"... MAS QUE SEJA INFINITO ENQUANTO DURE..." UMA HOMENAGEM A VINÍCIUS DE MORAES:

Grato, acuso o recebimento dos  exemplares da Antologia "Que Seja Infinito Enquanto  Dure..." Uma Homenagem a Vinícius de Moraes".  Foram selecionados 65 (sessenta e cinco) poetas/escritores do Brasil e outras plagas. Obrigado. @Lucélia Santos e @Gislaine koch (Organizadoras). Livros belíssimos.

A LUZ DE UM TEMPO

Antonio Guimarães de Oliveira

Por volta das 18 horas meu pai pegava o Petromax e eu ali observando como ele fazia aquilo iluminar a noite que caía sobre o Lago Limpo - minha doce terra natal. Meu pai tinha um imenso comércio. Na verdade, um empório. Tanto vendia quanto comprava. Havia de tudo. Meu Deus, que fartura...

Pois bem, o querosene era colocado num pequeno compartimento daquele utensílio. E uma pequena alavanca era pressionada para cima e para baixo, até gerar gás. A luz, porém não era possível, se não houvessem um morrão e uma espécie de "camisa". Essa, uma vez aquecida, brilhava na escuridão.

Fazia um barulho, um chiado, típico de gás fugidio, sendo consumido. Era um simples barulho, mas me remetia a um certo medo. Tinha receio daquilo explodir - o que nunca aconteceu.  As mariposas logo chegavam e rodeavam aquele objeto luminoso, mas não causavam nenhum grande transtorno. E assim era o início daquelas noites tão distantes. Tudo em volta era alegria e conversas animadas.                                                                 

Tudo se apaga. Até mesmo o sol um dia deixará de brilhar. Só os meus olhos lacrimejam e ainda brilham quando lembro de tudo isso...              Meu velho pai, para mim, o maior e melhor homem do mundo, nos deixou para ir ao céu. Aquele comércio fechou as portas. Tudo ficou escuro. Nunca mais vi tantas mariposas juntas. Mudei de lugar, de cidade. Fui estudar, conforme ele sempre queria. E tudo aconteceu: estudei e até compreendi como aquilo, de fato funcionava...      

"O equipamento compreendia um depósito, com uma bomba de pressão manual inserida, da qual saía um tubo com um vaporizador na extremidade. Uma camisa de seda em forma de pera envolvia o vaporizador, sendo protegida por um cilindro de vidro. No topo do dispositivo, uma chaminé permitia a exaustão dos gases".  Agora estou de volta, muitos e muitos anos depois. E no mesmo lugar, contemplo o passado e é inevitável não me comover.            

Meu pai era o Petromax desse lugar. Agora eu, imensuravelmente distante de ser, um pouco do que ele foi, tento e espero ter sucesso, e acender um outro Petromax na varanda escura desse presente tempo. 

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