“Zelda foi o espírito de uma rebelião imprudente que dominou a década de 1920, e seu infortúnio foi também ter sido uma de suas vítimas”. Zelda: uma biografia, de Nancy Milford,
A experiência de Zelda reflete muitos episódios em que mulheres criativas foram silenciadas ou tiveram seus talentos usurpados ao longo da história. (Facetubes).
O nome dela era Zelda Fitzgerald. Ao longo dos anos, ela foi subestimada e encarcerada em uma instituição psiquiátrica. Seu “erro”? Ter sido uma mulher que se expressava livremente em uma sociedade que estava contida.
Hoje, muitos ainda a conhecem apenas como a “esposa” do renomado escritor F. Scott Fitzgerald. Poucos se davam conta de que ela também pintava, escrevia e deixava transparecer, em cada gesto, uma mulher que vivia além das convenções de sua época. Zelda dirigia seu próprio carro, usava os cabelos curtos e amava sem hesitação.
Foi dessa forma intensa que conheceu F. Scott Fitzgerald — alguém que se tornaria um dos grandes nomes da literatura americana. Fascinado, ele encontrou em Zelda inspiração para vários de seus trabalhos. Uma mulher livre, afinal, é um acontecimento arrebatador que transforma tudo ao seu redor.
Mas, ao mesmo tempo em que se encantava por sua energia, Scott se mostrava incapaz de lidar com a plenitude artística e pessoal de Zelda. Começou a sabotar suas pinturas, apropriou-se de fragmentos de seus escritos e, com o passar do tempo, esse comportamento ciumento se tornou sufocante. Como uma ave de asas largas, Zelda não conseguiu suportar essa gaiola.
Nesse contexto, ela escreveu o romance Save Me the Waltz, (em tradução livre algo como, "Salve-me a Valsa"), usando a ficção para contar a história dos dois: um homem que não compreende a diferença entre o amor e possui e uma mulher decidida a não perder a própria essência.
Porém, Scott exerceu forte influência para mantê-la internada, o que fez com que Zelda fosse submetida a uma série de procedimentos invasivos, incluindo eletrochoques. Infelizmente, ela nunca se recuperou completamente. Privada de sua voz e de sua liberdade, encontra boa parte de sua vida confinada em um hospital psiquiátrico.
A experiência de Zelda reflete muitos episódios em que mulheres criativas foram silenciadas ou tiveram seus talentos usurpados ao longo da história. Mesmo hoje, há riscos de vozes femininas serem abafadas. Por isso, é urgente reafirmar: a voz de uma mulher é sua maior força revolucionária.