Mhario Lincoln
No sentido figurado, considero o poeta José Maria Nascimento um resiliente porque demonstra sua grande capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar às mudanças que ele mesmo teve que enfrentar ao longo dos últimos 33 anos. Isso fez com que sua poesia também se transformasse em celebração da vida. E dentro dessa celebração está o amor pela cultura maranhense, especialmente á cidade de São Luís.
Assim, Em “Ilha de São Luís”, o poeta mostra um cenário vibrante e cheio de vida, onde cada verso é uma janela para a alma da cidade porque Nascimento utiliza uma linguagem simples, porém rica e sensorial para descrever as ruas, as festas e os sabores de São Luís. O sol que banha as ruas, as luminárias dos amores, e os repiques de zabumbas ao lado da escadaria são imagens que evocam uma sensação de pertencimento e nostalgia. Há, sim, muito lirismo em suas criações poéticas.
Isso me faz convidar para a mesma mesa, por exemplo, Carlos Drummond de Andrade. Em muitos de seus poemas, retratou Itabira, sua cidade natal, com um olhar crítico e amoroso. Ele via a cidade não apenas como um lugar físico, mas como um espaço carregado de memórias e significados pessoais.
Assim como Drummond, José Maria Nascimento consegue capturar a essência de São Luís, transformando suas experiências pessoais em poesia que ressoa com qualquer pessoa que já tenha sentido um amor profundo por sua terra natal. Vide, abaixo:
Capa de recente livro do poeta JM Nascimento.
ILHA DE SÃO LUÍS
"Aqui o peixe vira pedra..."
*José Maria Nascimento
O sol banha as ruas
Dos afogados e Alecrim
Luminárias dos amores
Na praça e no jardim
Repiques de zabumbas
Ao lado da escadaria
Rumores de uma toada
Com sabor de nostalgia
A índia eleva o homem
Acima do nível do mar
O jovem dança afoito
O velho volta a amar
E quando bate a fome
Em clima de chão quente
Arroz de cuxá e pimenta
Rebatido com aguardente
Aqui o peixe vira pedra
Linda pedra de cantaria
Tudo é um só espetáculo
Sob os efeitos da magia
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