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Lançamento de Rogério Rocha deve levar o leitor a uma reflexão profunda entre o visível e o invisível, entre o efêmero e o eterno

Dia 01 de 12 de 2023, a partir das 19.30h, chega à livraria da AMEI, na cidade de São Luís, a esperada obra "A Linguagem da Ausência". Muita expectativa positiva sobre esse ponto de virada lírica do autor.

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Mhario Lincoln
28/11/2023 às 10h13 Atualizada em 30/11/2023 às 10h32
Lançamento de Rogério Rocha deve levar o leitor a uma reflexão profunda entre o visível e o invisível, entre o efêmero e o eterno
Rogério Rocha e sua obra. (Arte: MHL).

 

O OUTRO LADO DA CAPA INVISÍVEL

*Mhario Lincoln

Uma das esperadas festas literárias deste começo, do último mês do ano, (01.12), na cidade de São Luís do Maranhão, a mais poética do Brasil, é o lançamento de "A Linguagem da Ausência" - novo livro do filósofo, poeta e membro efetivo da Academia Poética Brasileira, Rogério Rocha que  "marca um ponto de virada na poesia do autor, exercitando múltiplas formas de dizer aquilo que está ausente, mas que mantém-se no mundo e na memória por intermédio da linguagem", como divulgado nos releases à imprensa.

 

Porém, há um detalhe explícito que o próprio Rogério divulgou e que me chamou a atenção: o fato de a capa (ficar) invisível até o lançamento, indo de encontro, até aqui - e isso pode se tornar algo mítico, se copiado - aos lançamentos literários comuns ao redor do Mundo: a capa como fator relevante de divulgação.

 

E o que isso significa, em meu bestunto?

 

A CAPA INVISÍVEL: a relação entre o fato e a suposição

A capa do livro "A Linguagem da Ausência", parece me levar a uma reflexão profunda sobre a natureza da representação física da linguagem e da estética. Claro que tais alegações me dão liberdade incólume de chamar a minha mesa de avaliação o filósofo alemão Immanuel Kant. Foi ele que explorou, primeiro, a relação entre a intuição sensível e o perceptível, na formação do conhecimento. Kant argumentou que nossa mente atua de forma ativa ao interpretar e organizar "as flores sensoriais", formando assim a nossa concepção do mundo. Isto é, quantas cabeças ávidas por conhecer o novo trabalho de Rogério Rocha, intuem sobre sua capa física, "envolvendo a percepção mental em um processo de interpretação, onde a suposição desempenha um papel fundamental", como argumenta Immanuel?

 

Com certeza ao montar essa estratégia de marketing, o autor passou por Arthur Schopenhauer, quem também levantou a premissa da importância da estética, argumentando que "(...)a arte e a estética nos permitem acessar uma dimensão mais profunda da realidade, transcender a vontade cega e alcançar a verdade(...)". Ora, a capa do livro, cujo título é fantástico - "A Linguagem da Ausência" - como objeto estético, pode provocar uma suposição intuitiva que nos leva além da superfície física, nos convidando a explorar o conteúdo oculto.

 

Porém, há se se falar sobre a responsabilidade individual, "na interpretação do mundo", como bem ensinou o existencialista Jean-Paul Sartre. Isso porque, as percepções individuais emergidas da capa de um livro (aliás, há estudos que demonstram que a capa tem 45% de chamamento), são moldadas por nossa própria perspectiva, experiências e expectativas.

 

Desta forma, a capa invisível da obra de Rogério me leva a intuir sobre a possibilidade de ser vista como um microcosmo da experiência humana, onde o fato e a suposição se entrelaçam, me desafiando a explorar os limites da compreensão e a descobrir a profundidade da linguagem e da expressão artística, mesmo que só, intuitivamente.

 

O CONTEÚDO AMOSTRADO

E o conteúdo? A partir da descrição da obra do poeta e filósofo Rogério Rocha, que recebi nos releases distribuídos à imprensa nacional, penso (intuitivamente) numa obra composta de uma linguagem contemplativa sensorial e lírica, para expressar o que está ausente, mas que permanece no mundo e na memória através dessa linguagem. Bem ao estilo de algumas das principais correntes poéticas e filosóficas.

Excertos de Rogério Rocha.

A priori poderia encontrar nas páginas de "A Linguagem da Ausência", um Heráclito. E por quê? Porque a obra de Rogério Rocha é uma mudança de rumo em sua poética que, antes, já merecia aplausos. Foi Heráclito o enfatizador da "mudança constante no mundo", ou seja, "(...) não podemos entrar no mesmo rio duas vezes, pois tudo está em fluxo constante".

Preste bem atenção nessa frase de Heráclito. Não é tão simples como parece. Esse excerto acaba colocando desafios para a linguagem, que muitas vezes tenta descrever realidades constantes e imutáveis: "A gente não pode sair do mesmo tema e a poesia acaba virando uma epopeia interminável", disse-me um cordelista nordestino, acostumado a fazer trabalhos com 100 estrofes.

 

Com base nessas perspectivas poético-filosóficas e na descrição (divulgada) da obra de Rogério Rocha, apenas posso intuir - repito - que o autor explora a natureza da linguagem como uma ferramenta complexa e multifacetada que tenta capturar aspectos que estão ausentes ou "em constante transformação", como ensina Heráclito.

 

Muito parecido com "naturalis et insensibilis habitat", expressão dos estudiosos latinos, para esse tipo de abordagem lírica e sensorial, sugerindo uma tentativa de "ciere motus et sensus", que transcende a mera descrição objetiva. Por isso essa obra é, sim, o ponto de virada na poesia de Rocha, pois exercita múltiplas formas de expressão para comunicar algo que vai além das palavras.

 

A partir desse incrível título - "A Linguagem da Ausência", fico, cá com meus botões, ansioso para ler e ao mesmo tempo imaginar a essência de que a capacidade da linguagem de representar o que está ausente. Certamente, pode e deve ser uma forma de conexão com o eterno, o mutável e o transcendental. Destarte, Rogério Rocha acaba convidando seus leitores - a partir do título, repito - a refletir sobre como a linguagem pode ser uma ponte entre a ausência e a presença, entre o visível e o invisível, entre o efêmero e o eterno.

Parabéns, confrade.

 

Curitiba, madrugada de 28.11.2023

Mhario Lincoln, Presidente da Academia Poética Brasileira.

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Lázaro PadilhaHá 1 ano São Paulo, designer gráfico PUCGrandes produções internacionais foram influenciadas por grandes capistas de livros. Rodrigo Corral, do New York Magazine e The New York Times. Alison Forner. Alison Forner é Diretora de Arte da Plume e Hudson Street Press, da Penguin Random House e John Gall que diz: “Eu acho que capas deveriam ser divertidas, pop, inteligentes, convidativas e nada confusas”. O que acha?
Ludmilla Santos Aquino.Há 1 ano São Luís MACaro Rogerio Rocha. Sou autora e devo acrescentar que a capa de um livro tem o poder de jogar tanto no aspecto sensorial, de sua beleza (ou feiura) visual, como no aspecto intelectual, já que a gente tende a pensar que há uma relação entre capa e texto. Esse aspecto da capa, fica no imaginário do leitor durante a leitura. Nesse caso seu, acho que de poesia, até que não influencia muito. Todavia não achas perigoso esconder a capa?
Julio antonio Kugger, capista e artista gráfico.Há 1 ano Porto Alegre RGSDe quem foi essa ideia de não mostrar a capa, Rogério. sabe quantos livros são vendidos no Brasil só pela capa? Saiba que muitos artistas gráficos, como eu, e pesquisadores insistem em dizer que a capa deve ser a porta de entrada da divulgação de um livro e que a capa tem importância crucial para a concepção de um livro e o seu desempenho no mercado editorial. O senhor concorda? O texto, como fato filosófico é bonito. Como prática, não!
Joanna TrindadeHá 1 ano Teresina PIAntes de mais nada, sr. Rocha, esse é um texto mágico. Incrível a desenvoltura do autor do texto, ao analisar o fato de seu livro ter, vamos dizer assim, uma capa invisivel. Apreciei melhor e conclui que a capa invisível é um fato importante. O autor pode desviar o foco para o conteúdo do livro. Isso pode permitir que os leitores apreciem a história ou as ideias apresentadas no livro sem serem influenciados pela capa. Isso vai pegar no Brasil, sr. Rocha. O sr. na frente.
Prof. Norberto Martins/marketing/USPHá 1 ano São Paulo. (Adoro este site).Revelar a capa de um livro apenas no dia do lançamento pode ser uma estratégia de marketing eficaz porque pode criar um senso de antecipação e mistério. Isso gera buzz e discussão nas redes sociais. Isso pode incluir uma contagem regressiva para a revelação. Finalmente, a revelação da capa no dia do lançamento pode levar a um pico nas vendas, pois os leitores que estavam aguardando a revelação podem ser incentiva à compra imediata. Bom marketing.
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