RENATA BARCELLOS
A palavra "biblioteca" tem origem grega, mais precisamente no termo "bibliothéke". Este é composto por "biblion", cujo significado é "livro", e "theke", sentido de "depósito" ou "caixa". Assim, "bibliothéke" significava o "local de depósito de livros". Essa palavra grega foi adaptada para o latim como "bibliotheca" e, posteriormente, para o português como "biblioteca". Elas remontam à Antiguidade, com exemplos em civilizações como a Mesopotâmia e a Grécia. A sua origem é marcada pela necessidade de registrar e preservar o conhecimento, inicialmente, em forma de tábuas de argila, rolos de papiro e pergaminho.
Vejamos as bibliotecas ao longo da história:
Mesopotâmia (cerca de 4000 a.C.): as primeiras bibliotecas conhecidas eram compostas por coleções de tábuas de argila com escrita cuneiforme, armazenadas em locais como templos e palácios.
Grécia Antiga: a Grécia também teve um papel importante no desenvolvimento das bibliotecas, com a criação da Biblioteca de Alexandria e outras bibliotecas particulares e públicas, como as de Eurípedes, Aristóteles e Teofrasto.
Império Romano: os maiores acervos encontrados datam dos séculos VII e VIII a.C, nos quais surgiram as grandes bibliotecas da Antiguidade. Entre elas, se destaca a Biblioteca de Alexandria. No ano de 280 a.C. a 416 a.C. Esta reuniu o maior acervo de cultura e ciência da Antiguidade sendo considerada a mais famosa e importante na época. Chegou a milhões de volumes. Foi um dos principais centros de conhecimento da antiguidade e desempenhou um papel fundamental na preservação e transmissão do conhecimento.
Idade Média: Com o surgimento de ordens religiosas, como os mosteiros e conventos, as bibliotecas passaram a desempenhar um papel importante na preservação da cultura greco-romana. Elas preocupavam-se com a preservação da antiga cultura greco-romana e mantinham seu acervo fechado ao público. As bibliotecas universitárias surgiram neste período.
Renascimento: a invenção da imprensa contribuiu para o desenvolvimento das bibliotecas, que passaram a ser mais acessíveis e a abrigar uma maior variedade de materiais. Assim, entre os séculos XIII e XV, há o surgimento das bibliotecas universitárias, a livre circulação de livros, o estabelecimento de um padrão de organização do acervo e a consolidação da figura do bibliotecário como disseminador de conhecimento.
Idade Moderna e Contemporânea: com a evolução da sociedade e o desenvolvimento tecnológico, as bibliotecas passaram a desempenhar um papel mais amplo na disseminação do conhecimento. Assim, tornando-se centros de aprendizagem e informação para todos os cidadãos. No século XVII, as bibliotecas ganharam relevância pública e social, com acervos gerais de livros e aberta (gratuitamente) ao público em horários regulares. O final da Segunda Guerra Mundial trouxe o computador e a informática para facilitar o trabalho nas bibliotecas.
As funções das bibliotecas são diversas e vão muito além do armazenamento de livros. Elas atuam como espaços de estudo, pesquisa e conservação de informações, além de serem importantes para o desenvolvimento intelectual, a promoção do conhecimento e a preservação da cultura. Também possuem função educativa, cultural, recreativa e social. Em resumo, as bibliotecas são espaços multifuncionais que contribuem para o desenvolvimento individual, social e cultural, desempenhando um papel fundamental na sociedade. A seguir, exemplos de algumas bibliotecas contemporâneas:
Biblioteca Astolfo Marques: não há um registro certo sobre a data de criação da Biblioteca. Mas já se falava em um acervo desde a Criação da Oficina dos Novos, no caso, desde 1908 quando a AML foi fundada. O acervo atualmente conta com, em média, 15 mil títulos. Houve uma reforma estrutural e reinauguração em 15 de abril de 2025. Funciona de segunda a quinta-feira, 8h às 12h - 13h às 16h e sexta-feira 8h às 12h.
BIBLIOTECA PÚBLICA BENEDITO LEITE: criada em maio de 1831, é a segunda biblioteca mais antiga do País. Depositária da memória bibliográfica e documental do Maranhão. Entre os principais serviços e ações em desenvolvimento, destacam-se projetos de incentivo à leitura, acessibilidade em bibliotecas públicas, a coordenação do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas do Maranhão, da Rede de Bibliotecas Faróis do Saber, programa de conservação, preservação e digitalização do acervo, telecentro, exposições temáticas, visitas guiadas, atendimento ao escritor maranhense, coordenação do Escritório de Direitos Autorais, lançamento coletivo de obras maranhenses, biblioteca digital, aplicativo próprio de consulta e reserva de acervo, transcrição de manuscritos, digitalização de acervo raro, formações, inclusão digital e social, atendimento a pessoas com deficiência. Na gestão de Aline CARVALHO DO NASCIMENTO (bibliotecária, Especialista em Leitura e Formação de Leitores, em Gestão de Programas e Projetos e MBA em Gestão Pública. Foi bibliotecária concursada da UFMA, Mediadora de Leitura do Instituto de Cidadania Empresarial do Maranhão, Professora da Sapion Educação e Professora Substituta do Departamento de Biblioteconomia da UFM) foram realizadas estas atividades: Biblioteca na Rede. Cinema na Biblioteca, Catálogo 100 anos de José Chagas. Catálogo História da Academia Maranhense de Letras contada a partir do acervo da BPBL. Exposições diversas, autorais e em parcerias. Formação de espaços de leitura em unidades de socioeducação e em presídios.
BIBLIOTECA WALTER NOGUEIRA: neste ano de 2025, comemora-se 61 anos da Biblioteca Walter Nogueira e 31 anos do tombamento do prédio, uma casa colonial datada de 1797, restaurada em 1964, pelo pintor Adail Bento Costa, localizada à Praça Pedro II, no coração da cidade. Funciona de segunda à sexta, de 8h às 17h com atendimento ao público leitor, pesquisador e visitantes com visitas guiadas para escolas das redes públicas estaduais e particulares. Hoje, possui um acervo de 25.000 volumes com 3.000 leitores registrados, dente eles: a frequências de leitores desde sua fundação em 1964 e alguns desses, hoje, escritores como poetas e pesquisadores com publicações, cujas obras são encontradas nesta mesma biblioteca. Seu nome é em homenagem ao Walter Nogueira (1915 – 1979): professor, escritor, conferencista, poeta, comentarista, crítico literário, redator, corretor e relações públicas. Inaugurou, com a ajuda de amigos, a primeira Biblioteca de Cabo Frio no prédio do atual Ismar Gomes, com a presença de escritores e poetas paulistas e fluminenses.
CASA DE CULTURA JOSUÉ MONTELLO (CCJM): a partir de uma doação feita pelo próprio escritor, em escritura pública, em 14 de março de 1983, incluindo obras bibliográficas, documentais e museológicas, surge a biblioteca especializada no escritor modernista. O acerco é constituído por coleções de obras da biblioteca particular do escritor Josué Montello, acrescentando-se do acervo museológico e documentos pessoais que formam o Arquivo. A CCJM destina-se a promover e apoiar estudos, pesquisas e trabalhos, nas áreas da literatura, ciências sociais, história, geografia, enfim, das manifestações artísticas e culturais do Estado, além de guardar e preservar a documentação referente à vida e obra do escritor maranhense.
Desde 2007, na gestão da casa, está Joseane Souza (bibliotecária, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da UFMA). Segundo ela, a biblioteca tem “aproximadamente 35.000 livros, o museu pessoal Josué Montello com 42.000 documentos sobre a vida e obra do escritor e o museu com 3.000 peças. E é de grande importância para a sociedade por ser responsável pela guarda, preservação e divulgação da memória literária de um dos maiores romancistas maranhense, sendo um espaço disseminador da cultura e da literatura, e o único local de pesquisa com acervos sobre a vida e obra do escritor Josué Montello, disponível para subsidiar estudos, pesquisas e trabalhos. Sendo de grande importância para a memória literária brasileira”. Rede social: (@cjosuemontello).
Bibliotecas itinerantes de um Ponto de Cultura: hoje, um Ponto de Cultura habilitado pelo MinC, sediado na Academia Inclusiva de Autores Brasilienses, ponto esse composto de vários acervos de diferentes entidades formando a Biblioteca do Ponto de Cultura, no formato domiciliar e itinerante. O livro autoral Revolucionando Bibliotecas e a criação de uma Biblioteca Pública Braille na cidade deu origem a esse trabalho, há 30 anos. A primeira a compor esse modelo inovador de Biblioteca, já registrada pelo MinC – Ministério da Cultura, como Ponto de Cultura, a partir da data de criação da mesma, 30/03/2021, foi batizada como Biblioteca da AIAB. A segunda Biblioteca veio de uma forma legalizada. Em 2018, foi recriada a AJEB DF, Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil, coordenadoria Distrito Federal, entidade essa, presente em todo o país. Na Diretoria de Cultura e Projetos foi solicitado que os livros recebidos de novas AJEBianas que ingressam e tomam posse ficassem sob guarda dessa diretoria. Hoje, esse acervo, ocupa uma das partes de estante enorme que ocupa toda a parede da sala. Com isso, a Biblioteca da AJEB DF veio se juntar à Academia Inclusiva de Autores Brasilienses cujo membro fundadora é Dinorá Couto Cançado. AIAB (da qual sou membro também) já possui a Biblioteca Braille Dorina Nowill que este ano de 2025 comemora 8 anos, uma das primeiras bibliotecas inclusivas. . Vale destacar a Lei Brasileira de Inclusão (LBI): Lei nº 13.146/2015).
Projeto Santa Leitura: Uma Biblioteca a Céu Aberto: neste mês de Junho, completa 15 anos de muito trabalho. Com um trabalho intenso e uma visão inspiradora, Estella Cruzmel é a idealizadora deste projeto. De acordo com ela, a importância do Santa Leitura é “gigantesco, é um período que a criança está se dedicando ao livro e à arte além disso afasta a criança do celular e mundo das drogas. Desde junho de 2010, o projeto Santa Leitura tem se dedicado a cultivar o hábito da leitura entre crianças e adolescentes, ajudando a diminuir a crescente distância social. O projeto começa ou no bairro Ipiranga, em Belo Horizonte e, após dois anos, se expandiu para Castanheiras, Sabará, MG e Taquaril, Belo Horizonte, onde mantém uma parceria com o padre João Stasz, da Obra Social São Gabriel. No Castanheiras, uma biblioteca comunitária infantojuvenil foi estabelecida, proporcionando um espaço seguro e estimulante para a prática da leitura. A sede do projeto está localizada no bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, onde são realizados encontros mensais”.
Atividades e Eventos: - uma vez por ano, o projeto organiza o "Santa Leitura", na Carolina do Sul, EUA. E também participa anualmente das comemorações da Semana de Arte Aldravia, na cidade de Mariana, MG. Futuro do Santa Leitura: até o final de 2025, o projeto planeja inaugurar o "Santa Leitura, Café e Arte", voltado para a terceira idade. O objetivo é mostrar ao público idoso que a leitura pode ser uma ótima companhia.
*Contatos* - Instagram: Santa Leitura.Estella Cruzmel - Facebook: Santa Leitura: Uma Biblioteca a Céu Aberto - E-mail: [email protected]
A partir desses exemplos, urge a conscientização quanto à lei de educação literária, especificamente a Política Nacional de Leitura e Escrita (PNLE): lei nº 13.696/2018. Esta visa promover o livro, a leitura, a escrita, a literatura e as bibliotecas de acesso público no Brasil. Também estabelece diretrizes para fortalecer o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas e promover o estímulo à leitura e ao conhecimento. E a lei Lei nº 12.244 de 24 de maio de 2010, conhecida como Lei da Universalização das Bibliotecas Escolares, estabelece que todas as instituições de ensino do país (públicas e privadas) devem desenvolver esforços progressivos para ter bibliotecas com um acervo mínimo de um título por aluno. Esta também estabelece a necessidade de um profissional bibliotecário para cada biblioteca.
Além disso, estes espaços devem estar abertos durante os turnos de funcionamento das unidades escolares. E os professores das diversas áreas do conhecimento precisam estimular a leitura das diversas obras. Só assim haverá letramento literário e, consequentemente, um país leitor. Finalizamos com um pensamento: “A leitura opera milagres na vida das pessoas!” Dinorá Couto Cançado