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Curadora Silvânia Tamer comenta e Mhario Lincoln escreve sobre o filme "A Vida é Bela"

Silvânia Tamer é promotora cultural, curadora de artes e indicada para a Academia Poética Brasileira.

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Mhario Lincoln
13/06/2024 às 09h06 Atualizada em 13/06/2024 às 11h06
Curadora Silvânia Tamer comenta e Mhario Lincoln escreve sobre o filme "A Vida é Bela"
Arte: MHL

"Em 'A Vida é Bela', Guido Orefice personifica a filosofia de Spinoza ao transmutar a brutalidade do campo de concentração em um jogo, protegendo seu filho da crueldade do mundo com a força da imaginação e do amor'. SILVÂNIA TAMER.

 

Com base nessa bela observação da curadora Silvânia Tamer, o jornalista Mhario Lincoln, aproveita e republica, uma resenha que fez e publicou há 3 anos, n'A Folha, sobre essa bela obra prima. Diz o seguinte:

 

O exemplo sócio-depurativo

*MHARIO LINCOLN

 

O filme "A Vida é Bela", dirigido e estrelado por Roberto Benigni, é uma obra cinematográfica que transcende a simples narrativa de um drama familiar ambientado na Segunda Guerra Mundial para explorar profundas questões filosóficas, sociológicas, religiosas e sociais.

 

Sobre a essência do filme quero neste texto, representá-lo em várias filigranas que residem na perfeita capacidade de mostrar como o amor, a esperança e o humor podem coexistir mesmo nas circunstâncias mais atrozes, oferecendo uma visão humanista que ressoa com a filosofia de pensadores como Baruch Spinoza e John Locke, do século XVII.

 

Baruch Spinoza, conhecido por seu racionalismo e sua visão panteísta do universo, propôs que a felicidade humana é alcançada através da compreensão e aceitação da realidade, bem como do desenvolvimento de uma perspectiva racional e amorosa sobre a vida.

 

Em "A Vida é Bela", a personagem de Guido Orefice exemplifica essa filosofia ao transformar a brutal realidade do campo de concentração em um jogo, protegendo seu filho da dureza do mundo através da imaginação e do amor. Por isso, tenho a mais real concepção de que essa abordagem não é uma fuga da realidade, mas, sim, uma maneira de enfrentá-la de forma que a vida continue a ser bela apesar das circunstâncias.

 

John Locke, por outro lado, enfatizou a importância das experiências sensoriais e da educação na formação do indivíduo, defendendo a ideia de que o ambiente e as condições sociais influenciam profundamente o desenvolvimento humano.

 

Ao assistir ao filme com bastante atenção ao contexto, acabei entendendo a forma como Guido molda a experiência de seu filho é uma ilustração prática das teorias de Locke. Através de suas histórias e jogos, ele cria um ambiente onde o horror é filtrado, permitindo que o menino mantenha sua inocência e esperança, mesmo em meio à desumanidade.

 

Curadora de arte Silvânia Tamer.

Bem, não poderia também de analisar "A Vida é Bela" pelo ponto de vista sociológico. Na verdade, sob tal prisma, um entendimento poderoso das relações humanas e das estruturas sociais em tempos de crise. O filme sublinha a capacidade de resistência e a solidariedade, mostrando como as conexões interpessoais podem ser uma fonte de força e resiliência.

 

Guido, ao usar o humor e o amor como ferramentas de resistência, desafia as normas opressivas impostas pelo regime nazista, ilustrando como o espírito humano pode encontrar maneiras de perseverar mesmo em ambientes extremamente hostis.

 

Até mesmo religiosamente, o filme ecoa temas de sacrifício e redenção, elementos centrais ao cristianismo e Guido pode ser visto como uma figura crística, que se sacrifica para proteger a inocência e a vida de seu filho.

 

Este sacrifício voluntário e amoroso é uma reflexão sobre a capacidade humana de transcender o sofrimento pessoal em nome de um bem maior, um tema que encontra paralelos em várias tradições religiosas e espirituais.

 

Socialmente, "A Vida é Bela" tem um impacto duradouro por sua mensagem de esperança e resiliência. Desde seu lançamento, o filme tem sido utilizado como um recurso educativo para discutir o Holocausto, a natureza do mal e a importância da dignidade humana. Sua influência se estende além das salas de cinema, inspirando movimentos de resistência pacífica e iniciativas de educação sobre genocídios e direitos humanos.

 

Enfim, a mensagem de que a vida pode ser bela mesmo em meio ao horror, tem ressoado globalmente, influenciando tanto espectadores individuais quanto comunidades inteiras, evidenciado por inúmeras discussões acadêmicas e iniciativas pedagógicas que utilizam "A Vida é Bela" para promover uma compreensão mais profunda da resistência humana e da capacidade de encontrar beleza mesmo nas situações mais sombrias.

 

Esse será o tema da primeira ampla discussão - via chat - da Academia Poética Brasileira em junho. Divulgarei as datas.

 

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*Mhario Lincoln é presidente da Academia Poética Brasileira.

 

 

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alcina maria silva azevedoHá 11 meses Campinas- SPSalve Silvânia Tamer! Você escolheu um belo tema, baseado num lindo filme: A vida é bela. Como sempre o nosso sábio Presidente Mhario Lincoln, explanou muito bem o filme de Roberto Benigni. Um filme que deveria ser exibido novamente nos cinemas e TV. A coragem, criatividade e amor de um pai que consegue passar para o seu filho, uma forma bela e hilária forma de se viver, mesmo sendo ambientado na Segunda Guerra Mundial, onde os campos de concentração poluíam aquele mundo. Resiliência espera
Joizacawpy Há 11 meses São luís A forma de reinventar o mundo em.meio.a dificuldades não é nada fácil, porém a capacidade humana de usar o pensamento ao seu favor, é um grande instrumento que pode ser usado para mostrar que a mente é capaz de driblar muitas coisas e situações.
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