre se aprimorando neste século vinte eum,sempre nos suprendemos com tudo que a ciência e a tecnologia nos oferecem de melhor. Bem vinda a inteligência artificial, a nosintteligencia humana, para com critério e bom sendo, saberá usar
Fernanda Figueiredo Há 2 semanas Sao luis Excelente abordagem. Parabéns! Nas pesquisas do Google, a Inteligência Artificial já responde há quase tudo, mas não tudo. E as pessoas tem medo, em relação à segurança, privacidade e outros temas que são caros para à sociedade. Continue provocando essas discussões de assuntos novos de tecnologia. Muito bom!
ANTONIO GUIMARÃES DE OLIVEIRA Há 2 semanas São LuísCaro presidente Mhário Lincoln, nós escritores, nunca estivemos tão próximo de Júlio Verne, Isaac Asimov ou Rosenberg de Jornada nas Estrelas. O ser humano, com todo avanço da IA, será um cibernético, como imaginaram esses humanos. Essa é nossa realidade.
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