Importante texto da imortal APB, Linda Barros: “AS 'MINAS' NO MURAL DAS LETRAS MARANHENSES”
Linda Barros é SECRETÁRIA NACIONAL EXECUTIVA DA ACADEMIA POÉTICA BRASILEIRA.
23/09/2024 às 15h57
Por: Mhario LincolnFonte: Linda Barros
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Linda Barros, escritora e atriz. Membro da Academia Poética Brasileira
“Dizem que a mulher é o sexo frágil
Mas que mentira absurda
...
Sei que a força está com elas”
Hoje, um belo domingo de primavera, sol brilhando lá fora, ao som dos pássaros (acho que é um bem-te-vi) e sempre na companhia de Enya (indispensável na minha playlist), depois de uma semana exaustiva, estou aqui na biblioteca, cercada por milhares de livros – inclusive, poderia escrever sobre qualquer um deles – resolvi escrever sobre uma obra recém-lançada em nossa capital. Este texto estará em primeira pessoa, porque estarei inserida nele também, então, não é só a pessoa física, mas a autora que fará parte do processo.
Quero começar este texto com aquela epígrafe lá em cima, que será explicada mais à frente, e segundo, quero começar dizendo que existimos pelo que somos, não pelo o que temos, uma bela frase feita, mas carregada de todas as metáforas possíveis. Pois bem, estamos no século XXI, um longo caminho percorrido pela humanidade até aqui, e, nesse longo trajeto o que mais ouviu foram os lamentos daquelas que eram para ser o braço forte da humanidade. Parece que estou exagerando, mas não estou e nem precisamos ir tão longe: o que mais se vê e se escuta são as lamúrias nossas de cada dia: “Por que não temos nosso trabalho reconhecido”?, “Por que não nos veem”? “Por que não nos enxergam”? “Mulher no trânsito, perigo constante”. “Mulher só serve para pilotar fogão”. E então eis que surge “Mural das Minas – Coletânea Literária Feminina do Maranhão” (1° ed. – Imperatriz: Estampa, 2024. 418 p.)
Alguém pode já de antemão “gritar”: “ah, mas tem tantas obras sobre as mulheres”. Sim de fato tem, mas “sobre” as mulheres e não “das mulheres”. Devem também dizer: “está querendo mimimizar”. É o contrário. Já quero lembrar de antemão que este texto não é um desabafo, tampouco um autoelogio, mas sim, usarei algumas poucas palavras para discorrer sobre a importância que está em páginas tão bem elaboradas e confeccionadas por DOIS homens do mais alto gabarito intelectual.
A obra “Mural das Minas” foi um projeto iniciado em meio ao caos vivido pelo mundo inteiro, a pandemia do Covid-19, momento em que todos estavam preocupados com sua própria sobrevivência. Foi então que o jornalista, professor, escritor, revisor de textos, doutor e ex-Vice-Reitor da Universidade Federal do Maranhão, juntamente com o não menos importante professor, escritor, crítico literário, pesquisador e também Doutor, José Neres, uniram forças para, mesmo de longe – já que estavam afastados pela pandemia – trazer à tona nome de mulheres com seus respectivos textos, selecionados pelos próprios intelectuais já citados e resultou no “Mural das Minas – Coletânea Literária Feminina do Maranhão”. É uma obra composta por 50 mulheres, de diversas partes deste gigante Maranhão e fora dele, como vemos a seguir: Luana Gonçalves mora em Tocantins; Luiza Cantanhede, de Teresina – PI; Geane Lima Fiddan, que vive em Recife PE, atualmente; Helena Frenzel, maranhense, mas radicada na Alemanha; Rakel de Jesus Pinho reside em São Paulo SP; e Socorro Borges que reside em Teresina – PI.
Eis a lista de nomes de nossas incríveis mulheres (inclusive essa pessoa que vos escreve):
Adriana Moulin, Anna Liz, Aline Piauilino, Conceição Formiga, Cristina Galletti, Cristiane Magalhães, Dilercy Adler, Diva Lopes, Elany Morais, Eliane Morais Araújo, Eró Cunha, Graça Barros, Heloísa Sousa, Liratelma Cerqueira, Luana Gonçalves, Luiza Cantanhede, Maira Soares, Márcia Reis, Natércia Garrido, Regilane Macedo, Rilnete Melo, Samara Volponi, Sharlene Serra, Tereza Bom-Fim, Wanda Cunha, Andressa Picoli, Arlene Azevedo, Betânia Pereira, Dorlene Macedo, Edna Ventura, Elisa Lago, Eva Soares, Floriza Gomide, Gabriela Lages, Geane Fiddan, Helena Frenzel, Hyana Reis, Liduína Tavares, Linda Barros, Lindevania Martins, Maria das Neves, Maria Eliete, Maria Helena Ventura, Maria Natividade, Marina Goretz, Neusilene Carvalho, Rakel de Pinho, Samanta Matos, Socorro Borges e Lilia Diniz.
Esse projeto, como já mencionei antes, foi iniciado durante a pandemia, quando as autoras tiveram seus textos publicados no site da Região Tocantina, na página da Academia Imperatrizense de Letras e também nas páginas do jornal O Progresso, de Imperatriz. A Coletânea é composta por textos dos mais diversos gêneros literários, como poesias, contos, crônicas e artigos e nos quais todas as autoras aqui inseridas participaram do edital lançado pelos organizadores e foram agraciadas com seus respectivos textos.
Segundo o professor/doutor Marcos Fábio Belo Matos, as expectativas para a continuidade deste projeto é “fazer uma segunda edição, com apoio institucional e de empresas, mas apenas para circulação em bibliotecas públicas e universitárias, e, depois, uma terceira edição digitalizada, via Amazon, com distribuição gratuita para todos”.
Com tantos textos tão sublimes, resolvi escolher alguns para que vocês, leitores, possam sentir desejo de esperar a versão digitalizada para saborear a todos outros. Começo com esse de Helena Frenzel que, apesar de distante, a sentimos muito perto de nós:
VIDA À MONOTONIA!
Poesia vem quando quer
É atrevida essa mulher!
Homem, e por que não?!
De absurdos brota poesia;
De monotonia, inspiração.
Outro texto escolhido, dessa vez da jovem autora Gabriela Lages, que em poucas palavras descreve nossa invisibilidade frente ao mundo:
SOBRE VIVER
Minha casa é o mundo
Navio sem porto
Minha comida é esmola.
Chuva no deserto.
Invisível, que sou,
Ando para sempre e nunca.
Rilnete Melo é certeira em seus versos, deixando claro nosso desabafo contra as ordens e as mazelas do mundo, colocando para fora o que estava entalado na garganta:
DESENTALO
Das piabas
que mastiguei,
das águas
por onde passei
tirei da garganta
a voz entalada
(comendo farinha
ou pão que o diabo amassou)
E o sangue poético escorreu.
Os textos escolhidos aqui nos mostram como cada autora, com seus versos, consegue expor seus conflitos, seus medos, suas angústias do mundo e da vida, mas ainda assim, com nossa voz incansada e frágil, lançamos a esse mesmo mundo e aos olhos dos homens, nossa força poética através das palavras, para mostrar como disse o “Tremendão” Erasmo Carlos na epígrafe no início deste texto, a mulher é muito mais forte do que possam imaginar.
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alcina maria silva azevedoHá 2 semanas Campinas -SPQue beleza! Grandes mulheres destacando o seu valor na poesia também.
Dorlene Macedo Há 2 semanas São Luís MAParabéns escritora Linda Barros! A literatura Maranhense muito bem representada. Mulheres onde a escrita ressoa e transcende toda a grandeza de cada palavra e pensamento expressado!
Rilnete Melo Há 2 semanas Pindaré Mirim Uau! Que primor de texto, Linda Barros!! Parabéns!Amei! Gratidão pelo destaque do meu poema,um dos meus queridinhos.rs
ELISA LAGOHá 2 semanas São LuísSalve, salve mulheres da literatura! Parabéns Linda Barros! Excelente texto!
Marlene Souza, professora.Há 2 semanas São Luís/Pastos Bons-MASaudades de teus textos por aqui. Ultimamente não leio outra internet. S´[o essa. Mais seguro e mais interessante. Vou ler o texto Lindalva.