Sharlene Serra
Neste Dia Internacional da Mulher, surge uma reflexão sobre a força e a resiliência feminina, bem como a complexidade das experiências das mulheres diante da pressão social para atender a múltiplos papéis, como mãe, profissional, parceira e amiga. Isso pode criar um cenário em que muitas mulheres se sentem esgotadas e isoladas, mesmo cercadas por pessoas.
Pensando nisso, lembrei que a solidão e a solitude são conceitos frequentemente confundidos, mas que apresentam em suas definições e impactos na experiência humana, especialmente no universo feminino. Enquanto a solidão é muitas vezes vista como uma condição indesejada, associada ao isolamento e à tristeza, a solitude pode ser compreendida como uma escolha consciente, um estado de estar consigo mesma que pode levar ao autoconhecimento e à reflexão. No entanto, a linha que separa essas duas experiências pode se tornar tênue, especialmente quando, na solitude, também pode existir solidão.
Em relação as mulheres, a solidão pode manifestar-se de maneira única quando suas necessidades emocionais não são reconhecidas. Esse sentimento de estar sozinha em meio a uma multidão pode ser devastador, levando a um vazio emocional. Por outro lado, a solitude é uma realidade e pode ser uma experiência libertadora para muitas mulheres, pois oferece um espaço para reflexão, autodescoberta e crescimento pessoal. Mas será que estar consigo mesma, nesta busca incessante, é prazeroso? Será que a mulher não se cobra constantemente? Será que é nesse momento que muitas mulheres encontram força e clareza sobre suas identidades e desejos? Ou elas acreditam que na solitude podem explorar suas paixões, e se reconectar com seus anseios mais profundos? Porém, essa escolha de estar sozinha pode se transformar em solidão, do não se permitir envolver-se com o outro, no isolamento afetivo que se confunde com o se bastar. Quando a solitude é buscada como um ato de empoderamento, ela pode evocar sentimentos de tristeza se não houver um equilíbrio saudável entre tempo sozinha e conexões significativas.
E além disso, podem sentir-se ainda mais solitárias ao refletir sobre expectativas sociais ou relacionamentos tóxicos, traumas que geram introspecção. A ausência de apoio emocional durante esses períodos pode intensificar o sentimento de desamparo, e isso pode acontecer silenciosamente, camuflado de liberdade.
É preciso estar atenta aos sinais da solidão. O equilíbrio está no autoconhecimento, aprendendo a reconhecer os próprios limites e identificar quando se precisa de companhia e permitir-se. Lembrando que: Pedir ajuda não é fraqueza, mas coragem.
Além do autoconhecimento, é fundamental construir conexões significativas, cultivando a empatia e a escuta ativa. Neste Dia Internacional da Mulher, convido todas a refletirem sobre sua relação com a solidão na solitude, buscando o equilíbrio entre esses estados, cultivando o amor-próprio, mas também construindo conexões que fortaleçam, onde a mulher possa transitar pela solitude, na certeza de que ainda pode amar e se sentir amada. Que neste Dia Internacional da Mulher, celebremos a força da mulher em sua totalidade, reconhecendo que a verdadeira força reside na capacidade de se permitir sentir, e conectar-se.
Que a solitude seja um espaço de encontro consigo mesma, onde a mulher se sinta livre para ser autêntica e para explorar sua individualidade. Que a solidão não seja um fardo, mas sim um convite à reflexão. Que a mulher moderna, em meio aos desafios e às pressões do dia a dia, encontre o equilíbrio entre a solitude e a solidão, cultivando o amor-próprio e construindo uma rede de apoio que a sustente e a inspire. Que a força feminina seja celebrada em todas as suas formas, como um ser humano completo, com fragilidades e potencialidades, capaz de amar, de criar e de transformar o mundo.
SOLIDÃO NA SOLITUDE
Ela caminha firme, passos de coragem,
Conquistou seu mundo, escreveu sua imagem.
No espelho reflete a força que tem,
Mas existem desafios que não conta para ninguém.
As vitórias são muitas, mas o coração clama
Por um amor que acenda a chama.
E mesmo cercada de conquistas e luz,
Na solitude da alma,
a solidão reluz.
Nessa hora, a reflexão aflora;
Sua sólida companhia nunca vai embora.
Com cada conquista,
reconhece seu valor,
Mas sua essência busca mais amor.
Ergue castelos com pedras de sonho,
Mas se perde em meio ao seu próprio trono.
As expectativas vistas como um fardo, mas sabe:
Dois completos transbordam, isso é fato!
No silêncio profundo da sua alma,
ao se amar o suficiente,
descobre na solidão da solitude
a presença ausente.
E no abraço de quem realmente é,
no seu amor próprio, autoestima, vitórias,
celebrando o ser mulher.
Mas reconhece em cada ato
que o estar apenas consigo pode ter sabor amargo.
A mulher que se ama tem em si domínio,
Mas a verdade é que ninguém
consegue ser feliz sozinho.
Sharlene Serra
Nasceu em São Luís do Maranhão, graduada em Desenho Industrial, Pedagogia e especialista em Educação Inclusiva. Atualmente reside em Brasília. Formadora e palestrante educacional. Escritora com 08 livros publicados. Idealizadora do projeto Geração de Escritores. Autora da Coleção Incluir, que aborda inclusão, e participa de inúmeras antologias nacionais. É membro da Academia Poética Brasileira – PR; Vice-presidente da AJEB – Associação de Jornalistas Escritoras do Brasil (seccional MA); membro de outros sodalícios, presidente da Academia Maranhense de Letras Infantojuvenil – AMLIJ, membro da Associação Nacional de Escritores (Brasília-DF) e da UBE – União Nacional de Escritores (São Paulo-SP).