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De Renata Barcellos, "MAÇONARIA: ainda um tabu a ser desmitificado"

Renata Barcellos é convidada da Academia Poética Brasileira.

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Renata Barcellos
13/07/2024 às 10h20
De Renata Barcellos, "MAÇONARIA: ainda um tabu a ser desmitificado"
Original da autora.

 

Renata Barcellos

Professora Pós-doutora em Letras e Literaturas (Fraterna) 

 

Sempre me intrigou o que, de fato, é a maçonaria. Parecia-me algo misterioso como muitos consideram. Algo secreto. Cercado de segredos irrevelados. Lugar de homens!!! Graças ao destino, ao longo da minha jornada, conheci meu esposo Raimundo Campos Filho, professor de Direito e maçom. Quando me revelou “maçom”, pensei: “ih, agora, entenderei este universo misterioso”. E, com o tempo, as idas a Brasília ao GOB (Grande Oriente do Brasil) o acompanhando às reuniões dos deputados, pude compreender do que, realmente, se trata a maçonaria, sua função social e o papel das cunhadas (esposas) e de suas participações em Fraternidades, pertencentes à FRAFEM (Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul atua em 3 níveis, dentro da Maçonaria: Nível Nacional - Nível Estadual e/ou Distrital - Nível de Loja Maçônica). Informações disponíveis em: https://www.gob.org.br/wp-content/uploads/Pr%C3%A1ticas-Adm-Frafem.pdf

Como 29 de junho, dia de São Pedro, a loja Godofredo Viana nº 1474-GOB, do qual meu esposo é membro completa 69 anos, diante dos preparativos para comemoração e pelo fato de o assunto ainda ser um tabu, decidimos redigir sobre a temática, a fim de trazer alguns esclarecimentos. Urge desmistificarmos a maçonaria. É preciso que haja interesse em se tornar maçom. Termo este cuja etimologia é do francês "maçom" e significa pedreiro. Primeiro, é necessário entender: maçonaria não é uma religião, ceita... Conforme O Grande Oriente do Brasil (GOB), (a mais antiga instituição maçônica brasileira), maçonaria é uma “instituição essencialmente filosófica, filantrópica, educativa e progressista” cujos membros professam os princípios de igualdade e de fraternidade. Seu objetivo é “a investigação da verdade, o exame da moral e a prática das virtudes”. Tem como princípio basilar: Deus, pátria e família. Ser maçom é realizar práticas de auxílio a um irmão (qualquer pessoa que precise de algum tipo de apoio). Os maçons se chamam entre si de irmãos. As esposas são cunhadas e os esposos delas são cunhados.

Para ser candidato, um dos quesitos é ter uma crença em Deus, independentemente da religião. Segundo o GOB, a prática maçônica tem como objetivo “unir os homens entre si” e "admite em seu seio pessoas de todos os credos religiosos sem nenhuma distinção." Entre os seus princípios, destacam-se a liberdade, igualdade e fraternidade. Além disso, a maçonaria tem como objetivo a verdade, exame da moral e a prática das virtudes. Assim, para tornar-se maçom, além de uma religião definida, da permissão da esposa para o ingresso, dever também ser livre e de bons costumes, ter consciência de sua pátria, de seus semelhantes e de si mesmo, ter uma profissão ou ofício lícito e honrado que lhe permita prover a sua família e a instituição.

As maçonarias estruturam-se em lojas (unidades de base) que, reunidas, formam a jurisdição do Grande Oriente do Brasil do Estado (de cada Estado) e federam-se ao Grande Oriente do Brasil (sede Brasília, atuação simbólica). Nos graus elevados, a coordenação é do Supremo Conselho de cada rito (filosófico). Seus membros formavam uma hierarquia a partir de graus: aprendiz, companheiro e mestre. Dependendo do cargo, como o caso de Venerável (o mais alto da plenitude maçônica) para exercê-lo deve ser mestre maçom; além dos demais cargos da Loja e deputados. Atualmente, no mundo, aproximadamente, existem 6 milhões de integrantes espalhados pelos 5 continentes. Destes, 3,2 milhões (58%) nos Estados Unidos, 1,2 milhão (22%) no Reino Unido, 1,1 milhão (20%) no resto do mundo. No Brasil, são aproximadamente 211 mil maçons regulares (2,7%) e 4.700 Lojas.

A forma maçônica contemporânea surgiu na Inglaterra no século XVIII e expandiu-se por vários países. A maçonaria chegou ao Brasil no ano de 1797, com a Loja Cavaleiros da Luz, na Bahia. Logo após, mais lojas foram criadas no Rio de Janeiro. A existência de atividades maçônicas só se comprovou no território brasileiro a partir de 1801, no Rio de Janeiro, com José Bonifácio de Andrada e Silva, que se tornaria o primeiro grão-mestre do Grande Oriente do Brasil (GOB) em junho de 1822, com papel importante na articulação da Independência. Nesse período havia considerável quantidade de padres maçons. Em uma data posterior, o segundo grande acontecimento do Brasil: a Proclamação da República, realizada pelo Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil: Marechal Deodoro da Fonseca. Antes da Proclamação da República é justo destacar a missão de Duque de Caxias (Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho e Grão-Mestre Honorário do Grande Oriente do Brasil) para manter a unidade do Império, impedindo de se transformar em várias repúblicas. O Grande Oriente do Brasil foi e é de grande importância para o país. Segundo o pesquisador Adelino de Figueiredo, autor de NOS BASTIDORES DO MISTÉRIO: "O Grande Oriente do Brasil foi durante mais de um século, o manancial inesgotável onde o Império e a República recrutavam alguns dos mais insignes estadistas. Entre os 12 presidentes da Primeira República, oito foram maçons: Deodoro da Fonseca, Prudente de Morais, Campos Sales, Rodrigues Alves, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca, Venceslau Brás e Washington Luís. Deodoro e Nilo Peçanha chegaram ao posto de grão-mestre do GOB. 

A implantação de um Estado laico, separado da Igreja Católica, efetivada pela Constituição de 1891, era uma antiga reivindicação maçônica. O conflito entre a Igreja católica e a maçonaria atingiu proporções intensas com a chamada Questão Religiosa na década de1870, levando a um confronto entre a Coroa imperial e a Igreja, com repercussões no período republicano. Em 1888, o grão-mestre do GOB, João Alfredo de Oliveira, chefe do gabinete ministerial que decretou a Lei Áurea. A maior parte dos maçons eram pessoas pouco conhecidas que viviam em capitais ou cidades do interior das províncias, como advogados, comerciantes, militares e funcionários. Com este breve histórico acerca da maçonaria, podemos concluir que estão entre nós no quotidiano. Exercem os mais diferentes papéis sociais. Lutam pela “ordem e progresso”. Almejam uma sociedade melhor onde homens de diferentes credos, cor... possam conviver de forma igualitária e terem seus direitos e dignidade garantidos.

As esposas “cunhadas” são fundamentais para incentivarem os maçons a continuarem na luta por dias melhores. Também têm esse papel: participam de fraternidade criada na loja do seu esposo “denominado no meio de irmão ou cunhados, como se identificamos”, para fortalecer as colunas e ampliar as atividades filantrópicas realizadas. Por exemplo, com a tragédia no Rio Grande do Sul, a presidente da FRAFEM RS, Roberta Argenta Kappel, em entrevista ao Programa Pauta Nossa, no dia 13 de junho de 2024: “O fraternar está sendo posto em prática. O auxílio dos cunhados e das fraternas está sendo muito importante neste momento, porque está conseguindo suprir em um primeiro: as necessidades e, em um segundo, limpar os locais não mais submersos [...] se não fosse as doações e a união do gaúcho não se conseguiria se reerguer”. Entrevista disponível em: https:youtube.com/live/ETGs_LL8DKw?si=tWV__QF2yX13aoVA.

Conforme Maria Helena Lima de Almeida (Ex-Presidente da FRAFEM DA PARAÍBA e vice-presidente da FRAFEM Nacional), “as fraternas e cunhadas lutam pela valorização e fortalecimento da FAMÍLIA dentro do GOB”. Gostaria de registrar aqui minha admiração a ela e a Jussane Guimarães (Ex-presidente da FRAFEM Nacional) pelo belíssimo trabalho realizado. Quantas fraternidades foram criadas e paramaçônicas. Quantos momentos agradabilíssimos de acolhida enquanto os esposos Deputados Federais estavam nas reuniões. A gestão mudou e as boas práticas precisam e devem ser mantidas como estar de atividades voltadas para as fraternas e cunhadas. Helena e Jussane contagiaram muitas hoje presidentes nacionais a realizarem excelentes trabalhos como vem sendo a do Rio de Janeiro: Nivia de Oliveira Santos e a de Brasília: Alda Leal. Como bem disse Roberta, é preciso “FRATERNAR” sempre! Sermos solidários e resilientes! Termos compaixão. A maçonaria luta por isso. Seja um maçom ou fraterna também!!! O mundo clama por dias e pessoas melhores. Inspirem-se!!! Abaixo o tabu contra a maçonaria!!! Desmistifique-a!!! Incentive os filhos a serem Demolay!!! Acreditemos no potencial desta geração do novo milênio! Devem ingressar e desbravarem novos caminhos nesta instituição. Urge oxigenar o ofício de maçom e das fraternas para novas ações serem implementadas e resultados sejam efetivos cada vez mais. Por uma sociedade mais solidária.

 

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Raimunda Pinheiro de Souza FrazãoHá 9 meses São José de Ribamar Gostei das informações! Obrigada!
ANTONIO GUIMARÃES DE OLIVEIRA Há 10 meses São Luís Muito bom seu texto, já tinha profunda admiração por minha confreira, agora recobrou por seu minha cunhada, esposa de nosso irmão Campos. Parabéns pela beleza de sua lavra.
Leimar OliveiraHá 10 meses Rio de Janeiro/RJParabéns pelo texto minha Cunhada! Precisamos cada vez mais marcar nossa posição e desmistificar o que se pensa e diz sobre a Ordem, evitando preconceitos e separações desnecessárias. Unir sempre, separar nunca!
Jonilson BogéaHá 10 meses São Luís - MA Excelente texto! Parabéns minha Cunhada Renata Barcellos, é de extrema importância esclarecer ao publico em geral o que faz a nossa Sublime Ordem Maçônica!!! Ass: Jonilson Bogéa.
Zica SantosHá 10 meses São Luís MaTexto autêntico, comadre Barcelos.
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