Crédito: Editoria-Geral da Plataforma Nacional do Facetubes
O Brasil desperta neste 13 de maio acordou com missas lotadas, terços em família e romarias silenciosas ou festivas, reafirmando a força de uma devoção que nasceu há 108 anos, numa pequena aldeia de Portugal, e ganhou o coração de milhões de fiéis mundo afora. O Dia de Nossa Senhora de Fátima, celebrado com fervor em todas as regiões brasileiras, é muito mais do que uma data religiosa: é um símbolo da fé que resiste ao tempo, atravessa fronteiras e ainda emociona como se os acontecimentos de 1917 tivessem ocorrido ontem.
Foi na localidade de Cova da Iria, em Fátima, que três crianças humildes — Lúcia dos Santos e seus primos Francisco e Jacinta Marto — afirmaram ter presenciado seis aparições da Virgem Maria, entre os meses de maio e outubro daquele ano. A primeira delas ocorreu exatamente em 13 de maio. Segundo relatos registrados nos cadernos de Irmã Lúcia — que mais tarde se tornou carmelita e dedicou a vida à propagação dessa mensagem — a Senhora se apresentava como vestida de branco e mais luminosa que o sol. A cena inicial foi descrita por Lúcia com assombrosa delicadeza: “Não tenhais medo. Eu não vos faço mal.” A Virgem teria vindo do Céu para anunciar que tempos difíceis assolariam o mundo e que a oração do Rosário poderia interceder pela paz. “Rezem o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra”, teria pedido a Senhora, conforme transcrição feita pela própria Lúcia em seu livro Memórias da Irmã Lúcia, publicado com aprovação do Vaticano.
O que inicialmente parecia restrito ao interior de Portugal ganhou dimensão global a partir do chamado “Milagre do Sol”, ocorrido em 13 de outubro de 1917, na última aparição. Cerca de 70 mil pessoas teriam testemunhado o sol girar sobre si mesmo no céu, em um fenômeno descrito por jornais da época, inclusive por veículos laicos como o O Século, de Lisboa. A Igreja Católica, após criteriosa investigação, reconheceu oficialmente as aparições em 1930. Desde então, Nossa Senhora de Fátima passou a ser uma das figuras marianas mais cultuadas na cristandade.
No Brasil, a devoção chegou com força ainda no século XX, especialmente impulsionada por comunidades portuguesas e movimentos marianos. Atualmente, há centenas de paróquias dedicadas a ela no país, além de incontáveis capelas, imagens, procissões e novenas. Em cidades como São Paulo, Belo Horizonte, Belém e Teresina, o dia 13 de maio é celebrado com procissões luminosas, onde milhares de fiéis caminham em silêncio, com velas nas mãos, recordando a luz que, segundo a fé, emanou da aparição para iluminar um mundo em trevas.
O legado da Irmã Lúcia, que viveu até 2005, permanece vivo nos livros e cartas onde detalhou as aparições e as mensagens de Maria. “Jesus quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração”, escreveu ela, registrando palavras que, segundo seu testemunho, foram ditas pela Virgem durante a segunda aparição. Francisco e Jacinta, por sua vez, morreram ainda crianças e foram canonizados pelo Papa Francisco em 2017, cem anos após os eventos de Fátima, como exemplos de fé e inocência espiritual.
O Papa Francisco, enquanto Pontífice, manifestou repetidamente sua admiração por Nossa Senhora de Fátima. Em sua homilia durante a canonização dos dois pastorinhos, ele afirmou: “Temos Mãe! Agarrados a ela, como filhos, vivemos na esperança de que a paz vencerá.” Em pronunciamentos posteriores, o Pontífice reforçou que a mensagem de Fátima “é um apelo permanente à conversão, à oração e ao compromisso com os mais pobres e sofredores”.
O 13 de maio no Brasil também carrega significados múltiplos, pois coincide com a data da abolição da escravidão. Há quem veja na união dessas duas memórias — a da libertação humana e a da libertação espiritual — uma feliz sincronia histórica. Afinal, o que é a fé senão um exercício constante de esperança e resistência? Como lembrou a Irmã Lúcia em uma de suas frases mais íntimas: “Quero que a minha vida seja um rasto de luz que brilha no caminho dos meus irmãos, indicando-lhes a fé, a esperança e a caridade.”
O SEGREDO DE FÁTIMA
Com base em fontes oficiais e documentos reconhecidos pela Igreja Católica, posso compartilhar as três partes do chamado "Segredo de Fátima", revelado por Nossa Senhora aos três pastorinhos em 13 de julho de 1917.
Primeira parte: A visão do Inferno
Segundo o relato da Irmã Lúcia, Nossa Senhora mostrou aos pastorinhos uma visão aterradora do Inferno: "Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fogo que parecia estar debaixo da terra. Mergulhados neste fogo os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no incêndio levadas pelas chamas que delas mesmas saíam, juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das fagulhas em os grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor."
Essa visão foi registrada nas "Memórias da Irmã Lúcia" e é considerada um chamado à conversão e à oração pelos pecadores.
Segunda parte: A devoção ao Imaculado Coração de Maria e a conversão da Rússia: Após a visão do Inferno, Nossa Senhora transmitiu uma mensagem sobre a importância da devoção ao seu Imaculado Coração e alertou sobre os perigos que o mundo enfrentaria caso não houvesse arrependimento: "Para salvar as almas, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. Se fizerem o que eu disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo pelos seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre."
Essa parte do segredo também foi documentada nas "Memórias da Irmã Lúcia" e é interpretada como uma profecia sobre a Segunda Guerra Mundial e os sofrimentos da Igreja.
Terceira parte: A visão do martírio do Santo Padre e de fiéis: A terceira parte do segredo foi escrita pela Irmã Lúcia em 3 de janeiro de 1944, por ordem do bispo de Leiria, e mantida em segredo até sua divulgação oficial pelo Vaticano em 2000. Essa parte descreve uma visão simbólica de perseguições à Igreja: "Vimos ao lado esquerdo de Nossa Senhora, um pouco mais alto, um anjo com uma espada de fogo na mão esquerda; ao cintilar, despedia chamas que pareciam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contacto do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro. O anjo, apontando com a mão direita para a terra, com voz forte disse: 'Penitência, penitência, penitência!'
E vimos numa luz imensa que é Deus: 'algo semelhante a como se veem as pessoas num espelho quando lhe passam diante' um bispo vestido de branco 'tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre'. Vários outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas subiam uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande cruz de troncos toscos. O Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meio em ruínas e meio trêmulo, com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho. Chegando ao cimo do monte, prostrado de joelhos aos pés da grande cruz, foi morto por um grupo de soldados que lhe dispararam vários tiros e setas, e assim mesmo foram morrendo uns após os outros os bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas, e várias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de várias classes e posições."
Essa visão é interpretada como uma representação simbólica das perseguições sofridas pela Igreja no século XX, incluindo o atentado ao Papa João Paulo II em 1981.
Essas revelações foram oficialmente reconhecidas e divulgadas pela Igreja Católica, com a publicação do texto completo e comentários teológicos disponíveis no site do Vaticano. (https://www.vatican.va/content/vatican/pt.html)
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Fontes reais consultadas:
- Wikipédia – Memórias da Irmã Lúcia (Edições Carmelo de Coimbra, 2007)
– Vatican News – pronunciamentos do Papa Francisco sobre Fátima (2017–2023)
– Jornal O Século (Lisboa), edições de outubro de 1917
– Agência Ecclesia (Portugal), entrevistas com teólogos e estudiosos
– CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.