Educação inclusiva?
Renata Barcellos (BarcellArtes)
Este dias, participei da excelente jornada de docentes: V LEPELL (Laboratório de Estudo de Práticas Educativas em Língua Portuguesa e Literatura), no V Simpósio Temático com o título PRÁTICAS COM TEXTOS MULTIMODAIS. Fui apresentar minha prática pedagógica com o uso de TIKTOK nas aulas de Literaturas. E pude aprimorar minhas práticas com os relatos de colegas da área.
Antes da minha exposição, apresentaram-se dois professores que abordaram o desenvolvimento de crianças e adolescentes atípicos: Catia de Luziete Thomazinho Borges e Nícolas Avelino da Silva. Foi um verdadeiro deleite e orgulho verificar que há aqueles que fazem a DIFERENÇA. Esforçam-se, inovam, usam a criatividade para que os alunos (cada qual dentro de suas características) possam desenvolver-se. Discorreram sobre seus desafios diários e suas conquistas. Levaram materiais didáticos para termos conhecimento. Tudo feito com muita dedicação. PARABÉNS AOS COLEGAS!!!
Foi um momento diferenciado, porque não havia na programação outro relato de experiência sobre a mesma questão. Com a exposição deles, constatamos o quão nós professores estamos despreparados e como em encontros pedagógicos quase não se abordam os atípicos. Urge capacitação dos docentes!!!
A cada dia, as escolas recebem mais laudos. Pais exigem seus direitos. Diretores, professores e funcionários em geral não são preparados. Em turmas numerosas, o que e como fazer com os atípicos? Essas questões são o grande dilema da educação atual. Diante disso, de fato, há educação inclusiva? Por exemplo, existe a LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015: Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência: Estatuto da Pessoa com Deficiência (https://www.cnmp.mp.br/portal/images/lei_brasileira_inclusao__pessoa__deficiencia.pdf).
De acordo com o Art. 27, a educação constitui “direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem”. Mas quem está em sala de aula tem consciência da realidade: trata-se da maior EXCLUSÃO. Os alunos estão ali. Mas não há inclusão. Professores despreparados, muitas vezes, alunos praticando Bullying, definido: todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima.
É preciso que não só a comunidade escolar domine os documentos e as legislações embaçadores da Política de Educação Inclusiva no Brasil mas também de toda a sociedade. Só assim será possível a efetivação das orientações e inclusão dos alunos atípicos. As licenciaturas devem capacitar os futuros professores.
Principais dispositivos:
LEIS
Constituição Federal de 1988: Educação Especial
Lei nº 9394/96: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBN
Lei nº 9394/96: LDBN – Educação Especial
Lei nº 8069/90: Estatuto da Criança e do Adolescente – Educação Especial
Lei nº 8069/90: Estatuto da Criança e do Adolescente
Lei nº 10.098/94: estabelecimento de normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências
Lei nº 10.436/02: Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências
Lei nº 7.853/89: CORDE – Apoio às pessoas portadoras de deficiência
Lei Nº 8.859/94: alteração dos dispositivos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977, estendendo aos alunos de ensino especial o direito à participação em atividades de estágio
Lei nº 12.764: Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
Além das leis, há decretos e portarias. Entretanto, é preciso serem postos em prática. Só, assim, será possível haver EDUCAÇÃO INCLUSIVA.
Uma proposta pedagógica: projeto “Quem sou eu?” Um dos grupos escolheu como personagens o casal principal do livro: Dom Casmurro e Capitu. Duas alunas fizeram a interpretação: uma delas surda e a outra ouvinte, mas com conhecimento de LIBRAS, a Língua Brasileira de Sinais. Elas encenaram em LIBRAS enquanto o intérprete dizia para a turma o que elas queriam comunicar. Esse é um momento no qual ratificam como nossas expectativas em relação às práticas sempre podem ser superadas.
Para esta breve reflexão, concluiremos com a pesquisadora Mônica A. M. d’Almenery (pós-graduanda em Neuropsicopedagogia, pós-graduanda em Letramento, Leitura e escrita, pós-graduada em Tecnologia da Educação e Educação a Distância, pós-graduada em Psicopedagogia com Ênfase em Educação Especial, pós-graduada em Língua Portuguesa, pós- graduada em Literatura Contemporânea e graduada em Letras. Atualmente, é Professora orientadora no Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado - NAPES na SEEDUC/RJ e Designer Instrucional):
“Você sabe o que é inclusão escolar? Para uma grande parte da sociedade é quando um(a) estudante deficiente frequenta a sala de aula junto com os não-deficientes, simplesmente para socializar. Entretanto, este(a) aluno(a) quer mais do que isso, quer aprender! E acredite ele(a) pode sim! Infelizmente nem todos os professores estão preparados, mas existe uma minoria que corre para fazer a diferença focando na adaptação. A adaptação de materiais didáticos é também uma releitura para a realização de uma nova abordagem pedagógica. Trata-se do mesmo conteúdo sendo tratado de forma lúdica e prazerosa. Isso é muito importante para os estudantes com deficiência auditiva que tem a Língua Portuguesa como 2ª língua, a 1ª é a Libras, e também para os intérpretes de Libras que precisam ter uma parceria com os docentes das turmas. Além da Língua Portuguesa, existe ainda a Literatura, bicho-papão no Ensino Médio, com textos enormes e muitos com uma linguagem rebuscada, etc. , mas ela deixa de ser assustadora quando trabalhamos com histórias em quadrinhos, que fica muito mais próxima do mundo atual e globalizado em que vivemos. Trabalhar as grandes obras em forma deste gênero literário, ainda facilita a compreensão porque trabalha múltiplas linguagens, e é divertido!”
VIVA A INCLUSÃO!!! ABAIXO A EXCLUSÃO!!!
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