Terça, 21 de Janeiro de 2025
18°C 28°C
Curitiba, PR
Publicidade

Natal, fim de ano letivo e … Limites: ainda há?

Renata Barcellos é colaboradora da Plataforma do Facetubes. Este texto concorre ao Prêmio Expertise. Atingiu 4 mil acessos até 27.03.2025, ganha!

Mhario Lincoln
Por: Mhario Lincoln Fonte: Renata Barcellos
18/12/2024 às 09h00 Atualizada em 18/12/2024 às 09h15
Natal, fim de ano letivo e … Limites: ainda há?
Foto original do texto.

 

Renata Barcellos (BarcellArtes)

 

Mais um ano findando. Lojas ornamentadas para o Natal. Hora de reflexão. Quem está em sala de aula encerra mais um ciclo de inúmeros desafios. É preciso RESILIÊNCIA para continuar. Muitos percalços encontrados no meio do caminho estão relacionados a 3 palavras: educação, empatia e limites. Se as pessoas soubessem distingui-las, o mundo não estaria em colapso com mais de 8 bilhões de habitantes. O meio ambiente está em situação de degradação devido a diversos fatores, como o aumento da população mundial, a crise climática e a ação humana. Como reverter esta situação? Eduque seu filho!!! Se faça presente!!! Você é a autoridade!!! Repreenda para não ser violentado!!! Ouça e posicione-se!!! 

Segundo Campos, pôr limites é “um ato de amor, uma forma de ensinar a criança a viverem sociedade”. Assim, Misson nos pontua que o conceito/ensinamento de limites inicia-se ainda na infância pelo exemplo dentro da família. Com base nisso, de acordo com Sumia Bechara (pedagoga), a família é: “o primeiro meio de convivência social e por isso precisa ensinar e ser exemplo de regras. Todos os familiares precisam estar envolvidos”. Entretanto, não é isso constatado hoje na maioria das crianças e jovens. Quem está em sala de aula tem propriedade para ratificar isso. A FAMÍLIA é a mola propulsora. Precisa EDUCAR, DAR LIMITES!!! 

Há séculos o filósofo Pitágoras já proferiu: “Educai as crianças para que não seja necessário punir os adultos”. Estamos assistindo ao nosso redor inúmeros exemplos disso. Pensem no presente, no passado e sobretudo no nosso futuro!!! Como será o convívio com os INDISCIPLINADOS? Relação familiar, acadêmica, profissional.... URGE REFLEXÃO!! Segundo o pediatra Daniel Becker, "é o ritmo de vida que destrói e descarrila a vida. Então ficamos tão cansados que achamos que merecemos fazer do nosso tempo livre apenas descanso, em detrimento de também vivenciarmos os laços emocionais com nossos filhos. Por isso, entregamos nossos filhos a entretenimentos estúpidos e solitários, porque estamos exaustos demais para investir em seus corações".  Educar dá trabalho!!! Eterno aprendizado!!!

O planeta está agonizando e os envolvidos em instituições de ensino (da Educação Básica à Superior) estão padecendo. O número de licenças por doença e o de aposentadoria só aumentam a cada dia. Há décadas, a saúde dos professores não vai bem no Brasil. Isso é fato e está ratificado no livro "Precarização, Adoecimento & Caminhos para a Mudança. Trabalho e saúde dos Professores", entre outros. A obra demonstra que o Burnout, estresse e a depressão são as maiores causas por professores da rede pública e privada. Depois aparecem os distúrbios de voz e os osteomusculares (lesões nos músculos, tendões ou articulações).

Quanto à depressão, para a psicóloga Rute Borges (autora do livro lançado este mês Depressão X Poder), Quinet nos afirma que a depressão não é uma entidade clínica ou um sintoma, mas um estado do sujeito que se caracteriza por dor, tristeza e falta de vontade.  Portanto, o sofrimento emocional dos professores, não está na escola e nem nos alunos, está na própria pessoa, essa situação é só a gota d'água que faltava para transbordar o copinho. De acordo com Winnicott, a depressão ‘traz dentro de si mesma o germe da recuperação’. Assim, A depressão é ‘o ponto de partida para construir uma nova história de vida, os acúmulos de todos os pontos que a faz sofrer, são germes que vão recuperar ou não’. E, por fim, para Carl G. Jung ‘Tudo depende de como vemos as coisas e não de como elas são”.

Além dessas causas, segundo levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, (OCDE), o Brasil lidera o ranking mundial de agressões contra os professores. Muitos declararam já ter sofrido algum tipo de agressão em sala de aula, seja agressão física, seja agressão verbal. De acordo com o Censo Escolar do INEP de 2017, o Brasil tem dois milhões e duzentos mil professores. Dois a cada três professores brasileiros já pediram afastamento por motivo de saúde. Assustador!!! Mas REALIDADE.

De acordo com professores, o ensino é estressante devido às más condições de trabalho: alta carga horária, conflitos com alunos, violência e falta de estrutura. E ainda há o assédio moral. Estive em uma viagem recente e conheci uma professora em licença devido ao estresse consequência do abuso de poder por parte da direção. Muitos pensam que o cargo é vitalício e... desrespeitam o outro. De acordo com Michele Brito (Psicoterapeuta junguiana e medicina germânica), “hoje em dia, os locais mais comuns deste tipo de abuso estão no ambiente de trabalho. Onde o mundo capitalista e o corporativo exploram o trabalhador em funções além daquelas determinadas previamente. Um simples exemplo do que pode ser um abuso psicológico escondido, ou difícil de perceber é quando você diz para alguém não fazer tal coisa. A pessoa vai lá e faz. Isso é abuso. Quando você diz NÃO e mesmo assim a pessoa faz - isso é abuso. Por exemplo: se você fala para alguém: ‘Não coloque essa caneta neste lugar’. A pessoa vai lá e coloca, isso é abuso. Existem situação que filho ou filha abusam dos pais de forma psicológica e velada. De mães em relação ao filhos, amigas em relação a outra amiga….. enfim, é algo que deve ser olhado com cuidado”. É preciso dizer e saber ouvir NÃO!!! Respeitar quando o outro NEGA e não permite algo.  Não, é preciso; calar é aceitar!!!

Como se diz a função “subiu à cabeça”. Consideram-se DEUS? A famosa “fogueira da vaidade” está cada vez mais entre nós. Isso é histórico. Vejamos: Como a vaidade consiste em se considerar SER SUPERIOR. Trata-se de um dos pecados capitais. Segundo o teólogo São Tomás de Aquino, o orgulho era um pecado tão grande que deveria ser tratado em separado dos outros tipos. Um exemplo de “fogueira da vaidade” é na vida acadêmica. Muitos pesquisadores se julgam os detentores do conhecimento e do poder. Se consideram os “donos da verdade”. Só participam de eventos se forem o centro das atenções, se estiverem na programação em destaque. Há (até mesmo) casos de apropriação da pesquisa de orientandos. Tudo tem limites!!! É preciso assistir a outras pessoas com o mesmo objeto de estudo ou diferentes. Outro exemplo: em um texto a ser publicado, não só se pode como também se deve mencionar outros estudiosos. Urge entender o texto como múltiplas vozes. O texto é de sua autoria mas há outras pessoas tecendo considerações a respeito do tema tratado também.  

A vaidade cega, adoece. Segundo Juarez Firmino, “a vaidade é lenha na fogueira do orgulho”. As pessoas perdem o discernimento. Precisamos cultivar e emanar boas energias para termos bons fluidos de retorno. É preciso FRATERNAR como dizem as cunhadas (esposas de maçons). De acordo com Nivia de Oliveira Felix (Presidente da Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul-GOBRJ), a função social da Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul é “em geral, a de promover o bem-estar da coletividade através da filantropia e do voluntariado, atuando junto à sociedade na defesa dos direitos universais do trabalho, da dignidade humana e da igualdade entre homens e mulheres, sempre respeitando a livre manifestação do pensamento e praticando a tolerância. Por isso, a frase inspiradora da sua gestão é “JUNTAS, SOMOS MUITO MAIS FORTES!” Com certeza, sem apoio, não há fraternidade!!!

Para finalizar, duas reflexões: primeiro da psicóloga Fernanda da Cruz: “Hoje, você não coloca limite porque é um bebê. Amanhã, porque é uma criança muito pequenininha ainda. Depois de manhã porque ele não sabe o que está fazendo. Daí, daqui uns anos você deixará de castigo, vai gritar, falar que ele não toma jeito, como se a culpa fosse do seu filho. É disso que você deve ter pena, não de colocar limite”. Em toda relação, é preciso LIMITES!!!! Isso é AMOR! Muitas vezes, ouvimos os pais perguntarem: “Ah, mas não tem algum remédio pra tomar? Essa criançada parece que nasceu diferente”. Com eles nada, a questão são hoje a forma como os pais “estragam” os filhos. Para Leo Fraiman (psicoterapeuta, escritor e palestrante): “Tem um remédio muito bom chamado 'vergonha na cara'. Os pais e mães devem tomar uma gotinha de vergonha na cara todos os dias, por estarem humilhando os filhos dando tudo; facilitando tudo; dando acesso a tudo; dando carteirada nos professores... Porque no lugar de criar um filho para que seja uma águia, os pais criam uma gaiola dourada para o filho virar um periquito. Preso! Refém do narcisismo deles”. 

2024 ..., pensem nisso!!! A sociedade está agonizando. Isso começa na primeira instituição da qual fazemos parte: FAMÍLIA. E, infelizmente, já se estendeu para a segunda: ESCOLA.

 

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
JaimeHá 1 mês BSB/DFTema para se parar e refletir bastante. PARABÉNS!!!
Priscilla Cordolino SobralHá 1 mês SalvadorTexto Maravilhoso! ????????????????
Domício M. MacielHá 1 mês São Luís-MARenata Barcellos nos traz um tema muito relevante da atualidade. É fundamental que as crianças sejam educadas a viver em sociedade, a partir da boa convivência em sua célula mater: a família. A autora, a partir de vários pensadores e estudiosos, desde a antiguidade clássica, pontua muito bem a importância de a Educação começar em casa.
Ray Brandão Há 1 mês São Luís Maranhão Um texto extremamente necessário para pais e professores! Precisamos refletir sobre e agir urgentemente contra esses graves problemas que vivemos hoje. Esse texto é um grito de alerta! Parabéns Renata Barcelis!! ????????????????????????
Mostrar mais comentários