Ser ou não ser? Eis a Lírica!
*Mhario Lincoln
Seria algo mais perto da metafísica ou da lírica poética? Ou seria amálgama expelida da reconstrução e transcendência de Rogério Rocha? Seria pura e simples a utilização de uma linguagem imagética e metafórica para descrever a jornada do poeta em descobrir e criar novas realidades, diante de possíveis frustrações?
Ou posso considerar uma voz forte e rouca das ruas tentando alcançar algo como uma cura energética contida dentro de cada um ser-vulcânico de hoje? O que extrair das profundezas do pensamento do poeta Rogério Rocha, nesta "Fundação"?
A capacidade de fundar o que não existe; de reestruturar a realidade através da palavra poética? Ou de se recolher no silêncio da alma, tentando ressuscitar o ausente ou a lírica morta, para revitalizar sua sede intestina?
Confesso que estou até agora tentando interpretar todas essas extraordinárias metáforas, que afloraram pelos meus olhos. E o leitor, o que diz?
FUNDAÇÃO
Rogério Rocha
deixe estar!
o que não existe
o poeta funda
renova, reestrutura
recolhe das mãos
do silêncio
inaugura
repõe a falta
do ser
retira da sepultura
revira
refaz
revê
a sagrada reconstrução
até acontecer
deixe ser!
o que não está
o poeta inaugura
com a voz da palavra
perfura
a terra fértil
até chegar
ao que procura
incrementa um novo
saber
apascenta
a antiga ira
das débeis criaturas
revela a cura
reencontra a energia
das fervuras
a egrégora do magma
terremotos que abalam
a fundação das estruturas
palavra após palavra
sonho após sonho
loucura após loucura
[Rogerio Rocha]