Augusto Pellegrini
The Brian Setzer Orchestra, comandada pelo guitarrista Brian Setzer, que congrega vinte e dois músicos, possui diversos álbuns de qualidade, apresentando um swing com a marca do rhythm & blues. Entre eles se destacam “The Brian Setzer Orchestra”, “Boogie Woogie Christmas” e “Wolfgang’s Big Night Out”, e as músicas “Jump Jive And Wail” “Stray Cat Strut”, “Rock This Town”, “We Are The Marauders” e a velha conhecida “In The Mood”, numa versão cantada.
A banda Ingrid Lucia and The Flying Neutrinos é original de Nova Orleans.
Comandada pela cantora Ingrid Lucia e pelo trombonista e cantor Todd Londagin, ela se diferencia das demais por voltar a sua inspiração aos tempos do jazz estilo new orleans, conforme atestam os seus álbums “I’d Rather Be In New Orleans”, “Live In New Orleans” e “Child Hotel” executando com arranjos próprios, num estilo tradicional, músicas já consagradas como “Bourbon Street Parade”, e outras menos antigas como “Mr Zoot Suit”, “Getting Some Fun Out Of Life”, “They Play Jazz In Heaven” e “Sunny Afternoon”. Ingrid Lucia possui o timbre e a sensualidade que fazem lembrar a malícia e a languidez de Billie Holiday.
O neo-swing e o swing revival se espalharam de costa a costa nos Estados Unidos, e a exemplo do modelo original, também pela Europa e resto do mundo. Existem diversas cadeias de rádio especializadas que podem ser ouvidas pela Internet e é atualmente – estamos falando de 2015 – um importante ingrediente para quem procura diversão de uma forma similar àquela dos seus avós.
Da mesma forma que o Cotton Club, o Alhambra ou o Savoy Ballroom produziam e abrigavam os seus espetáculos musicais e dançantes por volta de 1930, outros locais especializados na produção deste novo swing estão atualmente atraindo verdadeiras multidões.
Do lado leste de Nova York estão o The North River Bar e o Live Psychic, e do lado oeste está o badalado Sullivan’s. No Don Hill’s e no Coney Island High os mais tradicionalistas podem dançar o neo-swing exibindo exatamente os mesmos passos do lindy hop.
Muitos outros logradouros se transformaram em ponto de encontro e diversão dos swingsters e dos neo-lindyhoppers, entre os quais se sobressaem o New Village Gate, o Louisiana Community Bar & Grill, o Rodeo Bar, o Irving Plaza e o Le Bar Bat, colocando no mesmo barco universitários bem comportados, jovens da geração grunge, casais de meia-idade, homossexuais, frequentadores do Harlem, financistas de Wall Street, apreciadores da dança, noctívagos, viciados e bêbados em geral.
Na Califórnia, os principais clubes que abrigam o novo swing são o Bimbo’s 365 Club, o Pearl’s, o Café du Nord, o Enrico’s, o Moe’s Alley e o Hi-Ball Lounge em San Francisco, e o The Derby, o The Baked Potatoe, o Whisky a Go Go e o House of Blues em Los Angeles. Em Chicago, o jazzófilo parceiro da noite pode escolher entre o Hide Out, o Constellation, o Katerina’s ou o Andy’s Jazz Club. Entre outros.
As músicas do neo-swing contêm uma clara influência de Count Basie, Benny Goodman e Louis Jordan, bandleaders que haviam sacudido as estruturas da música americana cinquenta anos atrás.
Ao contrário da tradicional dance music do final do século vinte, onde os dançarinos coreografavam e davam seus passos próximos uns aos outros, mas geralmente não se tocavam, o neo-swing trouxe de volta a dança compartilhada e o contato físico do casal, onde os pares se enlaçam e desenlaçam num embalo constante.
A vestimenta também adquiriu uma forma de “new look” (que na verdade tem muita coisa de “old look”), sendo comum a mistura de figurinos. Alguns homens trajam roupas modernas, outros envergam ternos de gabardine e gravata, outros ainda usam jeans e camiseta; as mulheres tanto exibem seus vestidos longos e rodados – com direito a laço nos cabelos – com um vestuário absolutamente “trendy”, misturando modernismo com um claro revival que remonta à época do swing clássico.
Tudo indica que esta nova onda de swing não será uma moda passageira, como preconizam alguns, pois existem alguns fatores que devem ser levados em conta e que prometem para o estilo um período relativamente longo de existência e glória.
Em primeiro lugar, sempre irão existir pessoas que definitivamente gostam de dançar. Como americanos, os swingsters apreciam e continuarão dançando a música das suas raízes, assim como fazem os brasileiros com os ritmos tupiniquins, os jamaicanos com o reggae e os argentinos com o tango, a milonga e a chacarera.
Depois, com o absurdo crescimento do público frequentador dos mega-concertos de rock e das raves da música hard techno, que congregam milhares de entusiastas, algumas pessoas sentem a necessidade de freqüentar locais menores, mais confortáveis e relativamente aconchegantes. Assim, as casas de neo-swing surgem como uma excelente alternativa para quem quiser combinar uma noitada agradável com um bocado de movimento com uma boa oportunidade de tomar umas e outras ao lado de um número razoavelmente reduzido de pessoas, e ao som de uma música “fashion”.
É também uma maneira fashion de exibir um vestuário diferente – ultramoderno ou vintage – sem ter a sensação desagradável de estar se expondo ao ridículo, e uma forma de fazer parte de uma fauna diferente que congrega diversas tribos interessantes e esquisitas.
Para o amante da boa música, o neo-swing é uma maneira insuspeita de comprovar que por trás de toda uma parafernália de beat e sons exóticos permanece viva a verdadeira alma do swing. E o swing revival é a prova que o espírito dos anos 1930 não morrreu.
Muitas escolas de música e até algumas universidades voltaram a incluir aulas de lindy hop no seu currículo de arte, e o público jovem que começa a se interessar pelo assunto está crescendo a cada dia, o que contribui para o renascimento de uma cultura que teve origem no Harlem há setenta anos.
O cinema já investiu na divulgação do neo-swing, e a essência desta música e dança pode ser vista e apreciada nos filmes “Swing Kids” (1993) dirigido por Thomas Carter, “The Mask” (1994) – no Brasil, “O Máscara” – com a participação de Jim Carrey, dirigido por Chuck Russell, e “The Swingers” (1996), dirigido por Doug Liman.