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SEXTA-FEIRA SANTA: o sofrimento de Cristo sob a luz da medicina e da Fé

“Este relato é muito forte. Portanto, sugiro que pessoas que não tenham muito controle emocional não o leiam”. (MHL).

18/04/2025 às 10h49 Atualizada em 18/04/2025 às 11h25
Por: Mhario Lincoln Fonte: Facetubes
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Arte: MHL/GINAi
Arte: MHL/GINAi

 

Pesquisa: editoria de Biblioteconomia (Facetubes).
Redação final: Mhario Lincoln

 

"Para algumas as pessoas que não respeitam mais a Sexta-feira Santa, essas,  possivelmente, nunca ouviram falar, nem leram o que realmente aconteceu com o corpo físico de Jesus. Os relatos abaixo mostram o sofrimento real  e extremo de Jesus. Abaixo, uma reunião, em um só texto, de vários relatos de médicos, de evangelistas, manuscritos da época, inclusive até mesmo de pesquisas nunca dantes reveladas, para mostrar a realidade física de um Jesus que sofreu de tudo para mostrar ao Mundo o quanto tem amor pelos seus. Alguns relatos neste manuscrito estão "conforme o original", portanto, apenas reproduzido. Este relato é muito forte. Assim, sugiro que pessoas que não tenham muito controle emocional não o leiam. (MHL)".

*****

Em um momento silencioso, dentre os muitos, no Jardim do Getsêmani, Jesus de Nazaré enfrentou um terror indizível. O evangelista Lucas – ele próprio médico – relata que, em meio à angústia da oração, o suor de Jesus “tornou-se como gotas de sangue caindo ao chão” (Lc 22,44). A medicina moderna reconhece este fenômeno raríssimo como hematidrose, ou suor sanguinolento, desencadeado por estresse físico e emocional extremos​.

Trata-se do rompimento de finíssimos capilares das glândulas sudoríparas, fazendo o sangue misturar-se ao suor e escorrer pela pele. Casos documentados ocorreram em pessoas sob  choque emocional severo.

Jesus, naquele momento, sentia-se “carregando todos os pecados dos Homens” – um peso espiritual esmagador que, segundo a tradição cristã, abatia-O em profunda agonia.

Do ponto de vista médico, além de indicar o grau extremo de estresse, a hematidrose teria deixado Sua pele fragilizada e extremamente sensível​. Mal sabia o que ainda O aguardava: a noite de tormentos estava apenas começando. 

Após ser traído e preso, Jesus foi submetido a julgamentos injustos perante as autoridades religiosas judaicas e, em seguida, levado ao governador romano Pôncio Pilatos. Embora o historiador romano Tácito – um contemporâneo cético – confirme que Jesus foi condenado à crucificação sob o julgo de Pilatos​; nos Evangelhos, são encontrados detalhes vívidos de seu suplício. 

Pilatos, cedendo à pressão da multidão, ordenou que Jesus fosse flagelado. A flagelação romana era uma forma brutal de tortura preliminar: soldados despiram Jesus, amarraram-nO pelos pulsos a uma coluna de pedra e golpearam-nO repetidamente com um 'flagrum' – um chicote de várias tiras de couro equipadas com bolas de chumbo e fragmentos de ossos nas pontas​.

Dois verdugos revezavam-se, golpeando de ambos os lados do corpo. A cada açoite, a pele de Jesus – já enfraquecida pelas hemorragias microscópicas do suor de sangue – lacerava-se em tiras, abrindo cortes profundos. Os pedaços de metal e osso rasgavam músculos e vasos sanguíneos, fazendo o sangue jorrar​.

Após perda sanguínea e trauma, Jesus mal conseguia manter-Se em pé. Ele sentia tontura, náuseas, calafrios e um suor frio na fronte – sintomas clássicos de pré-choque circulatório​. “Ele foi castigado por nossos crimes, esmagado por nossas iniquidades; o castigo que nos salva pesou sobre Ele, fomos curados graças às Suas chagas”, dizia o profeta Isaías.

Jesus foi então vítima de escárnio pelos soldados romanos. Colocaram sobre Seus ombros uma veste púrpura e, em Sua cabeça, pressionaram uma coroa de espinhos. Esses espinhos longos e rígidos (possivelmente de acácia) penetraram o couro cabeludo, lacerando a pele altamente vascularizada da cabeça​.

Humilhado como um falso rei, com o “cetro” de caniço e a coroa cruel, Jesus foi apresentado por Pilatos à multidão – um homem despedaçado, mal reconhecível. Mas o clamor por Sua crucificação persistiu. Por fim, Pilatos lavrou a sentença: morte na cruz. Antes da execução, era costume forçar o condenado a carregar a própria cruz até o local do suplício. 

Assim, sobre os ombros já retalhados de Jesus os soldados colocaram a viga horizontal da cruz (o patibulum), peça de madeira maciça pesando cerca de 30 a 50 quilos​.

A parte vertical (o stipes) geralmente já ficava fincada no local da crucificação, no alto do morro do Gólgota. Descalço e debilitado, Jesus foi empurrado pelas ruas de Jerusalém, tropeçando no caminho irregular por cerca de 600 metros até o Calvário​.

De acordo com os Evangelhos, um transeunte chamado Simão foi constrangido a ajudá-Lo a carregar a cruz (Mt 27,32), o que indica que Jesus estava fraco demais para carregá-la sozinho​.

Cada queda no caminho agravava ainda mais Seus ferimentos: imagina-se que, ao cair de joelhos, Jesus machucasse ossos e articulações, e que a trave ao escorregar Lhe arrancasse pedaços de pele do dorso já em carne viva​.
 
A multidão O seguia, alguns com escárnio, outros em prantos (Lc 23,27). O próprio Jesus havia dito às mulheres que choravam: “Não chorem por mim” – talvez pressentindo que Seu sofrimento, por pavoroso que fosse, tinha um propósito maior. Chegando ao Calvário, por volta do fim da manhã, começou o ritual macabro da crucifixão em si. Os carrascos arrancaram de Jesus Sua túnica, mas o tecido estava empapado e grudado às feridas coagulentas em Sua pele. 

Ao puxarem violentamente Suas vestes, reabriram-se os cortes e arrancaram-se crostas aderidas – cada fio do tecido funcionou como uma atadura arrancada de uma chaga fresca​

A dor lancinante dessa retirada fez Jesus quase desfalecer, correndo risco de síncope​. Agora nu e tremendo, Ele foi deitado de costas sobre a madeira áspera. Os grãos de poeira e pedregulhos grudaram em Suas feridas úmidas de sangue​

Rapidamente posicionaram Seus braços sobre a viga horizontal, preparando-se para pregá-Lo na cruz. É difícil imaginar a dor dos cravos atravessando a carne. Os algozes provavelmente usaram cravos de ferro de aproximadamente 12 a 18 cm de comprimento e quase 1 cm de espessura, pontiagudos e quadrangulares. 

Em vez de perfurar as palmas das mãos (que não sustentariam o peso do corpo), os pregos foram cravados nos punhos de Jesus, penetrando logo acima do pulso. Com golpes brutais de martelo, eles atravessaram o músculo e rasgaram os tecidos até se fixarem na madeira​

O impacto destruiu parcial e dolorosamente o nervo mediano de cada braço​. Trata-se do principal nervo que inerva a mão; quando severamente atingido, provoca uma dor imediata, aguda e elétrica que irradia dos dedos até o ombro. A literatura médica descreve essa dor neurogênica como das mais insuportáveis que um ser humano pode sentir – a origem mesma da palavra “excruciante”, que vem do latim ex cruciatus (“fora da cruz”)​.

Normalmente, uma lesão dessas causaria desmaio instantâneo por choque neurogênico. No caso de Jesus, Ele permaneceu consciente, a enfrentar cada onda de agonia com extraordinária resistência​. Os cravos fixaram firmemente Seus pulsos ao patibulum, prendendo-O à cruz. Em seguida, os executores ergueram a viga com o corpo pendurado e a encaixaram no poste vertical já fincado no solo.

Houve um solavanco terrível quando a cruz foi colocada em posição – esse tranco deve ter dilacerado ainda mais os pulsos e deslocado ombros ou cotovelos sob o peso do corpo suspenso. A grande coroa de espinhos em Sua cabeça pressionava Seu crânio; ao ser encostado contra a madeira, os espinhos penetraram mais fundo, forçando Jesus a inclinar a cabeça para a frente para não encostá-la no madeiro​.

Por fim, Seus pés foram pregados: provavelmente sobrepostos um sobre o outro e transfixados por um último cravo, fixando Suas pernas à cruz. Cada martelada que pregou Seus pés certamente causou nova lesão nervosa e dor aguda percorrendo as pernas. Agora, crucificado de braços abertos, Seu corpo pendia, sustentado por três cravos que Lhe rasgavam os membros. Ao meio-dia, Jesus já estava pregado na cruz, exposto sob o sol abrasador. Seu corpo era “uma máscara de sangue”​ do couro cabeludo aos pés, cobria-O uma mistura de suor, poeira e sangue seco e fresco. 

A sede o consumia – Ele não bebia água desde a noite anterior. Com a brutal flagelação e a crucifixão, perdeu fluidos copiosamente (sangue e suor), ficando intensamente desidratado. Seus lábios rachados estavam ressequidos e Sua garganta ardia (Jo 19,28). Em meio à zombaria dos espectadores, Jesus exclamou: “Tenho sede!” (Jo 19,28). Um soldado embebeu uma esponja em vinagre – provavelmente o vinho azedo usado pelos militares – e ergueu-a até Sua boca numa vara​.

O líquido ácido pouco fez para aliviar Sua secura; possivelmente queimou-lhe os lábios e a garganta, agravando a tortura. Pairava então sobre o Gólgota um silêncio soturno, interrompido apenas pelos gemidos dos crucificados e pelos insultos dos presentes. Sobrevieram trevas inexplicáveis em pleno meio-dia (Lc 23,44). No corpo de Jesus, pendurado pelos braços, instalou-se um fenômeno agonizante. 

Com o passar dos minutos na posição de crucificação, vários espasmos musculares tomaram conta d'Ele: os músculos dos ombros e braços endureceram em câimbras tetânicas, os dedos das mãos curvaram-se em garra, os músculos peitorais e intercostais ficaram rígidos​. Este estado de contração muscular generalizada, semelhante ao tétano, é conhecido como tetania. Ele ocorre, em parte, por alterações eletrolíticas da perda de sangue e suor, e pela falta de oxigênio nos tecidos. 

A caixa torácica de Jesus estava sendo comprimida pela tração do Seu próprio peso para baixo. Seus braços estendidos para cima e para fora forçavam continuamente o tórax em posição de inspiração, impedindo a expiração normal. Assim, o ar entrava com dificuldade nos pulmões, mas não era expelido completamente – retinha-se nos pulmões e o dióxido de carbono acumulava-se no sangue​.

Jesus começou a sofrer de asfixia lenta. Sua respiração tornou-se curta e rápida, como a de um asmático em crise; Ele mal conseguia arfar. A falta de oxigênio tingia Sua pele – especialmente o rosto – de um tom azulado (cianose) depois de ruborizá-la em púrpura congesta​. Os pulmões inflados não conseguiam esvaziar-se: a sensação de sufocamento era aterradora​. Para não sucumbir imediatamente, Jesus precisava lutar contra a posição. E assim o fez: reunindo todas as Suas forças restantes, Ele ergueu Seu corpo para cima, apoiando-se no prego que trespassava Seus pés​

Num esforço sobre-humano, contraiu as pernas e impulsionou-se milímetro a milímetro para aliviar a tração dos braços. Esse movimento deve ter provocado dores inimagináveis – o cravo dilacerando Seus pés feridos, os nervos medianos dos pulsos roçando o metal e disparando pontadas lancinantes pelos braços. Mas esse sacrifício Lhe permitiu algo precioso: respirar um pouco mais fundo e falar. Cada vez que Jesus queria pronunciar alguma palavra, Ele precisava erguer-Se nesse suplício autoimposto, apoiado nos cravos dos pés e dos pulsos​.

Foi assim que Ele conseguiu proferir sete frases curtas durante as aproximadamente três horas em que permaneceu consciente na cruz (das 12h às 15h). Entre essas palavras está o perdão dado aos próprios algozes – “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” – e o brado de desamparo que revela a dimensão espiritual de Sua dor: “Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonaste?” (Mt 27,46)​, cuja frase tem inúmeras interpretações conseguintes.

A cada frase, sucedia-se um novo colapso do corpo, que voltava a pender, recomeçando o ciclo agonizante de asfixia. Conforme a tarde avançava, o pulso de Jesus tornara-se fraco e acelerado, sinal de que o coração lutava para bombear o pouco sangue restante. O choque hipovolêmico (pela hemorragia) e a falta de oxigênio sobrecarregavam Seu organismo em todos os níveis. A certa altura, Ele sentiu a frieza da morte se aproximar. Apesar do tormento, reuniu forças uma última vez. O Evangelho descreve que Jesus “deu um grande brado” antes de expirar (Lc 23,46) – possivelmente gritando “Está consumado!” (Jo 19,30) como proclamação de missão cumprida. Em seguida, num gesto sereno de entrega, murmurou: “Pai, em Tuas mãos entrego o Meu espírito.” Com essa frase final, inclinou a cabeça e rendeu o último suspiro (Lc 23,46)​

Jesus morreu! 

Um Sacrifício de Amor e Esperança. Para os cristãos, a narrativa do sofrimento de Cristo não termina na tragédia da morte, mas se transforma em esperança com a fé na Ressurreição no terceiro dia. No entanto, a crucificação deixou marcas indeléveis na memória da humanidade. 

Séculos de reflexão espiritual têm buscado compreender o significado de tamanha dor inocente. “Pela sua paixão e morte na cruz, Cristo deu novo sentido ao sofrimento”, ensina a Igreja, pois desde então o sofrimento humano, quando unido ao de Jesus, adquire um valor redentor​
sem medidas.

Portanto, eis o porquê de guardarmos a Sexta-feira Santa com respeito e dor.

 

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Fontes e Referências Principais:


godonthe.net
Edwards, W. D., Gabel, W. J., & Hosmer, F. E. On the Physical Death of Jesus Christ. JAMA, vol. 255, n.º 11, 1986, pp. 1455-1463. Estudo médico-forense clássico analisando a causa física da morte de Jesus (choque hipovolêmico e asfixia).
formacao.cancaonova.com

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“A dor da Crucifixão.” Canção Nova – Formação, 2014. Artigo de divulgação com descrição médica e espiritual da Paixão de Cristo, baseado nos estudos do cirurgião Pierre Barbet e outros pesquisadores.
godonthe.net

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Zugibe, F. T. The Crucifixion of Jesus: A Forensic Inquiry. New York: M. Evans, 2005. Análise forense dos aspectos fisiológicos da crucificação, incluindo a interpretação da saída de “sangue e água” do lado de Jesus.
ordem-do-carmo.pt
Catecismo da Igreja Católica. Libreria Editrice Vaticana, 1993, §1505. Ensino oficial da Igreja sobre o valor redentor do sofrimento de Cristo.
ordem-do-carmo.pt
Francisco de Assis (séc. XIII). Citado em Frases sobre a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ordem do Carmo. Reflexão espiritual de São Francisco sobre a Paixão de Cristo e a correspondência do fiel a tão grande amor.
godonthe.net
Cornélio Tácito. Anais XV, 44. Testemunho extra-bíblico (história romana) mencionando a crucificação de Cristo sob Pôncio Pilatos, confirmando a historicidade do fato.

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Fátima MeloHá 7 meses San Francisco, Califórnia O texto nos leva a refletir sobre as nossas próprias dores, tão ínfimas comparadas ao sofrimento que passou Jesus.
alcina maria silva azevedoHá 7 meses Campinas- SPEu não consegui ler o texto na íntegra, pois passei mal. É dilacerante a dor do nosso Jesus!
Joizacawpy Há 7 meses São luís Nenhum ser humano comum seria capaz de suportar esse suplício, contra tudo que poderia consumar sua morte antes da crucificação ele resistiu, concert3zs uma força sobre-humana nada comum. Desse modo tivemos o testemunho da santidade, sendo ocularmente acompanhado por muitos. A humanidade ainda precisa entender melhor o porquê de fato dessa dor descomunal.
Chiquinho França Há 7 meses São Luís O nosso conforto e esperança é que Deus é o criador de todas as coisas e sempre estará no controle de tudo! As vezes não sabemos porque ele permite a corrupção e a guerra humana, mas isso faz parte do mistério. Devemos continuar fazendo a nossa parte sempre amando as pessoas e promovendo o bem comum, assim certamente receberemos as bençãos de Deus!
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