*Mhario Lincoln, editor-sênior da Plataforma do Facetubes.
Li este final de semana a poesia que você me enviou, amigo Leonardo Magalhães, produtivo poeta das Minas Gerais. E o que mais me chamou a atenção foi o toque lírico nas percepções mais sensíveis da nossa alma, onde a filosofia e a emoção se entrelaçam em um diálogo íntimo. Em cada verso, a mim me passou a dor de quem perdeu, de quem carrega consigo as marcas abissais de um amor que foi, mas que nunca deixa de ser. Essa dor faz refletir, também sobre essa tão discutida natureza do amor. Então há de perguntar: será que sofrimento e amor estão intrinsecamente ligados?
Lendo seus versos, é impossível não pensar em Søren Kierkegaard. Ele fala sobre o desespero e a solidão que acompanham a existência. Já Magalhaens parece viver esse desespero, não de forma teórica, mas de maneira visceral, sentindo em sua carne o peso de "desejos e prazeres jázem mortos".
Há uma outra pergunta constante em seus poemas: seria uma busca quase desesperada por sentido, após o fim de um grande afeto? Leva-me à sentar na mesma mesa de Kierkegaard e sua angústia existencial. É como se o poeta estivesse sempre a se perguntar: será que, depois de tanto sofrer, ainda haverá espaço para amar novamente?
Como é bom ler Magalhaens e encontrar, escondidas, algumas nuances de Fernando Pessoa, especialmente na forma como ele singra as águas turvas da memória e da saudade. Pessoa, com sua infinita melancolia e sensibilidade, também nos falou sobre essa "grande ausência tão onipresente", essa presença constante de algo que já se foi, mas que continua a nos assombrar.
Nos versos de Magalhaens, há um sentimento, há uma mesma inquietação, uma mesma dor ao lembrar das "torturas sem iguais" do passado. E, como Pessoa, ele nos mostra que o passado não é apenas uma lembrança, mas uma força viva que molda o sentimento lírico.
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Nota do editor (*): a partir desta edição, a editoria do Facetubes decidiu ouvir seus coeditores brasileiros e estrangeiros (9) para avaliar os poemas publicados nesta Plataforma. Em avaliação conjunta, o primeiro poema escolhido pra receber o prêmio inédito "ABRAHAM LINCOLN" de Poesia foi o poeta mineiro, autor da obra "Spleen de BH", Volumes 01 e 02. Cada avaliador concede uma nota de 01 a 05. No somatório geral, os poemas com notas superiores a (04) já estarão aptos a receber essa valiosa comenda. Os poemas são livres e de quaisquer gêneros. Basta enviá-lo para ([email protected]). Observação: todos os premios concedisos pelo FACETUBES recebem a chancela da ACADEMIA POÉTICA BRASILEIRA, AVCTORIS e da WOLF&HOUN, entidades internacionais Publicações Literárias, de Direitos autorais e de Avaliação Poética. Além desse prêmio poético. o FACETUBES também registou dois outros prêmios: um, de arte (exposições, etc), outro de Prosa, contos e romance. Todos esses prêmios têm força curricular.
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O POEMA
*Leonardo Magalhaens
Soneto para os Afetos passados
"A grande dor das cousas que passaram"
Camões
Ah, a dor dos afetos que perdemos,
A grande ausência tão onipresente,
Da ternura que jamais esquecemos,
Das juras, em carícias tão frementes!
.
Dormindo e acordando ao teu lado,
Em teu sono ressonando contigo,
Invejando o teu sonho, encantado
E curioso, 'Sonhaste comigo?'
.
Desejos e prazeres jazem mortos,
Carregamos na mente os funerais,
Os erros nos caminhos tortos,
.
Em dores, as torturas sem iguais:
A indagar se amaremos novamente,
Gemendo sob o passado inclemente.
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