
Pesquisa: editoria de Biblioteconomia (Facetubes).
Redação final: Mhario Lincoln
"Para algumas as pessoas que não respeitam mais a Sexta-feira Santa, essas, possivelmente, nunca ouviram falar, nem leram o que realmente aconteceu com o corpo físico de Jesus. Os relatos abaixo mostram o sofrimento real e extremo de Jesus. Abaixo, uma reunião, em um só texto, de vários relatos de médicos, de evangelistas, manuscritos da época, inclusive até mesmo de pesquisas nunca dantes reveladas, para mostrar a realidade física de um Jesus que sofreu de tudo para mostrar ao Mundo o quanto tem amor pelos seus. Alguns relatos neste manuscrito estão "conforme o original", portanto, apenas reproduzido. Este relato é muito forte. Assim, sugiro que pessoas que não tenham muito controle emocional não o leiam. (MHL)".
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Em um momento silencioso, dentre os muitos, no Jardim do Getsêmani, Jesus de Nazaré enfrentou um terror indizível. O evangelista Lucas – ele próprio médico – relata que, em meio à angústia da oração, o suor de Jesus “tornou-se como gotas de sangue caindo ao chão” (Lc 22,44). A medicina moderna reconhece este fenômeno raríssimo como hematidrose, ou suor sanguinolento, desencadeado por estresse físico e emocional extremos.
Trata-se do rompimento de finíssimos capilares das glândulas sudoríparas, fazendo o sangue misturar-se ao suor e escorrer pela pele. Casos documentados ocorreram em pessoas sob choque emocional severo.
Jesus, naquele momento, sentia-se “carregando todos os pecados dos Homens” – um peso espiritual esmagador que, segundo a tradição cristã, abatia-O em profunda agonia.
Do ponto de vista médico, além de indicar o grau extremo de estresse, a hematidrose teria deixado Sua pele fragilizada e extremamente sensível. Mal sabia o que ainda O aguardava: a noite de tormentos estava apenas começando.
Após ser traído e preso, Jesus foi submetido a julgamentos injustos perante as autoridades religiosas judaicas e, em seguida, levado ao governador romano Pôncio Pilatos. Embora o historiador romano Tácito – um contemporâneo cético – confirme que Jesus foi condenado à crucificação sob o julgo de Pilatos; nos Evangelhos, são encontrados detalhes vívidos de seu suplício.
Pilatos, cedendo à pressão da multidão, ordenou que Jesus fosse flagelado. A flagelação romana era uma forma brutal de tortura preliminar: soldados despiram Jesus, amarraram-nO pelos pulsos a uma coluna de pedra e golpearam-nO repetidamente com um 'flagrum' – um chicote de várias tiras de couro equipadas com bolas de chumbo e fragmentos de ossos nas pontas.
Dois verdugos revezavam-se, golpeando de ambos os lados do corpo. A cada açoite, a pele de Jesus – já enfraquecida pelas hemorragias microscópicas do suor de sangue – lacerava-se em tiras, abrindo cortes profundos. Os pedaços de metal e osso rasgavam músculos e vasos sanguíneos, fazendo o sangue jorrar.
Após perda sanguínea e trauma, Jesus mal conseguia manter-Se em pé. Ele sentia tontura, náuseas, calafrios e um suor frio na fronte – sintomas clássicos de pré-choque circulatório. “Ele foi castigado por nossos crimes, esmagado por nossas iniquidades; o castigo que nos salva pesou sobre Ele, fomos curados graças às Suas chagas”, dizia o profeta Isaías.
Jesus foi então vítima de escárnio pelos soldados romanos. Colocaram sobre Seus ombros uma veste púrpura e, em Sua cabeça, pressionaram uma coroa de espinhos. Esses espinhos longos e rígidos (possivelmente de acácia) penetraram o couro cabeludo, lacerando a pele altamente vascularizada da cabeça.
Humilhado como um falso rei, com o “cetro” de caniço e a coroa cruel, Jesus foi apresentado por Pilatos à multidão – um homem despedaçado, mal reconhecível. Mas o clamor por Sua crucificação persistiu. Por fim, Pilatos lavrou a sentença: morte na cruz. Antes da execução, era costume forçar o condenado a carregar a própria cruz até o local do suplício.
Assim, sobre os ombros já retalhados de Jesus os soldados colocaram a viga horizontal da cruz (o patibulum), peça de madeira maciça pesando cerca de 30 a 50 quilos.
A parte vertical (o stipes) geralmente já ficava fincada no local da crucificação, no alto do morro do Gólgota. Descalço e debilitado, Jesus foi empurrado pelas ruas de Jerusalém, tropeçando no caminho irregular por cerca de 600 metros até o Calvário.
De acordo com os Evangelhos, um transeunte chamado Simão foi constrangido a ajudá-Lo a carregar a cruz (Mt 27,32), o que indica que Jesus estava fraco demais para carregá-la sozinho.
Cada queda no caminho agravava ainda mais Seus ferimentos: imagina-se que, ao cair de joelhos, Jesus machucasse ossos e articulações, e que a trave ao escorregar Lhe arrancasse pedaços de pele do dorso já em carne viva.
A multidão O seguia, alguns com escárnio, outros em prantos (Lc 23,27). O próprio Jesus havia dito às mulheres que choravam: “Não chorem por mim” – talvez pressentindo que Seu sofrimento, por pavoroso que fosse, tinha um propósito maior. Chegando ao Calvário, por volta do fim da manhã, começou o ritual macabro da crucifixão em si. Os carrascos arrancaram de Jesus Sua túnica, mas o tecido estava empapado e grudado às feridas coagulentas em Sua pele.
Ao puxarem violentamente Suas vestes, reabriram-se os cortes e arrancaram-se crostas aderidas – cada fio do tecido funcionou como uma atadura arrancada de uma chaga fresca
A dor lancinante dessa retirada fez Jesus quase desfalecer, correndo risco de síncope. Agora nu e tremendo, Ele foi deitado de costas sobre a madeira áspera. Os grãos de poeira e pedregulhos grudaram em Suas feridas úmidas de sangue
Rapidamente posicionaram Seus braços sobre a viga horizontal, preparando-se para pregá-Lo na cruz. É difícil imaginar a dor dos cravos atravessando a carne. Os algozes provavelmente usaram cravos de ferro de aproximadamente 12 a 18 cm de comprimento e quase 1 cm de espessura, pontiagudos e quadrangulares.
Em vez de perfurar as palmas das mãos (que não sustentariam o peso do corpo), os pregos foram cravados nos punhos de Jesus, penetrando logo acima do pulso. Com golpes brutais de martelo, eles atravessaram o músculo e rasgaram os tecidos até se fixarem na madeira
O impacto destruiu parcial e dolorosamente o nervo mediano de cada braço. Trata-se do principal nervo que inerva a mão; quando severamente atingido, provoca uma dor imediata, aguda e elétrica que irradia dos dedos até o ombro. A literatura médica descreve essa dor neurogênica como das mais insuportáveis que um ser humano pode sentir – a origem mesma da palavra “excruciante”, que vem do latim ex cruciatus (“fora da cruz”).
Normalmente, uma lesão dessas causaria desmaio instantâneo por choque neurogênico. No caso de Jesus, Ele permaneceu consciente, a enfrentar cada onda de agonia com extraordinária resistência. Os cravos fixaram firmemente Seus pulsos ao patibulum, prendendo-O à cruz. Em seguida, os executores ergueram a viga com o corpo pendurado e a encaixaram no poste vertical já fincado no solo.
Houve um solavanco terrível quando a cruz foi colocada em posição – esse tranco deve ter dilacerado ainda mais os pulsos e deslocado ombros ou cotovelos sob o peso do corpo suspenso. A grande coroa de espinhos em Sua cabeça pressionava Seu crânio; ao ser encostado contra a madeira, os espinhos penetraram mais fundo, forçando Jesus a inclinar a cabeça para a frente para não encostá-la no madeiro.
Por fim, Seus pés foram pregados: provavelmente sobrepostos um sobre o outro e transfixados por um último cravo, fixando Suas pernas à cruz. Cada martelada que pregou Seus pés certamente causou nova lesão nervosa e dor aguda percorrendo as pernas. Agora, crucificado de braços abertos, Seu corpo pendia, sustentado por três cravos que Lhe rasgavam os membros. Ao meio-dia, Jesus já estava pregado na cruz, exposto sob o sol abrasador. Seu corpo era “uma máscara de sangue” do couro cabeludo aos pés, cobria-O uma mistura de suor, poeira e sangue seco e fresco.
A sede o consumia – Ele não bebia água desde a noite anterior. Com a brutal flagelação e a crucifixão, perdeu fluidos copiosamente (sangue e suor), ficando intensamente desidratado. Seus lábios rachados estavam ressequidos e Sua garganta ardia (Jo 19,28). Em meio à zombaria dos espectadores, Jesus exclamou: “Tenho sede!” (Jo 19,28). Um soldado embebeu uma esponja em vinagre – provavelmente o vinho azedo usado pelos militares – e ergueu-a até Sua boca numa vara.
O líquido ácido pouco fez para aliviar Sua secura; possivelmente queimou-lhe os lábios e a garganta, agravando a tortura. Pairava então sobre o Gólgota um silêncio soturno, interrompido apenas pelos gemidos dos crucificados e pelos insultos dos presentes. Sobrevieram trevas inexplicáveis em pleno meio-dia (Lc 23,44). No corpo de Jesus, pendurado pelos braços, instalou-se um fenômeno agonizante.
Com o passar dos minutos na posição de crucificação, vários espasmos musculares tomaram conta d'Ele: os músculos dos ombros e braços endureceram em câimbras tetânicas, os dedos das mãos curvaram-se em garra, os músculos peitorais e intercostais ficaram rígidos. Este estado de contração muscular generalizada, semelhante ao tétano, é conhecido como tetania. Ele ocorre, em parte, por alterações eletrolíticas da perda de sangue e suor, e pela falta de oxigênio nos tecidos.
A caixa torácica de Jesus estava sendo comprimida pela tração do Seu próprio peso para baixo. Seus braços estendidos para cima e para fora forçavam continuamente o tórax em posição de inspiração, impedindo a expiração normal. Assim, o ar entrava com dificuldade nos pulmões, mas não era expelido completamente – retinha-se nos pulmões e o dióxido de carbono acumulava-se no sangue.
Jesus começou a sofrer de asfixia lenta. Sua respiração tornou-se curta e rápida, como a de um asmático em crise; Ele mal conseguia arfar. A falta de oxigênio tingia Sua pele – especialmente o rosto – de um tom azulado (cianose) depois de ruborizá-la em púrpura congesta. Os pulmões inflados não conseguiam esvaziar-se: a sensação de sufocamento era aterradora. Para não sucumbir imediatamente, Jesus precisava lutar contra a posição. E assim o fez: reunindo todas as Suas forças restantes, Ele ergueu Seu corpo para cima, apoiando-se no prego que trespassava Seus pés
Num esforço sobre-humano, contraiu as pernas e impulsionou-se milímetro a milímetro para aliviar a tração dos braços. Esse movimento deve ter provocado dores inimagináveis – o cravo dilacerando Seus pés feridos, os nervos medianos dos pulsos roçando o metal e disparando pontadas lancinantes pelos braços. Mas esse sacrifício Lhe permitiu algo precioso: respirar um pouco mais fundo e falar. Cada vez que Jesus queria pronunciar alguma palavra, Ele precisava erguer-Se nesse suplício autoimposto, apoiado nos cravos dos pés e dos pulsos.
Foi assim que Ele conseguiu proferir sete frases curtas durante as aproximadamente três horas em que permaneceu consciente na cruz (das 12h às 15h). Entre essas palavras está o perdão dado aos próprios algozes – “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” – e o brado de desamparo que revela a dimensão espiritual de Sua dor: “Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonaste?” (Mt 27,46), cuja frase tem inúmeras interpretações conseguintes.
A cada frase, sucedia-se um novo colapso do corpo, que voltava a pender, recomeçando o ciclo agonizante de asfixia. Conforme a tarde avançava, o pulso de Jesus tornara-se fraco e acelerado, sinal de que o coração lutava para bombear o pouco sangue restante. O choque hipovolêmico (pela hemorragia) e a falta de oxigênio sobrecarregavam Seu organismo em todos os níveis. A certa altura, Ele sentiu a frieza da morte se aproximar. Apesar do tormento, reuniu forças uma última vez. O Evangelho descreve que Jesus “deu um grande brado” antes de expirar (Lc 23,46) – possivelmente gritando “Está consumado!” (Jo 19,30) como proclamação de missão cumprida. Em seguida, num gesto sereno de entrega, murmurou: “Pai, em Tuas mãos entrego o Meu espírito.” Com essa frase final, inclinou a cabeça e rendeu o último suspiro (Lc 23,46)
Jesus morreu!
Um Sacrifício de Amor e Esperança. Para os cristãos, a narrativa do sofrimento de Cristo não termina na tragédia da morte, mas se transforma em esperança com a fé na Ressurreição no terceiro dia. No entanto, a crucificação deixou marcas indeléveis na memória da humanidade.
Séculos de reflexão espiritual têm buscado compreender o significado de tamanha dor inocente. “Pela sua paixão e morte na cruz, Cristo deu novo sentido ao sofrimento”, ensina a Igreja, pois desde então o sofrimento humano, quando unido ao de Jesus, adquire um valor redentor
sem medidas.
Portanto, eis o porquê de guardarmos a Sexta-feira Santa com respeito e dor.
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Fontes e Referências Principais:
godonthe.net
Edwards, W. D., Gabel, W. J., & Hosmer, F. E. On the Physical Death of Jesus Christ. JAMA, vol. 255, n.º 11, 1986, pp. 1455-1463. Estudo médico-forense clássico analisando a causa física da morte de Jesus (choque hipovolêmico e asfixia).
formacao.cancaonova.com
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“A dor da Crucifixão.” Canção Nova – Formação, 2014. Artigo de divulgação com descrição médica e espiritual da Paixão de Cristo, baseado nos estudos do cirurgião Pierre Barbet e outros pesquisadores.
godonthe.net
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Zugibe, F. T. The Crucifixion of Jesus: A Forensic Inquiry. New York: M. Evans, 2005. Análise forense dos aspectos fisiológicos da crucificação, incluindo a interpretação da saída de “sangue e água” do lado de Jesus.
ordem-do-carmo.pt
Catecismo da Igreja Católica. Libreria Editrice Vaticana, 1993, §1505. Ensino oficial da Igreja sobre o valor redentor do sofrimento de Cristo.
ordem-do-carmo.pt
Francisco de Assis (séc. XIII). Citado em Frases sobre a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ordem do Carmo. Reflexão espiritual de São Francisco sobre a Paixão de Cristo e a correspondência do fiel a tão grande amor.
godonthe.net
Cornélio Tácito. Anais XV, 44. Testemunho extra-bíblico (história romana) mencionando a crucificação de Cristo sob Pôncio Pilatos, confirmando a historicidade do fato.
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