Cidade em ruínas
Fernanda Figueiredo
Os casarões de São Luís, estão em ruínas. Um patrimônio histórico de valor inestimável. São Luís foi reconhecida como Patrimônio Cultural Mundial pela UNESCO, em 1977. É lamentável à situação dos casarões históricos, conjunto arquitetônico único. Na sua maioria, revestidos de azulejos portugueses, datados dos séculos XVIII e XIX.
Pasmem! Alguns casarões, sobrados e outras casas de meia morada (porta lateral e duas janelas), encontram-se com as fachadas de azulejos e nada mais. Outros, literalmente castigados com o tempo, tombaram em razão das chuvas. Não somente. Existe forte indício do descaso das autoridades, dos Órgãos competentes, do Poder Público.
Quem circula pelo centro histórico, tem que andar no meio da rua, tal o risco iminente de cair algum casarão em cima de sua cabeça. Moradores e turistas, alertam para esse abandono do conjunto histórico, arquitetônico e paisagístico.
São cerca de quatro mil imóveis desse importante patrimônio histórico, singular, belíssimo. Por certo, grande parte em completo abandono. Não há vontade política de resolver essa situação. Dói saber que esse conjunto de importância histórica esteja jogado ao limo. Nossa história vai embora, se desvai, pela incompetência, inoperância, dos governos, do IPHAN, que parece não ter iniciativa para dirimir o problema.
São Luís, única cidade fundada por franceses, colonizada por portugueses, possui o segundo maior conjunto de azulejos, depois de Lisboa. Tanto, que é conhecida como cidade dos Azulejos. Berço dos poetas, escritores, muitos dos quais residiram nesses casarões históricos, como Aluísio de Azevedo, Humberto de Campos e outros tantos.
São Luís, possui uma das ruas mais bonitas do Brasil, segundo a Revista Vogue, que é a Rua do Giz, que está semana teve um casarão que veio abaixo.
É alegado que muitos desses sobrados, são de estrangeiros, que compram e retornam aos seus países de origem e os deixam em total abandono. Outra justificativa das autoridades, é que os casarões, envolvem herança. Os herdeiros sem condições da manutenção, deixam em total desproteçao, disponíveis para usuários de drogas, ao saque, e outras mazelas. Deve ter uma saída jurídica.
Outras cidades históricas são exemplos de preservação, como Ouro Preto, Parati, Olinda. São Luís, que tem uma posição geográfica privilegiada, com vista para o mar, com muitas ladeiras, poderia ter vocação para o turismo, infelizmente, não é o que acontece.
Os turistas que a visitam ficam muito pouco na cidade. Já conhecida como cidade das ruínas. Porta de entrada de um dos cenários mais belos do mundo, que são os Lençóis Maranhenses, São Luís é evitada por muitos turistas, que preferem ir direto para Barreirinhas e Santo Amaro.
São Luís, cantada em verso e prosa, outrora Athenas Brasileira, guarda muita história, foi nesse casario colonial que residiram famosos poetas.
O poeta José Chagas dizia:
"São Luís se mostra à vida para quem queira ou não queira,
Como coisa consumida, em luz, em glória, em poeira.
E nunca se mostra igual
nem é só uma, são três: Mistura de Portugal e Holanda, em sonho Francês."
Como publicou meu irmão Fran Figueiredo ('in memoriam'), "São Luís vive hoje ao sabor (ou dissabor) do tempo. Não do tempo que agrega e constrói, que marca e incorpora; que envelhece e fascina, mas do tempo que desgasta e corrói, destrói e abate, pouco a pouco os marcos culturais de sua rica e fastigiosa história. Do tempo que desgasta e entristece... "